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quarta-feira, 24 de junho de 2009
Hábitos de consumo refletem a sociedade conectada
"A questão da compulsão por consumo pode até ser um problema, mas não tem a ver com a tecnologia. A pessoa compulsiva também compra muito roupas, joias, etc.", diz. "Já quem tem aversão só terá problemas se precisar usar a tecnologia e se recusar. Por exemplo, se ela for jornalista e não quiser usar o PC."
Luciana divide os consumistas. De um lado estão os heavy users, que realmente se interessam pelo novo, pesquisam antes de comprar e usam todos os recursos. Do outro, estão as pessoas que buscam status - não usam nem metade das funções dos aparelhos, mas querem passar a imagem de antenados.
"O heavy user não é atingido pela publicidade. Ele compra muito, mas de forma consciente. Ele vai atrás, pesquisa na web, mexe nos aparelhos, quando algum amigo compra algo novo, ele é o primeiro a pedir emprestado para conhecer como funciona "
Já as pessoas que buscam status, por outro lado, compram mais por design e não ligam tanto para funções. "São muitos dos consumidores do iPhone, por exemplo. Eles veem as pessoas usando e acabam comprando o que lhes parecer mais moderno, não exatamente porque querem usar todas as funções. São aquelas pessoas que colocam o celular sobre a mesa quando vão ao restaurante, por exemplo."
As pessoas que não trocam de equipamento também são divididas. A pesquisadora diz que há as pessoas que têm medo de mudança e outras que não veem porque gastar tanto. "No primeiro caso, são aquelas pessoas que nem entram na loja de eletrônicos, que viram a página do jornal ou revista quando há uma reportagem sobre o assunto. Costumam ser pessoas mais velhas que, quando trocam de celular, por exemplo, procuram um modelo igual ou que tenha controles parecidos."
Já no segundo caso, é uma coisa comum para muita gente. Com aparelhos cada vez mais modernos - e caros - como acompanhar? "As pessoas acabam ficando cinco anos com um celular por questões financeiras mesmo. Não por medo."
Fonte: Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática (NPPI)
terça-feira, 23 de junho de 2009
Vigor incentiva reutilização de embalagens como brinquedos
Fonte: EmbalagemMarca
Perfil do setor de transformação do plástico
Uma das características do setor de transformação de material plástico é o fato de utilizar mão de obra intensiva. De 2007 para 2008 foram criados 3.676 novos empregos diretos, mesmo considerando os impactos da crise econômica. Do total de empregados no setor plástico, 81% estão diretamente alocados na área de produção, 15% atuam nas áreas administrativas e de marketing e os outros 4% dizem respeito aos proprietários e sócios.
Em 2008 o setor de transformação de material plástico foi de 5,29 milhões de toneladas, 6,8% maior ao ano anterior.
Os índices mensais de produção física divulgados pelo IBGE (PIM-PF), demonstram que ocorreu uma evolução positiva do nível de produção até outubro de 2008, quando se apresentou um forte crescimento. No acumulado do ano (de janeiro a dezembro de 2008 em comparação ao mesmo período do ano anterior) o setor de laminados plásticos apresentou retração de 2,1% na produtividade.
A produção física de embalagens plásticas apresentou uma evolução sem grandes oscilações ao longo do ano. O mês mais produtivo do setor de embalagens foi julho de 2008, registrando 4,6% maior que janeiro do mesmo ano. A produtividade das empresas de embalagens plásticas permaneceu estável (0,59% de crescimento) no acumulado de janeiro a dezembro de 2008 em comparação com o mesmo período de 2007.
O setor do plástico faturou R$ 40,9 bilhões em 2008. Em relação ao ano anterior, representou um aumento de 12,2%. Os indicadores positivos de faturamento do setor se devem ao bom desempenho da economia nos três primeiros trimestres do ano.
Fonte: Portal Fator BrasilPostos Ale terão "pop-ups shows" com a banda Fresno
A rede de postos Ale e a banda de rock Fresno se unem e levam para as principais capitais brasileiras a iniciativa inédita “Bombar no Posto Ale”. Entre os meses de junho e agosto, durante a divulgação do CD “Redenção” pelo Brasil, os músicos farão pop-up shows – apresentações instantâneas que duram o tempo de uma pessoa abastecer o carro – em postos. Ao todo, serão 24 pop-ups shows ao vivo e de graça.
