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terça-feira, 2 de agosto de 2011

A inovação além da ideia. Especial Inovação com Chris Trimble - 2

Chris Trimble é Professor na Tuck School of Business, da Dartmouth University, e coautor dos best-sellers "O outro lado da inovação" e "Os 10 mandamentos da inovação estratégica". Apresentou suas ideias no Fórum HSM de Inovação e Crescimento. No segundo artigo do Especial Inovação sobre sua passagem pelo Brasil, trechos da entrevista exclusiva concedida ao Mundo do Marketing.

“Se eu tiver de apontar um só aspecto para fazer a implantação da inovação bem-sucedida, eu diria que é a existência de uma parceria real entre o grupo dedicado à inovação e o motor de performance.” (performance engine é como Trimble identifica a parte da empresa que cuida das operações do dia a dia, da operação principal da empresa.)

Segundo Trimble, para que essa parceria aconteça é indispensável o envolvimento do executivo principal. Trimble acredita na importância desta interferência do CEO – em reuniões frequentes – para manter saudável a relação entre inovação e operação nas empresas. Basicamente, o que acontece quando o CEO não está presente, acompanhando de perto essa implantação das ideias inovadoras, é o desequilíbrio de forças, com resultados previsíveis.

Por mais que o grupo de inovação seja dotado de recursos e liberdade, a operação principal responde pelas receitas, as metas e pelos empregos das pessoas; e essas são forças que, num eventual conflito de interesses entre inovação e operação, farão pender a balança, prejudicando ou matando a iniciativa de inovação. “A operação vence, toda e cada vez, 100% das disputas. Não há variação nesse resultado. Por isso é tão importante que o CEO esteja perto, lembrando as razões para valorizar a inovação.”

A preocupação da operação com seus interesses imediatos muitas vezes inviabiliza iniciativas com qualquer risco potencial à fonte de receita: “Naturalmente, quem iria querer vender por 100 dólares algo que está vendendo por 200? Mas no longo prazo, isso pode ser um problema” - na medida em que outra empresa tenha interesse pelos 100 dólares por unidade.

O problema é que por este medo da canibalização, muitas vezes as empresas perdem o mercado onde atuam – e não são capazes de retomá-lo. “No longo prazo você pode perceber que não tem escolha, mas no curto prazo, é uma opção muito difícil de ser feita” - completa. “Naturalmente existem esses e outros riscos no processo de inovação – até porque uma das características fundamentais da inovação é definida por “unknown results” – ou seja, inovar é tomar uma ação a qual não sabemos antecipadamente os resultados.

Há ainda o risco de causar problemas a um grande cliente fornecendo a ele um produto ainda não plenamente provado, e isso pode causar estragos à marca. Todos esses riscos são reais, mas podem ser gerenciados – jamais sem o envolvimento direto do executivo chefe.

Durante toda a entrevista, assim como havia feito em sua palestra, Trimble enfatizou o indispensável papel do CEO ou executivo principal no apoio direto às iniciativas de inovação. Perguntei a ele, então, se haveria esperança de inovação para uma empresa com um CEO pouco envolvido no processo. A resposta de Trimble foi imediata e não deixou dúvidas: “No. Absolutely none.”

Sobre o momento atual de destaque para as iniciativas de inovação em diversos países: “Inovação é uma questão fundamental em qualquer país hoje, indistintamente.” Ainda assim, reconhece que seus amigos (ele vive em Dartmouth, New Hampshire, aprox. 200 km de Boston) têm uma visão diferente do que é fazer uma conferência no Brasil: “Você ouve coisas como 'divirta-se, aproveite', quando na verdade negócios são negócios em qualquer lugar do mundo. Mas a verdade é que eu queria ter trazido minha família nesta viagem; outros compromissos não permitiram, mas certamente faremos isso em outra oportunidade”.

Ainda sobre os países emergentes, diz Trimble: “Acredito numa nova tendência em inovação, que é a 'Reverse Innovation' – justamente o título do livro que estou escrevendo agora; em breve vai mudar o papel dos países em desenvolvimento no cenário mundial da inovação. Nem todos os meus colegas estão convencidos disso, mas é uma ideia que vem sendo cada vez mais considerada.”

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