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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Latino-americanos 'são os mais preocupados com aquecimento', diz pesquisa da BBC

Os latino-americanos se disseram os mais preocupados com o aquecimento global, em uma pesquisa da BBC realizada com 24 mil pessoas em 23 países. No levantamento, feito pela empresa GlobeScan, 86% dos chilenos e brasileiros disseram considerar a mudança climática "um problema muito sério". A diferença é que, enquanto 2% dos brasileiros consideram que este não é "em absoluto um problema sério", essa resposta não chegou a pontuar entre os chilenos.

Na região, costarriquenhos (83%) e mexicanos (81%) deram sequência à lista. Fora da América Latina, este nível de preocupação só foi demonstrado nas Filipinas (83%) e na Turquia (81%).

Já nos dois países que lideram o ranking das emissões de gases que causam o efeito estufa, China e Estados Unidos, a seriedade do problema foi considerada menor.

Na China, 57% dos entrevistados disseram que a mudança climática é "um problema muito sério", e essa resposta foi a escolha de apenas 45% dos americanos.

Os EUA são também o país onde mais entrevistados consideram que as mudanças do clima "não são em absoluto um problema sério" - 12%.

Sacrifícios
A pesquisa é divulgada no dia em que começa, em Copenhague, uma conferência da ONU que ambiciona avançar em direção a um acordo para substituir o Protocolo de Kyoto, de redução de emissões de gases que causam o efeito estufa. O acordo expira em 2012.

Sobre as estratégias a serem seguidas pelos chefes de Estado na conferência, a pesquisa apontou que 53% dos brasileiros querem que o país adote um papel de liderança para combater o problema o mais rápido possível - mas 12% dos brasileiros acham que o país não deve concordar com nenhum acordo internacional.

O percentual dos que se opõem a um acordo no Brasil, que se assemelha a níveis paquistaneses, só fica atrás da oposição nos EUA, onde 14% dos americanos se opõem a um acordo e 46% acham que o país deve assumir um papel de liderança.

O apoio é muito mais claro na Grã-Bretanha (62%), Canadá e Quênia (61%), França, Japão e Austrália (todos 57%).

A pesquisa também quis medir o apoio da opinião pública a iniciativas de combater a mudança climática, ainda que isso tenha um custo econômico.

Nesse quesito, os chineses se destacaram: 89% consideram que seu país deve fazer investimentos para combater a mudança climática, ainda que isso tenha um custo para a economia do país.

No Quênia (77%), na França (75%), no México (71%) e na Grã-Bretanha (70%) o apoio também foi alto.

Esse nível de apoio caiu no Brasil (62%) e, nos Estados Unidos (52%), dividiu as opiniões quase ao meio.

Opinião e ação
Para o analista de América Latina da BBC, James Painter, "os resultados desta pesquisa estão em linha com os resultados de outras pesquisas recentes".

Ele lembrou que o Brasil sempre ocupa um lugar elevado em relação à preocupação do clima, e que o México também sempre demonstrou disposição em agir para combater a mudança climática.

"Entretanto, uma coisa é que as pessoas expressem que isto ocorra. O que não sabemos é quantos estariam preparados para fazê-lo se isto fosse afetar os seus bolsos", disse Painter.

Para o analista, o alto grau de conscientização latino-americano em relação à mudança climática pode ser explicado pelo destaque que o tema ganhou na imprensa regional, a forte presença de organismos e organizações ambientais nestes países, a ênfase que os governos colocam em políticas ambientais e os fenômenos climáticos - como secas e cheias fora de época - que aproximaram o problema dos latino-americanos.

"Entretanto, é preciso destacar que existem variações significativas entre os países latinoamericanos", afirmou James Painter.

"Não surpreende que a Costa Rica - que está na vanguarda das políticas verdes - manifeste um alto grau de preocupação. Mas se a pesquisa tivesse incluído o Peru, a Bolívia, o Paraguai ou o Equador, o índice de consciência ou preocupação com o tema poderia ter sido menor."
As entrevistas da pesquisa foram feitas entre os dias 19 de junho e 13 de outubro. Entre os brasileiros, o levantamento ouviu 835 pessoas entre 2 e 14 de julho em oito capitais de Estado.


Fonte: Ultimo Segundo

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