Quatro em cada dez usuários de smartphones clicam nos anúncios que veem; pesquisa aponta para o surgimento de um novo tipo de consumidor móvel.
Os usuários de smartphone respondem a anúncios em um nível extraordinário, de acordo com os resultados de uma pesquisa divulgada pela Google. E uma das razões disso pode ser a natureza das buscas feitas no celular, mais voltadas para informações locais.
Dos usuários pesquisados, 42% clicam nos anúncios de que gostam, revelou o estudo “Mobile Movement: Understanding Smartphone Users”. Destes, 49% – quase a metade – vão em frente para efetuar uma compra; 35% visitam o site do anunciante; e 27% ligam para a empresa em questão.
Conduzida sob encomenda pela empresa de pesquisas Ipsos OTX, a pesquisa ouviu 5.013 usuários adultos de Internet móvel no fim de 2010.
Outro resultado foi que 82% dos usuários de smartphone “percebem os anúncios móveis”, mas a frase é capciosa: perceber um anúncio não garante que ele tenha sido lido, por exemplo.
Natureza prática
A pesquisa enfatiza a natureza prática da busca em um smartphone se comparada com a no desktop. Nove entre dez pessoas tomaram uma ação com base nos resultados da busca pelo celular. As buscas na web via smartphone têm forte apelo local: 95% das pessoas usam o celular para procurar informações sobre as redondezas. Talvez a explosão recente de apps de geolocalização não seja apenas uma moda passageira, afinal.
Nós também usamos nossos celulares enquanto compramos no mundo real: 45% comparam preços enquanto navegam, 44% leem avaliações dos produtos cobiçados e 34% usam o celular até para verificar o estoque da loja no momento em que estão nela.
Some-se a isso o fato de que usamos nossos smartphones ao mesmo tempo em que vemos outra mídia (33% usam o celular enquanto assistem à TV e 22%, enquanto leem o jornal). A Google afirma que os resultados da pesquisa apontam para uma nova geração de consumidores informados em tempo real – o “smartphone consumer”, segundo a empresa.
Tais pessoas fazem parte de um “movimento móvel”, e novas técnicas de marketing são exigidas de quem deseja se aproximar dele, afirma a Google. Por exemplo, dos que usam seus smartphones durante as compras, praticamente a metade busca promoções ou cupons. A atitude combina com a visão da Google para a tecnologia Near Field Communications (NFC), que segundo a empresa será mais utilizada em promoções e ofertas.
Faltam sites
Nem tudo são flores. A pesquisa aponta que 79% dos maiores anunciantes não têm sites produzidos especialmente para a plataforma móvel, algo que pode afastar quem busca informações no smartphone. A maioria dos sites funciona bem nos smartphones modernos, mas alguns são melhores que outros, especialmente os mais adaptados a redução e ampliação e que não incluem firulas, como o excesso de animações em Flash.
De forma compreensível, a Google avisa que a publicidade móvel deverá se tornar uma área de crescimento explosivo à medida que mais pessoas tenham smartphones. Mas aqui, pelo menos, há questões em relação à lógica da Google.
A empresa esquece convenientemente que, neste exato momento, os donos de smartphones percentem às classes de alta renda. A menos que tenham achado seu aparelho na rua, eles gastaram centenas de dólares (e muito mais em reais) por um smartphone e continuam a pagá-lo por meio das contas mensais.
Pode ser que a tecnologia de smartphones se torne predominante caso os preços dos aparelhos caiam, mas não haverá garantia de que essa nova parcela de usuários não tão endinheirados terá o mesmo tipo de resposta diante de anúncios no celular.
Uso desigual
Além disso, uma pesquisa de 2010 divulgada também pela Google mostrou que o uso dos smartphones não é igual em todas as classes e faixas etárias. A maioria (58%) dos compradores de smartphones é homem e 40% deles são jovens, entre 25 e 34 anos. Sem cair em estereótipos, é razoável afirmar que as pessoas jovens saem mais que as mais velhas e, por consequência, estão mais sujeitas a fazer o tipo de pesquisa móvel que, segundo a Google, impulsiona a publicidade móvel.
De fato, no que diz respeito à publicidade móvel, nós podemos estar bem no meio de uma época de ouro. O mercado pode muito bem se diluir à medida que novos e mais baratos aparelhos cheguem ao mercado.
Há poucas dúvidas de que as buscas móveis sejam um novo e importante mercado. É provavelmente verdade que as versões móveis dos sites são necessárias. No entanto, pode ser preciso um pouco mais de tempo para perceber qual será o cenário antes que grandes investimentos sejam feitos.
Fonte: Job a Job
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