Em entrevista ao Administradores, o estrategista falou sobre a importância do aprendizado coletivo para o desenvolvimento das companhias
Reconhecido mundialmente como um dos principais nomes do pensamento  estratégico, o norte-americano Peter Senge costuma se definir como um  idealista pragmático. Na prática, há quem o defina como utópico, pecha  que ele rebate relativizando: "depende do que se define como utópico",  afirma. E emenda: "nem sempre, o utópico é o impossível".
Autor  do badalado livro "A quinta disciplina", Senge dedicou boa parte do seu  trabalho ao estudo da aprendizagem dentro das companhias. Para ele,  empresas que têm a capacidade de aprender continuamente e fomentar o  aprendizado coletivo entre seus colaboradores conseguem mais resultados.  E esse aprendizado, segundo ele, se dá a partir do engajamento de todos  os níveis da hierarquia organizacional, com todos assumindo um  compromisso com o trabalho em vez de, simplesmente, aceitarem uma ordem.  E é justamente isso que alguns críticos apontam como utópico.
Para  Senge, no entanto, isso é perfeitamente possível, desde que todos  tenham consciência de que não cabe às companhias persuadir as equipes de  nada. Aos líderes, compete a tarefa de dar meios para que todos  analisem e se decidam pelo engajamento ou a mera aceitação. "Não é  função da empresa convencer as pessoas. Bons administradores criam  espaço e oportunidade para que as pessoas trabalhem juntas, de forma  eficaz", afirma.
E o estrategista reforça que as pessoas tendem,  sim, a ser simpáticas ao coletivo em detrimento do individual. "Seres  humanos são seres sociais. Naturalmente, somos indivíduos também. Mas  todo mundo sabe que seu bem estar depende das suas redes e da  colaboração", afirma.
Economia colaborativa | "Seres humanos são seres  sociais. Naturalmente, somos indivíduos também. Mas todo mundo sabe que  seu bem estar depende das suas redes e da colaboração"
 
E é, inclusive, na economia colaborativa (a chamada wikieconomia ou  wikinomics) que Senge vê as melhores possibilidades de desenvolvimento  do aprendizado em conjunto. "Quando você tem uma economia que requer  cooperação, há o cenário ideal para ver como todos funcionam juntos",  explica.
Nesse tipo de cenário, acredita Senge, é possível  desenvolver melhor a capacidade de confiança no próximo, o que – para o  aprendizado e crescimento em conjunto – é algo fundamental.
"Confiança  é uma coisa complicada. Pode até parecer que na vida basta ser  simpático com o colega e pronto, é assim que se convive. Mas é quando há  uma relação de confiança real que nós podemos questionar um ao outro e  empurrar o outro, levá-lo realmente a aprender", afirma Senge.
Em  momentos de crise, então, tudo isso ganha um papel ainda mais  importante, na visão do estrategista. "É ainda mais importante se  desenvolver a colaboração", defende Senge.  "Aprender e ter eficácia na  colaboração é uma estratégia vital para sobreviver nas economias de  hoje", afirma.
Fonte: Administradores
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