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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Documentário investiga preferência de meninas por tons rosa

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Um documentário da BBC ouviu cientistas, pais e um profissional ligado à indústria de brinquedos na tentativa de estabelecer por que meninas preferem a cor rosa.

Quando se trata de explicar essa preferência, especialistas não conseguem chegar a um consenso: estudos para determinar se o gosto por certas cores seria cultural ou genético apresentaram resultados contraditórios.

Porém, pais e profissionais estão preocupados com a forma como a indústria vem usando a cor rosa para manipular o comportamento das crianças, influenciando suas escolhas por alguns tipos de brinquedos em detrimento de outros.

ESTUDOS

Em 1893, um estudo com 450 mil pessoas feito em Chicago, nos Estados Unidos, concluiu que a maioria das pessoas, homens e mulheres, gosta da cor azul, e que mulheres gostam também do vermelho.

Mais recentemente, investigações feitas por Anya Hurlbert, uma neurocientista da Newcastle University, em Newcastle, no nordeste da Inglaterra, pareceram confirmar o estudo feito em Chicago.

“Existe uma tendência universal de preferência pelo azul e de rejeição de verdes amarelados”, disse Hurlbert. “Homens e mulheres reagiram positivamente a componentes azul-amarelos. Mulheres também reagiram positivamente aos vermelhos-verdes”.

Partindo desses resultados, a neurocientista vai um pouco mais além e acredita ter encontrado a explicação para a preferência feminina pelo rosa:

“Quando você combina essas duas tendências, obtém o rosa”, ela disse.

E ao tentar explicar a origem dessa afinidade, Hurlbert sugere que talvez essa preferência tenha raízes na pré-história, quando habitávamos cavernas.

“As mulheres saíam para procurar frutas, por isso desenvolveram uma maior sensibilidade para tons avermelhados”.

Outros especialistas, no entanto, discordam da teoria de Hulbert e a qualificam de simplória.

Steve Palmer, psicólogo da Stanford University, na Califórnia, Estados Unidos, fez vários estudos sobre o assunto e concluiu que as cores de que gostamos dependem das coisas de que gostamos.

“A base para nossas preferências são as interações emocionais com objetos à nossa volta”, disse Palmer.

As pesquisas de Palmer parecem confirmar resultados de estudos feitos pela psicóloga Melissa Hines, da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha.

CÍRCULO VICIOSO

Hines e sua equipe estão tentando determinar a origem da preferência das meninas pelo rosa.

O trabalho ainda está em andamento, mas resultados preliminares sugerem que a preferência não seria resultado da influência dos pais e, sim, de indústrias que vendem produtos para crianças.

Hines descreveu o processo:

“Meninas têm afinidade em relação a certos brinquedos”, disse. “Elas preferem bonecas, por exemplo, enquanto meninos preferem carros, caminhões e armas”.

“Os brinquedos com que meninos e meninas têm afinidade são oferecidos em cores diferentes”.

“Portanto, como elas gostam de brincar com aqueles brinquedos, começam a gostar daquelas cores”.

Hines explica também que, entre os três e seis anos de idade, as crianças não têm certeza de que sua identidade sexual é permanente.

“Nessa idade, elas acham que vão mudar de sexo se brincarem com os brinquedos errados, então, são bastante rígidas em relação ao tipo de brinquedo e à cor”.

Ela admite que os pais exercem algum papel nesse processo, já que são eles que compram os brinquedos.

“Os pais compram os brinquedos, mas nós achamos que são os colegas quem exerce maior pressão. A influência dos colegas nessa idade é muito grande, maior do que a dos pais”.

Segundo Hines, os pais tendem a querer o que os filhos querem: se a filha quer um brinquedo rosa, há grandes chances de que seus pais comprem o brinquedo daquela cor.

“Isto se torna um círculo vicioso”, disse Hines. “A criança quer uma coisa rosa, os pais compram a coisa rosa, a criança aprende a gostar da coisa rosa”.

MARKETING

Registros históricos mostram que, no início do século 20, rosa era cor para meninos.

Segundo o consultor da indústria de brinquedos Richard Gottlieb, a cor passou a ser considerada “feminina” nos anos 50.

Ele vê com preocupação a forma como a indústria vem usando o rosa para direcionar as meninas a certos tipos de brinquedos.

O consultor fez um estudo com 1.500 mães e suas filhas. Ele perguntou a elas com que tipo de brinquedos brincavam quando crianças.

“Percebemos que houve uma queda no número de meninas brincando com brinquedos de montar, carros, caminhões e brinquedos científicos”, disse Gottlieb. “São brinquedos que, na verdade, deveriam ser considerados neutros”.

Ou seja, as meninas estão sendo incentivadas a ficar longe dos brinquedos neutros – que ajudam a criança a desenvolver a inteligência analítica e espacial – e a cor rosa é usada para sinalizar que brinquedos elas devem escolher.

E ao que parece, o uso do rosa como instrumento de marketing já não se restringe ao público infantil.

“Há exemplos hoje de produtos tipicamente associados a adultos, que não são específicos de um sexo em particular, mas que estão sendo oferecidos na cor rosa”, disse à BBC a especialista em varejo Claire Rayner.

“Você pode comprar geladeiras, forno de micro-ondas, liquidificadores, carros e até telefones celulares na cor rosa”.

“Me parece que cores se tornaram parte integral da estratégia de venda dos comerciantes”.

A feminilidade está sendo vendida às meninas – e também às mulheres – em embalagens cor-de-rosa. Mas a cor em si não parece ser o problema.

O que preocupa psicólogos, pais e outros profissionais é o conceito de feminilidade que vem embutido no pacote.

Fonte: Marketing Infantil

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