Trata-se de uma ação de guerrilha que visa impactar jovens e admiradores da banda, além de criar uma oportunidade de interação desse público com a marca por meio do site da distribuidora. O endereço contará com conteúdo dos pop-ups shows - com vídeos e fotos exclusivas dos eventos - curiosidades e agenda das próximas apresentações.
Nos pop-ups shows, a Fresno passará por quatro capitais: São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e mais uma cidade surpresa.
Além dos investimentos em guerrilha com ações desenvolvidas pela Espalhe Marketing de Guerrilha, a Ale apostará grande parte de seu orçamento em marketing digital, com parceria com a AgênciaClick, que desenvolveu o site da rede.
Fonte: PropMark
Indústria automobilística dos países ricos elege carro elétrico como próxima tecnologia; nesse caso, o que resta para o etanol?
Na noite do dia 1º, o ex-presidente Bill Clinton, em seu discurso no final do primeiro dia de trabalhos, já havia ligado os motores elétricos ao carro do futuro. E explicado o lugar que pode vir a ser o do etanol: nos muitos países pobres que, sem condições de importar a nova tecnologia, continuarão a rodar com motores a combustão. "Para esses mercados, o etanol brasileiro é o melhor produto disponível", afirmou Clinton.
Em ambos os debates, ouviu-se o mesmo: como a transição será lenta, o papel do etanol no futuro poderá ser o de abastecer os carros convencionais, que vão continuar existindo, e também o de fornecer a segunda fonte de energia para os carros elétricos. Os debatedores acreditam que várias soluções tecnológicas vão conviver no mercado, de acordo com as características e interesses de cada país. O etanol pode, ainda, ser matéria-prima para produção de gasolina, diesel e combustível para aviação, entre outras possíveis aplicações.
O debate sobre o combustível do futuro
A União dos Produtores de Cana-de-Açúcar (Unica) e o grupo The Economist foram os organizadores dessa mesa redonda. O jornalista Geoffrey Carr, editor de ciência da revista The Economist, moderou o debate. Sentaram-se para discutir o tema Henrik Fisker, presidente da Fisker Automotive, produtor de veículos elétricos; Prabhakar Patil, presidente da Compac Power, produtora de baterias e grande interessada em veículos elétricos; e John Melo, presidente da Amyris, que trabalha com biologia sintética e já criou micróbios especialmente desenhados para produzir etanol e novos tipos de biocombustíveis. "A ideia desse painel foi a de provocar polêmica entre o principal produtor de carro elétrico no mundo, a Fisker, uma pessoa que defende carros pequenos, o Patil, e o Melo, um defensor do uso da cana para etanol de primeira e segunda geração", explicou a Inovação o presidente da Unica, Marcos Jank.
Antes do debate propriamente dito, no Ethanol Summit, os palestrantes discutiram o assunto via Internet. O resultado da conversa entre eles, contou Carr, foram três votos a favor de que o veículo do futuro será movido a eletricidade e um a favor dos biocombustíveis líquidos. Ele não explicitou a voz discordante do grupo, mas ficou claro que Melo, da Amyris, foi quem votou pelo etanol. Melo e Fisker deixaram clara sua opinião sobre o fim da era do petróleo. Melo defendeu que o etanol é a melhor fonte de combustível para os veículos; Fisker, que é a eletricidade. Para ele, contudo, ainda vai demorar pelo menos 50 anos para que se desenvolva a infraestrutura para atender os carros elétricos, em especial no que se refere ao modo de reabastecê-los, totalmente diferente dos postos de gasolina, diesel e etanol que conhecemos. Ele acredita, ainda, que os elétricos serão bons veículos para grandes cidades, onde a questão da poluição é muito presente. Para Patil, o atual período é de transição entre os modelos baseados em petróleo e em energia renovável, mas o futuro é o carro elétrico.
