Há dez anos, o israelense Dov Moran inventou o aparelhinho que mudou o conceito de mobilidade no mundo. Agora, aparece com uma nova criação. Ela será tão revolucionária como a anterior?
Em 1998, o israelense Dov Moran foi convidado a fazer uma apresentação a um grupo de investidores em Nova York. Ao subir ao palco sob os aplausos da plateia, o fundador da empresa de chips de memória para celular MSystems, prontamente colocou seu notebook em cima da mesa. Mas, para sua surpresa, o equipamento não ligou.
Constrangido com os olhares impacientes dos espectadores, sentiu as batidas cada vez mais fortes do coração, enquanto tentava desesperadamente fazer o computador funcionar. A apresentação não tinha cópia e estava presa naquela máquina. Estava quase sem esperanças quando viu a luz do botão "start" finalmente acender.
"Naquele momento, jurei para mim que nunca mais enfrentaria uma situação semelhante", lembra Moran. Um ano depois, apresentou ao mercado uma invenção que revolucionaria o conceito de mobilidade. Tratava-se de um equipamento do tamanho de um canivete suíço, capaz de armazenar dados. Hoje, o produto é popularmente conhecido como pen drive. Uma década depois, Moran volta a estaca zero.
Após vender sua empresa e a patente da invenção à Sandisk, por US$ 1,6 bilhão, em 2006, o israelense passou a se dedicar a uma nova invenção, o Modu Phone. O aparelho muda o visual e a funcionalidade de acordo com as necessidades. Ele pode se transformar em um tocador de música, como um iPod, ou em um porta-retrato digital.
O Brasil foi um dos destinos escolhidos para começar sua nova jornada. Será esta mais uma tendência tecnológica com o mesmo apelo do pen drive? Até hoje é difícil de entender por que alguém abriria mão de uma invenção como a do pen drive. A MSystems foi uma das principais estrelas de Israel em Wall Street. Em 2006, atingiu um faturamento de US$ 1 bilhão. "Eu não tinha intenção de vender, mas percebi que era a única saída para salvar o negócio", conta Moran, com voz embargada, sem revelar o motivo. Registros da época apontam uma sequência de erros financeiros como a responsável pela decisão.
Após a descoberta de mais rombos nas contas da companhia, as ações despencaram e Moran teria sido pressionado pelos acionistas a aceitar a oferta da Sandisk. Com a bolada que recebeu, poderia ter se aposentado aos 51 anos para se dedicar a uma vida tranquila na pacata cidade de Kfar Sava, onde vive. Em vez disso, decidiu apostar em uma nova ideia, o Modu Phone. "Parar não faz parte da minha crença", diz.
Moran pegou suas coisas e se instalou num escritório a 200 metros da antiga MSystems. Lá, formou uma equipe de desenvolvedores e conseguiu um aporte de US$ 100 milhões para lançar no mercado um telefone minúsculo, de 40 gramas. Segundo o "Guinness Book", trata-se do celular mais leve do mundo. Desde então, Moran tem percorrido diversos países para emplacar o que, segundo ele, é a maior invenção do século - "mais importante até do que o pen drive", diz.
Ele se refere, é claro, ao Modu Phone. O aparelho é semelhante a um celular comum, mas seu diferencial está na capacidade de customização. "O mercado estava à espera de um equipamento que pudesse mudar de personalidade", disse Michael Gartenberg, da Strategy and Analysis. O interesse especial pelo Brasil tem dois motivos.
Primeiro pelo potencial do mercado. E, segundo, porque o Modu ainda não é 3G. "Muitos países não aceitam mais outra tecnologia. O Brasil sim", explica Moran. O celular chega ao mercado na próxima semana pela Claro, com preço a partir de R$ 299. Agora é esperar para ver se a sua intuição vai funcionar mais uma vez.
Fonte: istoedinheiro
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