Gigante da internet teme cerco de propriedade intelectual ao seu sistema Android
No que o CEO do Google, Larry Page, definiu como “um fortalecimento do portfólio de patentes para nos permitir dar ao Android uma melhor proteção contra ameaças anticompetitivas”, a gigante da internet anunciou a compra da fabricante de celulares Motorola Mobility por US$ 12,5 bilhões (R$ 20 bilhões).
Android é o nome do sistema operacional de distribuição livre para smartphones – celulares com acesso à internet – criado pelo Google e adotado por vários fabricantes, incluindo a própria Motorola. Na Coreia do Sul e em Taiwan, cerca de 80% dos smartphones usam o sistema do Google. No mundo, a fatia de mercado é de 48%, de acordo com o relatório Canalys de 1° de agosto.
A compra da Motorola está sendo vista como uma reação do Google ao movimento de outras gigantes da tecnologia, como Microsoft e Apple, no sentido de adquirir antigas patentes que podem ser aplicáveis ao setor de telefonia móvel – uma estratégia que o Google denunciou como tentativa de inviabilizar as plataformas de software "open-source", como o próprio Android.
“Patentes foram criadas para encorajar a inovação, mas vêm sendo usadas como arma para impedi-la”, escreveu, no blog oficial do Google, o vice-presidente jurídico da empresa, David Drummond.
Recentemente, um consórcio encabeçado por Apple e Microsoft comprou milhares de patentes relacionadas à telefonia celular da empresa Nortel Networks, por US$ 4,5 bilhões (R$ 7 bilhões). No início do ano, outro consórcio, formado por Apple, Microsoft, Oracle e EMC, havia adquirido patentes da companhia Novell. Essa operação sofreu restrições da autoridade antitruste dos Estados Unidos.
A guerra da tecnologia de comunicação móvel está sendo travada por meio de patentes, explica reportagem da Associated Press, porque “o sistema de patentes dos Estados Unidos permite... cobrir cada mínimo detalhe, como o modo pelo qual os ícones se posicionam na tela... empresas podem possuir direitos de propriedade intelectual sobre os movimentos do dedo” que fazem o telefone funcionar.
Ao analisar a aquisição – que ainda depende de parecer favorável das autoridades – a revista Technology Review, do MIT, chama atenção para o fato de que cada vez mais pessoas acessam a internet por meio de dispositivos móveis, e que ao decidir apropriar-se da Motorola, o Google pode estar seguindo o exemplo da Apple, que demonstrou a vantagem de controlar o hardware na hora de definir qual será a “experiência de internet” do usuário.
Em sua nota, o CEO Larry Page busca sanar as dúvidas de outros fabricantes de celulares que também adotaram a plataforma Android. “Essa aquisição não muda nosso compromisso de administrar o Android como uma plataforma aberta”, escreveu ele. “A Motorola continuará a ser uma licenciada do Android, e o Android continuará aberto. Administraremos a Motorola como um negócio separado”.
O consultor Chetan Sharma, ouvido pela Technology Review, acredita que, com a aquisição, o Android poderá chegar a ser o sistema de 70% ou 75% de todos os smartphones vendidos. O Google publicou, na internet, frases de outros fabricantes que usam o Android manifestando apoio à aquisição. Entre os citados há representantes da Sony Ericsson, LG e Samsung.
A Motorola também é uma grande produtora de conversores para TV por assinatura, e com a aquisição o Google assume uma posição importante na provável transição da distribuição desse tipo de conteúdo para a internet.
Fonte: Inovação
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