Durante o debate em São Paulo, Carr questionou se a tecnologia do carro elétrico é realmente "mais verde". Isso porque ela gera o problema do uso de baterias, que atualmente levam lítio, cobre e alumínio, por exemplo, entre outros compostos. O que fazer com elas? Além disso, o carro elétrico promoverá um aumento no consumo de energia elétrica. Quem vai fornecer essa energia aos carros? Fisker respondeu que o problema não é saber que tecnologia veicular é mais verde, mas gerar energia localmente. E essa energia deve sim ser produzida de maneira sustentável, seja pela forma eólica, solar ou hídrica, e até mesmo o etanol pode ser usado para produzir a quantidade extra que será necessária para os automóveis. Melo rebateu dizendo que está olhando para daqui 20 a 30 anos, não 80 a 100 anos. Nesse caso, usar biocombustível, para ele, ainda é a melhor opção. Patil respondeu: de acordo com ele, as baterias que sua empresa produz são totalmente recicláveis — o lítio é uma substância não tóxica, usada inclusive em medicamentos; o alumínio e o cobre têm valor comercial e são reaproveitados pela indústria. O empresário contou que estão sendo montadas a infraestrutura e as operações necessárias para reciclagem dessas baterias, sem especificar em que países isso estaria ocorrendo.
Instigado pelas perguntas da plateia, Fisker também falou da China. Para ele, o país que provavelmente liderará a produção de veículos elétricos será os EUA. Carros elétricos chineses não teriam certificação e não atenderiam aos requisitos de qualidade e segurança exigidos no mercado dos EUA e da Europa. Contudo, ele acredita que os chineses têm potencial para desenvolver mais rápido a tecnologia, devido aos recursos financeiros de que dispõem. Daí achar que existe uma possibilidade de os EUA perderem essa corrida. Fisker lembrou que a tecnologia do carro elétrico é "disruptiva" — radicalmente nova —, o que não acontece com a tecnologia do etanol, que usa o carro e a infraestrutura que já existem. Já o carro elétrico requer um redesenho completo dos automóveis, porque não se trata de simplesmente instalar a bateria no motor a combustão atual. O jornalista Carr, da revista The Economist, contrapôs a falta de regulamentação na China a um ambiente mais livre para experimentação, o que poderia fazer a diferença na velocidade do desenvolvimento tecnológico chinês em relação ao norte-americano.
Jank, presidente da Unica, assistiu a todo o debate sentado na plateia, e questionou os convidados sobre se haveria energia elétrica para abastecer todos esses veículos. Os empresários que defenderam os carros elétricos foram unânimes em dizer que a tecnologia não será adotada no curto prazo, nem de forma maciça imediatamente, e que por isso haveria tempo para pensar nas alternativas de produção de energia mais limpa, de forma que essa não seria uma questão fundamental para o uso dos veículos elétricos hoje. Fisker lembrou que a bateria ainda é muito cara e que os carros movidos a gasolina continuarão mais baratos por um longo tempo. "Temos de começar essa transformação, e para isso precisamos iniciar a construção dessa energia limpa", destacou. Durante o debate, ele disse não ser possível para as empresas resolver os problemas de emissões de gases poluentes e de impacto ambiental de toda a cadeia produtiva automotiva. "Mas posso resolver a questão do carro", afirmou. O resto, para ele, caberia aos outros atores da cadeia buscar, inclusive a energia mais limpa.
Outra questão vinda da plateia foi sobre o eventual uso do etanol como fonte de hidrogênio para células a combustível — outra possível rota para o transporte urbano. Patil falou que há dificuldades na geração e distribuição do hidrogênio e que o custo ainda é muito alto. Ele lembrou que embora a tecnologia venha sendo trabalhada há pelo menos 15 anos, até agora não há uma ideia muito clara sobre quando ou sequer se ela será viável comercialmente. Ele acrescentou que o Brasil encontrou, com o etanol usado nos carros flex e na geração de energia por meio da queima do bagaço nas usinas, "algo extraordinário, que precisa e continuará a ser usado, mas que não é sustentável do ponto de vista global".
No caso, Patil estava se referindo a dificuldades apontadas, por exemplo, por Ian Dobson, gerente de tecnologia da BP Biocombustíveis, que investe na produção comercial de biobutanol nos Estados Unidos e na produção de etanol a partir de celulose no Brasil. Dobson participou de outro painel do Ethanol Summit, que tratou das novas tecnologias para o etanol de segunda geração, ocorrido no começo da tarde do dia 1o de junho — durante o qual mencionou os "problemas" de países que não o Brasil para a adoção do etanol. "No Brasil, a cadeia [de veículos e combustíveis] já está adaptada ao etanol. Além disso, há coisas no Brasil que não podem ser feitas em outros lugares do mundo. Por exemplo, nos Estados Unidos, passado o limite de 10% de mistura do etanol na gasolina, os fabricantes dos motores não dão mais garantia. Há também questões de infraestrutura [para a chegada do etanol aos postos]", enumerou.
