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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Enquanto um ri, outro chora

O que levou Edward Whitacre, presidente do conselho da GM, a derrubar Fritz Henderson do posto de CEO mundial da montadora

montagem sobre foto de AP Photo/Paul Sancya - Bill

O histórico recente de confusões da General Motors, marcado por queda espetacular das vendas e pedido de concordata, ganhou um novo capítulo na semana passada. O presidente mundial da empresa, Fritz Henderson, foi demitido na terça-feira 1º após um período de apenas oito meses à frente do cargo. A cadeira de CEO será interinamente ocupada por seu algoz, Edward Whitacre, presidente do conselho de administração do Grupo GM. "Eram necessárias mudanças para continuar a reestruturação", justificou Whitacre.

Henderson assumiu o posto no final de março, no lugar de Rick Wagoner, defenestrado por ordem do próprio presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, insatisfeito com sua incapacidade em liderar a recuperação da empresa. Henderson até que tentou imprimir um ritmo mais vigoroso no processo de reestruturação. Colocou à venda divisões deficitárias (Saab, Saturn, Buick, Pontiac e Hummer), fechou concessionárias e demitiu milhares de trabalhadores nos Estados Unidos e na Europa. Apesar disso, a GM continuou derrapando. Em meados de novembro, enquanto a Ford Motor Company divulgou um lucro trimestral de quase US$ 1 bilhão, Henderson reuniu a imprensa e os analistas para comunicar um prejuízo de US$ 1,2 bilhão. E ainda celebrou os números: "Os resultados de hoje são prova dos sólidos alicerces que estamos construindo para a nova General Motors", disse à época.

O executivo também entrou em rota de colisão com a cúpula do grupo ao insistir na venda da Opel, subsidiária europeia da GM. A transação foi abortada no início do mês passado, segundo comenta-se, por ordem expressa de Whitcare. Na avaliação do consultor Wim van Acker, sócio-diretor da The Hunter Group, o fracasso de Henderson era previsível. "Tratava-se de um executivo com grande intimidade com a área financeira, mas com um conhecimento limitado do mercado automotivo", disse Acker à DINHEIRO. Formado na prestigiosa Universidade de Harvard e com passagem por subsidiárias importantes como a do Brasil, Henderson nunca foi identificado como alguém que tem "gasolina nas veias". Nos 25 anos em que atuou na GM, ele se tornou refém do que a "cultura GM" tinha de pior: a sensação de autossuficiência pelo fato de ser a maior montadora do planeta. Ele nunca foi o executivo dos sonhos de Whitacre, ex-comandante da gigante AT&T, do setor de telecomunicações. Segundo analistas americanos, a intenção de Whitacre é colocar no comando da GM um executivo recrutado no mercado.

A demissão de Henderson gerou um mal-estar no quartel-general da montadora, em Detroit. Uma jovem que se apresentou como Sarah Henderson, filha do ex-presidente, postou uma mensagem malcriada e cheia de palavrões na página de recados que a GM mantém no Facebook. Antevendo dificuldades para preencher o cargo, Whitacre deixou claro que seguirá em frente com os ajustes. O alvo prioritário é a combalida Saab, que será vendida ou simplesmente fechada até o final do ano. Diante desse quadro delicado, a pergunta que se coloca é a seguinte: A GM tem salvação? "Difícil responder", pondera o consultor Acker. "Os analistas americanos apostam que sim, enquanto os japoneses não acreditam nesta hipótese." O tempo dará a resposta.

Fonte: IstoÉ Dinheiro

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