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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O uísque com jeitinho brasileiro

A alquimia de sabores, comum na cachaça e na vodca, não é mais uma heresia para a mais tradicional bebida escocesa. Quem diz é a CEO da William Grant & Sons, Stela David, que enxerga no hábito uma oportunidade de bons negócios.

Poucos consumidores no mundo desenvolveram tão bem a habilidade de criar novos e exóticos coquetéis, derivados de bebidas tradicionais, quanto o brasileiro. A velha cachaça cruzou fronteiras quando se transformou em caipirinha, com limão, açúcar e gelo. Aqui, a cerveja – sempre estupidamente gelada, diferentemente dos hábitos europeus – conquistou adeptos com a adição dos mais variados sabores, desde mel de abelhas, café e rapadura até essência de eucalipto. É nessa alquimia de sabores que a escocesa William Grant & Sons, a terceira maior produtora de Scotch uísque do mundo, quer conquistar mercado. “O brasileiro está nos ensinando um novo modo de saborear os mais refinados uísques, misturando de tudo um pouco”, disse com exclusividade à DINHERO a britânica Stella David, CEO da companhia. A declaração de Stella, CEO da William Grant & Sons, marca uma importante mudança de paradigma no reino dos destilados. Nos últimos dois séculos quem utilizasse Scotch Whisky para preparar coquetéis, por exemplo, ofendia pessoalmente os escoceses. “Uma pratica dessas lá nos idos de 1887, ano em que começamos, seria considerada uma heresia”, afirma Stella. “Agora, já vemos esse hábito com bons olhos, e até achamos certa graça”.

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A mudança de conceito da William Grant & Sons tem uma explicação básica: as vendas de Scotch uísque no Brasil nunca cresceram tanto como em 2010, com um aumento de 45% na categoria 12 anos sobre o ano anterior. O grupo que está presente em 200 países e seu o faturamento global atingiu ₤ 951,5 milhões (cerca de R$ 2,7 bilhões) em 2010, resultado 14% acima do ano anterior, a despeito da crise européia. A expansão da William Grant & Sons no País deverá ganhar novo impulso, a julgar pelos ambiciosos planos da companhia para o mercado local. Embora existam hoje 25 rótulos produzidos pela empresa, apenas cinco estão à disposição do consumidor brasileiro – quatro de uísques e um de gim. “O glamour de apreciar uísque tem ganhado novas variações no Brasil, jeitos muitos especiais para nós, acostumados à tradição da bebida pura”, afirma Stella. “É interessante como vocês brasileiros bebem uísque com muito gelo e especialmente na Região Nordeste onde misturam com água de coco.”

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Indiscutivelmente, o uísque no País ainda carrega o estereótipo de bebida para pessoas mais maduras, imagem que a Grant’s pretende mudar ao ampliar sua gama de opções. Esse esforço pôde ser observado, há pouco mais de dez anos, com os fabricantes de vodca. Hoje, a bebida russa já está incorporada aos hábitos brasileiros, e até ganhou espaço na concorrência com a cachaça, ao se transformar em caipirosca (caipirinha de vodca). É por esta razão que, segundo Stella, a empresa preservará sua forma artesanal de conservar a bebida, que desde William Grant é envelhecida em barris de carvalho, mas fará campanhas para seduzir os consumidores jovens. A tarefa, provavelmente, será árdua. (veja os resultados curiosos da pesquisa abaixo) “Uísque precisa ser envelhecido, sua imagem, não”, destaca a executiva. “Queremos que o jeitinho brasileiro de apreciar uísque nos ajude a virar o jogo.” Para que isso ocorra, no entanto, será preciso mais do que misturar frutas ao destilado.

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Uma garrafa do Single Malte Scotch Whisky mais vendido no mundo, o Glenfiddich, custa no Brasil desde de R$ 150,00 a R$ 450,00 dependendo dos anos de envelhecimento, muito mais caro do que a maior parte das bebidas concorrentes para a formulação de coquetéis. A marca Grant’s é a terceira colocada no mercado global dos Scotch uísques, atrás das poderosas Johnnie Walker e Ballantine’s, respectivamente, a William Grant & Sons almeja levá-la a ser a número dois no mundo em até cinco anos. Para isso, o desafio é popularizar a bebida, nos mercados emergentes da América Latina e da China, onde começa a se tornar hábito beber uísque com chá verde. “Queremos tornar mais acessível o uísque e conquistar novos apreciadores, sem deixar de lado o requinte e sofisticação que envolvem um bom malte”, afirma Stella. Ela é uma das poucas mulheres a assumir um cargo de comando em um ambiente tradicionalmente masculino. “Quando o assunto é uísque, as mulheres estão ganhando destaque”, diz. “Na Rússia, elas já representam 49% dos consumidores. Quem sabe, esse índice no Brasil, que hoje não passa de 15%, também seja uma realidade a daqui alguns anos.”

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Fonte: Istoé Dinheiro

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