Nos últimos meses, o ministro das Comunicações Paulo Bernardo Silva teve bastante trabalho. A nova regulamentação da ANATEL para a banda larga está gerando polêmica; e no fim de outubro foi aprovada a nova medida que estipula que as operadoras deverão garantir, em média, 60% da velocidade contratada. Ou seja, se antes as empresas vendiam 10 Mega e entregavam apenas 1 Mega, agora, isso não pode mais acontecer.
Fora isso, ainda há a abertura do mercado de TV por assinatura para empresas de telefonia e provedores de internet, os leilões 4G, que devem acontecer até o final de abril de 2012, e a adoção da TV Digital no país.
Com tantos projetos pela frente, o Olhar Digital resolveu conversar com o ministro para saber o que a população pode esperar para os próximos anos e qual o cronograma dos projetos e regulamentações. Leia a íntegra da entrevista a seguir.
Olhar Digital - O  diretor de regulamentação da Oi, Paulo Mattos, colocou à mesa algumas  críticas relacionadas ao novo regulamento da ANATEL para a banda larga.  Ele disse que entregar mais velocidade vai exigir mais investimentos que  serão, como quase sempre, repassados para o consumidor. Como o senhor  vê isso?
Ministro Paulo Bernardo - É  natural que elas reclamem, mas acreditamos que nenhum custo será  repassado ao consumidor por uma simples questão de mercado e  concorrência. O que nós não podemos é continuar aceitando que as  empresas vendam uma conexão de 10 Mega, por exemplo, e entreguem 1 Mega.  A partir de agora, as operadoras serão obrigadas a entregar toda a  qualidade do serviço que venderem ao consumidor. Além disso, o  investimento na ampliação e modernização das redes é muito importante  para as empresas também.
Os Regulamentos de Gestão da Qualidade do  Serviço de Comunicação Multimídia, que começarão a valer em novembro de  2012, determinam que a velocidade mínima de conexão entregue pelas  empresas deverá ser de 20% da velocidade contratada pelo cliente - a  prática atual do mercado é garantir apenas 10%. Além disso, esse  percentual aumentará para 30% e 40% nos anos seguintes.
Já a velocidade média mensal não deverá ser  inferior a 60% da contratada. Este percentual também vai aumentar a  cada ano, até chegar a uma média mensal de 80% da velocidade contratada  em 2014. As regras valem para internet fixa e móvel.
OD - Se os  clientes das empresas não alterarem seus contratos, as concessionárias  não serão obrigadas a obedecer o plano de metas, mantendo a atual  prática de apenas 10% da velocidade contratada disponível. O que o  Ministério pretende fazer quanto a isso?
PB - O ministério e a Anatel, além é claro dos órgãos de defesa do consumidor, vão divulgar amplamente as novas regras.
OD - Já há datas  claras de leilões de 4G? Há um compromisso brasileiro de levar conexão  4G aos estádios e disponibilizar a tecnologia já na Copa do Mundo? Qual o  cronograma atual para isso?
PB - O edital para o  leilão de frequências 4G para serviços de telecomunicações sem fio  ficará pronto nas próximas semanas. O leilão vai acontecer até o final  de abril de 2012. O próprio edital deve trazer exigências para que as  empresas tenham serviços 4G disponíveis nas cidades-sede da Copa das  Confederações, em 2013, e nos demais municípios que receberão jogos da  Copa do Mundo, em 2014.
OD - Podemos  esperar um grande crescimento na oferta e queda de preço, agora que o  mercado de TV por assinatura foi aberto para as empresas de telefonia e  provedores de internet? 
PB - Com certeza, a  previsão é que haja um número grande de novas empresas atuando nesse  mercado. Nos grandes municípios haverá uma disputa por clientes e isto  tende a se refletir nos preços e na qualidade. E, no interior, além das  grandes empresas, existem muitas pequenas empresas querendo oferecer o  serviço.
OD - O senhor  comentou que o projeto que regula a TV a cabo vai, por outro lado,  incentivar que as próprias empresas do setor concorram na telefonia.  Haverá queda no preço dos telefonemas? 
PB - Sim, nós acreditamos  que a oferta de pacotes de serviços convergentes, como telefonia, banda  larga e TV por assinatura, deve incentivar novos investimentos no setor.
OD - Recentemente  foi dito que o ministério tentaria fazer alguma coisa para reduzir  determinados custos de telefonia, sobretudo nos eventos internacionais,  como a Copa do Mundo. O que pode ser feito para reduzir o custo desse  tipo de serviço?
PB - Uma das coisas que eu  acho fundamental para esses eventos, além de nós termos boa  infraestrutura, bons estádios, é a comunicação. Serão mais de três  bilhões de pessoas assistindo os jogos principais da Copa, por exemplo.  Então, nós precisamos encontrar maneiras de reduzir o valor cobrado  pelos serviços de comunicação.
Nós estamos conversando com diversos países  da América Latina, buscando mecanismos de cooperação e discutindo a  construção de novos cabos de transporte de dados, como uma maneira de  reduzir o custo de forma definitiva e não apenas durante a Copa.
Além disso, recentemente nós demos um passo  importante para baratear o custo das chamadas, que foi a aprovação pela  Anatel da redução da tarifa cobrada nas ligações fixo-móvel.
OD - Como anda a adoção da TV Digital? A partir de quando o padrão digital vai ganhar impulso de fato no país?
PB - Até o final do ano,  todas as 400 geradoras de TV já terão autorização para operar em sinal  digital. Isso quer dizer que a emissora vai poder realizar transmissões  digitais e analógicas, ao mesmo tempo, até que o sinal analógico seja  definitivamente desligado, em 2016. O próximo passo no processo de  digitalização da televisão no Brasil é a mudança para as retransmissoras  (RTVs). O prazo para que as RTVs iniciem o processo de consignação no  MiniCom termina no próximo ano, mas 1.700 já deram início ao processo,  num universo de 6.000 emissoras em todo o Brasil.
Fonte: Olhar Digital
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