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terça-feira, 8 de março de 2011

O desenvolvimento do país é possível sem Educação?

Euforia econômica, democracia estável e melhoria social. Estamos a caminho de virar uma potência? A resposta passa pela Educação.

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Há não muito tempo - nos anos 1980, para ser mais preciso -, se o Brasil pudesse se olhar no espelho, enxergaria o reflexo de um país subdesenvolvido. Inflação galopante (inacreditáveis 1.782% em 1989), um sistema político frágil e índices sociais alarmantes (para ficar em um exemplo da Educação, uma em cada cinco crianças entre 7 e 14 anos estava fora da escola). Hoje, a imagem é outra. Preços sob controle (inflação de 5,9% no ano passado), democracia consolidada, crescimento recorde (previsão de alta de 7,5% no Produto Interno Bruto em 2010, maior valor desde 1986) e melhoria nos indicadores sociais (a taxa de atendimento dos 6 aos 14 anos subiu para 97,6%, em 2009).

Está na cara que o país avançou. Mas quanto? Já não é tão fácil definir que tipo de país somos. Será que a confiança se justifica e, finalmente, chegou a vez do "país do futuro"? Ou ainda estamos distantes de ingressar no seleto time das nações desenvolvidas?

Se avaliarmos o momento atual com um olhar histórico, não dá para negar que o cenário é positivo. No estudo A Pequena Grande Década: Crise, Cenários e a Nova Classe Média, da Fundação Getulio Vargas (FGV) do Rio de Janeiro, o economista Marcelo Cortes Neri mostra que, além do crescimento econômico, os índices recentes apontam a diminuição do fosso entre as classes sociais. Entre 2003 e 2008, a renda per capita dos 10% mais ricos aumentou 3,9% ao ano, enquanto a dos 10% mais pobres subiu, anualmente, 9,6%. Como resultado, 19 milhões de brasileiros saíram da pobreza. "Poderíamos chamar a primeira década do terceiro milênio como a da redução da desigualdade de renda, da mesma forma que a década de 1990 foi a da conquista da estabilidade, a de 1980, a da redemocratização, e a de 1970, a do crescimento", escreve Neri em Atlas do Bolso dos Brasileiros.

Mas o otimismo não é unanimidade. Em artigo para a revista Exame CEO, o economista Eduardo Giannetti classifica as elevadas taxas de crescimento de 2010 como um ponto "fora da curva". Segundo ele, o Brasil já vivenciou bons ventos no passado - a euforia desenvolvimentista do governo de Juscelino Kubitschek, entre 1956 e 1961 (crescimento do PIB de 8% ao ano), e o "milagre econômico", entre 1968 e 1973 (elevação anual do PIB de 10%) -, mas que não foram convertidos em uma prosperidade duradoura.

A preocupação expressa por Giannetti faz sentido. Para evitar que esse enredo volte a se repetir, nosso país tem de estar preparado para absorver os aumentos de demanda. Explicando melhor: quando um país cresce, ou seja, quando cada vez mais gente tem mais dinheiro para gastar, indústrias e empresas precisam produzir mais. Para fazer isso, os empreendedores necessitam, basicamente, de dois tipos de capital: o físico, relativo à infraestrutura (energia, máquinas e instalações adequadas), e o humano (braços e mentes para o trabalho). Quando a produção não acompanha o aumento da procura por determinado bem ou serviço, os problemas se multiplicam: déficit na balança comercial (situação em que as importações superam as exportações, pois não é possível encontrar o produto no Brasil), inflação (como aumenta a competição pela compra, os comerciantes podem cobrar mais) e os gargalos do crescimento (o que já ocorre na aviação civil - em aeroportos como o de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, as companhias requisitam, a cada hora, 12 pousos e decolagens a mais do que a capacidade máxima de operação).

Nesse ponto, Giannetti e Neri concordam que o caminho do desenvolvimento passa, inevitavelmente, pela Educação. Para suprir uma demanda cada vez maior e mais sofisticada, é fundamental qualificar a mão de obra. Se desejamos seguir a trajetória dos países de primeiro mundo, precisamos aumentar o número de pessoas com formação técnica e superior. Um desafio e tanto, já que menos de um terço da população brasileira possui graduação ou curso técnico, índice muito inferior à média de 44% da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que reúne as nações mais desenvolvidas do planeta.

Fonte: Revista Escola

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