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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Geração veloz e furiosa

A tecnologia 4G promete acesso super-rápido à internet pelo celular, mas o Brasil vai chegar atrasado a essa nova realidade das telecomunicações.

Uma ligação recebida no dia 9 de dezembro de 2009 garantiu ao engenheiro sueco Thomas Norén uma boa história para contar aos netos: tratava-se de uma proposta para ser a primeira pessoa do planeta a possuir uma linha de uma nova geração da telefonia celular, a 4G, que é mais veloz e permite maior tráfego de dados que a atual, a 3G.
Executivo-chefe de produtos de LTE (sigla em inglês para “evolução a longo prazo”) da Ericsson, Norén aceitou o convite e, assim, recebeu uma linha de celular da quarta geração que a operadora TeliaSonera, da Suécia, lançaria alguns meses mais tarde. Dois anos depois, a 4G ainda engatinha, mas deve se tornar em pouco tempo a principal fonte de investimentos no mercado de telefonia mundial. Não é difícil entender a razão: o comportamento do usuário vai forçar uma mudança dramática no setor.

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Como os consumidores acessam cada vez mais conteúdo multimídia, a demanda por internet móvel veloz, e capaz de sustentar um grande tráfego de dados, vai explodir. Para que o desenvolvimento do 4G seja mais rápido, no entanto, há obstáculos a superar. Baseada no padrão LTE , a nova tecnologia promete dar acesso à internet até dez vezes mais rápido que a 3G, a geração que se dissemina no Brasil atualmente. Uma demonstração da Ericsson, em ambiente de testes de LTE, mostra ser possível assistir a 12 vídeos de alta definição simultaneamente, mesmo consumindo uma rede de banda larga a velocidade de 60 megabits por segundo (mbps), abaixo da capacidade do LTE. O novo padrão tecnológico permite chegar a 100 mbps, ou seja, seria possível ver até 20 vídeos simultâneos. Na 3G, o pico raramente ultrapassa os 10 mbps.
O Brasil ainda não possui 4G, mas o fato de sediar a Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016, deve acelerar as decisões para que esse sistema alcance, pelo menos, parte das cidades-sede da Copa e, em especial, os centros de imprensas internacionais. “A Olimpíada de 2004 impulsionou a instalação de banda larga em Atenas, e a de 2008 popularizou a tevê pelo celular na China”, diz Xiangyang Jiang, vice-presidente para a América Latina da fabricante da chinesa ZTE (leia entrevista na coluna Dinheiro & Tecnologia). “No Brasil, os Jogos serão um fator importante para apressar a instalação da 4G.”

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No mundo, menos de dez operadoras comercializam pacotes de acesso 4G, mas o número deve crescer em breve. Um estudo da GSA, uma associação internacional que reúne fornecedores do mercado de mobilidade, aponta que, até março deste ano, 180 empresas de 70 países investiam em LTE. Entre eles, estão representantes do Nepal, que por isso devem chegar antes do que o Brasil à nova geração da telefonia. Mas já existe no País quem esteja se preparando para a nova realidade. Segundo o portal Teletime, a Oi realizará em junho testes com equipamentos da Alcatel-Lucent, Huawei e ZTE.
Para entrar de fato na vida dos brasileiros, no entanto, a 4G terá de vencer barreiras. O governo federal e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ainda precisam definir as especificações técnicas e a data para o leilão de licenças para operar com esse sistema. A projeção é que isso aconteça ainda este ano. Mas o motivo principal para o provável atraso na adoção da nova tecnologia está no mercado.
Enquanto as fabricantes querem sua adoção o mais rápido possível, as operadoras seguem o caminho oposto. Isso porque elas primeiro desejam obter o retorno sobre os investimentos feitos na ampliação da rede 3G, que ainda tem amplo mercado a ser explorado no Brasil. Há muito dinheiro em jogo: no leilão de licenças de terceira geração, realizado pela Anatel, em 2007, as empresas de telefonia desembolsaram mais de R$ 5 bilhões.
De fato, a cobertura de 3G ainda tem grande espaço para crescer. O Brasil encerrou fevereiro com 22 milhões de celulares dessa tecnologia, o que representa apenas 10,6% das linhas em operação. A Vivo, a companhia com o maior número de clientes de celular, levou a tecnologia 3G a 1.288 cidades e planeja chegar a 2.832 até o fim do ano. Cerca de R$ 2 bilhões do investimento anual do grupo Telefônica no País será direcionado a novos negócios, incluindo a banda larga móvel 3G. “Uma de nossas prioridades é a internet pelo celular”, afirma Antônio Carlos Valente, presidente da Telefônica, controladora da Vivo.

Fonte: Istoé Dinheiro

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