A indústria fonográfica ainda não encontrou uma solução definitiva para superar o fim da era do CD, mas já tem um aliado poderoso nessa luta: o celular
Uma das áreas mais afetadas pelo surgimento da internet, a indústria fonográfica tenta há mais de uma década encontrar uma maneira de evitar o seu colapso. Os sites de compartilhamento de músicas decretaram o fim do CD e obrigaram as gravadoras a promover uma reinvenção no modelo de negócios, sem muito êxito até aqui, por sinal.
Pois agora um aparelhinho típico da era digital pode significar a tão esperada luz no fim do túnel para o setor, especialmente no Brasil. O smartphone, como é conhecido o celular inteligente, já está sendo visto como o canal de comercialização de canções com o maior potencial de crescimento. Os dados mais recentes mostram que eles proporcionaram às gravadoras cerca de R$ 25 milhões de faturamento em 2009, o que representa pouco menos da metade das vendas obtidas com o formato digital no País.
O fortalecimento desse canal é um importante aliado para elevar as cifras geradas pelo formato digital, segmento que movimentou US$ 4,6 bilhões no mundo no ano passado e, em 2011, deve ultrapassar as vendas de CDs nos Estados Unidos. Mas ainda há muitos problemas pela frente. Isso porque os negócios virtuais ainda não têm volume suficiente para compensar as perdas causadas pelo declínio dos CDs. No ano passado, por exemplo, o mercado fonográfico americano caiu 6,8%. A importância do smartphone é maior no Brasil, o que se explica pelo perfil do usuário.
Uma dessas empresas é a Deck, selo carioca independente que fez um acordo com a Nokia para embarcar o álbum “Ao Vivo”, da cantora de rock Pitty, em seus celulares. O resultado foi a comercialização de 200 mil arquivos do trabalho. “Hoje, as vendas digitais já empatam no faturamento com as vendas de CDs”, diz Fábio Silveira, diretor de novos negócios da Deck. O entusiasmo com o celular é compartilhado por José Pena, diretor responsável pelo departamento digital da gravadora EMI na América do Sul.
Se os dispositivos móveis resolvem a questão do pagamento, existe ainda o problema do custo do tráfego de dados. As gravadoras têm dificuldade para fazer acordos com as empresas de telefonia para reduzir as cobranças por esse serviço. “É quase como mexer na padaria dos outros”, afirma Gian Uccello, diretor de novas mídias da Warner. Fundador do grupo Trama, João Marcelo Bôscoli, filho da cantora Elis Regina, diz que o mercado fonográfico cometeu um erro crasso ao tentar prolongar a vida dos CDs.
“Lutar contra essa nova realidade digital é contraproducente”, diz Bôscoli. “O que temos de fazer é gerar receita com essa audiência por meio de patrocínios e ações de marketing.” Atualmente, metade do faturamento da Trama é obtida de acordos com empresas para anúncios em programas de rádio, tevê e shows. Em média, cada contrato desse tipo representa R$ 600 mil por ano para a companhia. Entre as patrocinadoras estão Volkswagen, Audi, Natura e Red Bull.
Fonte: Istoé Dinheiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário