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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Especialista discute estratégia chinesa em evento em São Paulo

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Fazer com que a indústria chinesa mude seu patamar, produzindo mercadorias de maior valor agregado, por meio da ampliação da substituição de importações e do incentivo a inovação, é um dos principais eixos do Plano Quinquenal da China (2011-2015). “Certamente os chineses estão caminhando na direção dos produtos de alta tecnologia, mas [essa política] ainda levará um tempo [para apresentar resultados]”, destacou Jonathan Fenby, jornalista e diretor de pesquisa sobre China da consultoria Trusted Sources, especializada em estudos sobre países emergentes. Fenby esteve em São Paulo para dar uma palestra sobre a China, evento promovido pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), entidade que agrupa instituições e empresas chinesas e brasileiras, interessados em estabelecer parcerias.

Na apresentação de Fenby, os temas inovação e tecnologia foram pouco citados. O consultor focou questões políticas, como a mudança no quadro do Partido Comunista (PC), com a aposentadoria de alguns membros, destacando que os novos integrantes não estão dispostos a fazer uma reforma política no sentido de democratizar o país. No caso dos assuntos econômicos, o grande foco da apresentação foi o aumento da inflação, um risco para a economia chinesa na atualidade. Fenby previu um aumento da importação de alimentos em 2011, combinado com a elevação dos preços das commodities, que poderá impactar o bolso dos cidadãos chineses e está aumentando a taxa de inflação, que gira em torno de 2%, para 4% a 5%. Ele calcula que a China deve crescer ente 9% e 10% em 2011.

Na abertura da palestra, o presidente do CBEC, Sergio Amaral, destacou que a China é o principal parceiro comercial do Brasil, em volume de produtos importados e exportados. A relação com a China também tem passado por transformações, pois o País tem recebido mais investimentos chineses, interessados em áreas como telecomunicações e energia. Para o Brasil, defendeu Amaral, o problema está em acrescentar valor às exportações nacionais para a China. Em 2010, o total das exportações brasileiras para China chegou a US$ 201,9 bilhões e o das importações ficou em US$ 181,6 bilhões, segundo números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

A questão tecnológica apareceu na intervenção do economista Antônio Barros de Castro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), convidado pelo Conselho Empresarial Brasil-China para ser debatedor. O brasileiro lembrou que países da Europa, em especial, estão tentando competir com os chineses ampliando seus investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Mas, para o economista, essa estratégia tem problemas. “Muitos países, como o Brasil, estão no nível tecnológico intermediário, e é muito difícil sair desse nível médio para um nível alto”, ponderou, citando a Malásia, um dos Tigres Asiáticos, como caso de uma nação que não conseguir levar toda sua indústria para os segmentos de tecnologia de ponta.

Outra ressalva feita por Castro está no fato de a China se encontrar no mesmo nível tecnológico de muitos de seus concorrentes, mas evoluindo em inovação muito rapidamente em algumas áreas, as quais ele não chegou a citar. Além disso, o economista brasileiro apontou para o fato de ser virtualmente impossível concorrer com os chineses nos segmentos industriais que se caracterizam por fazer montagem de produtos (como os de eletroeletrônicos), devido aos preços baixos dos produtos decorrentes dos custos de produção, muito menores do que nos demais países.

Fenby comentou que, de fato, a China está fazendo um esforço no sentido de tornar seus produtos tecnologicamente mais sofisticados. O país começou com a importação e absorção de tecnologia estrangeira, como fez com o caso dos trens de alta velocidade. Inicialmente, comprou tecnologia japonesa, mas hoje desenvolve seus próprios trens. Contudo, a estratégia de investir mais em inovação, constante do Plano Quinquenal, demorará ainda um tempo para surtir efeito, disse ele.

Um dos fatores que demonstrariam, segundo Fenby, que a economia chinesa ainda está baseada em tecnologias menos sofisticadas é o fato de haver um maior número de pedidos de patentes de aplicação registrados pelas empresas da China do que de depósitos de patentes de invenção. Essas últimas são derivadas de atividades de pesquisa mais sofisticadas e resultam em novas tecnologias e produtos de maior valor agregado. “Os chineses são muito bons em aplicações”, destacou o consultor. A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) acaba de divulgar mais um ranking de atividades de patenteamento que coloca a China em primeiro lugar.

Fonte: Inovação Unicamp

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