Ao final do debate, Jank destacou a Inovação questões que ficaram em aberto para os defensores do carro elétrico: como será trabalhada a reciclagem da bateria, quando esta tiver sua vida útil terminada; o que será feito da frota cativa, que usa combustíveis líquidos, já que não é possível converter um carro movido a combustível líquido para um que use eletricidade; e como será a resposta à difusão dessa tecnologia nos mercados mais avançados, já que o menor consumo de petróleo deverá provocar uma queda em seus preços. Aqui há a hipótese de aumento de consumo de petróleo por países que não dispuserem da tecnologia do carro elétrico nem quiserem adotar o etanol, pois seria mais fácil manter uma frota a gasolina ou diesel. Esse crescimento do uso do combustível fóssil estará acompanhado da elevação das emissões de gases de efeito estufa, provocando assim um efeito colateral e reduzindo a eficácia do esforço dos países mais ricos na redução das emissões com a adoção do carro elétrico.
Mais sobre elétricos no debate da tecnologia flex fuel
No debate sobre os avanços relacionados à tecnologia flex fuel, que levou ao aumento do consumo do etanol combustível no Brasil a partir de 2003, também apareceu o tema carro elétrico. Alfred Szwarc, consultor de tecnologia da Unica, foi o mediador; Gábor Déak, presidente da Delphi para a América do Sul, Alfredo Guedes Júnior, responsável pela área de relações institucionais da Honda, e Henry Joseph Jr, gerente de desenvolvimento de motores da Volkswagen, os debatedores. Os representantes da Delphi e da Volks foram questionados pela plateia sobre qual perspectiva tinham para os carros elétricos. Déak, da Delphi, disse que há uma série de alternativas para o futuro e que cada local deverá escolher a que melhor lhe convier. Para ele, os elétricos serão a opção para Estados Unidos, Europa e Japão, por exemplo, mas seria "um contrassenso" incentivar a adoção maciça desse tipo de veículo no Brasil, que já tem uma solução dominada tecnologicamente, ambientalmente favorável e geradora de empregos locais, a produção de etanol e dos carros flex fuel. Para Joseph Jr, da Volks, o futuro é o carro elétrico, pois ambientalmente é o tipo de veículo mais adequado. "A questão é: quando esse futuro vai chegar? E como vamos gerar energia para isso? Se for energia termoelétrica, como hoje, esquece", respondeu.
Gábor Déak, da Delphi, foi outro empresário que questionou o tempo que a tecnologia do carro elétrico levará para chegar até o mercado de forma competitiva. "Por volta de 1985, pessoas e empresas muito sérias começaram a dizer que em quatro a cinco anos teríamos as células a combustível substituindo as aplicações diesel. Estamos em 2009 e acho que ainda há uns 15 a 20 anos para isso acontecer", comentou ele em entrevista a Inovação após o debate a respeito do sistema flex fuel. Mas sendo assim, por que os outros países não adotam a solução brasileira? "Assim como temos desconfiança em relação a um recurso estratégico como o petróleo, que os países produtores, de certa forma, utilizam para explorar os países não autossuficientes, existe essa desconfiança em relação ao etanol, pelo fato de o Brasil ser o grande produtor. Enquanto não houver uma quebra dessa desconfiança, será difícil", respondeu.
Para ele, as razões pelas quais outros países não empregam a tecnologia brasileira estão no fato de o etanol ainda não ser uma commodity, algo produzido por vários países sem risco de haver monopólio ou oligopólio. Há também a desconfiança sobre o impacto ambiental causado pelo cultivo da cana-de-açúcar. "O tempo está trabalhando contra nós, na medida em que o álcool não está se firmando como uma tecnologia adotada internacionalmente. Os veículos elétricos são claramente a tecnologia predominante para o futuro para os países que não têm álcool e não têm perspectiva de ter álcool disponível, nos centros mais desenvolvidos", apontou. Assim como Jank, da Unica, ele também disse que o etanol terá seu lugar como fornecedor da energia elétrica para os carros.
Há muitas possibilidades para o etanol avançar em outros mercados se sua produção puder ser feita por muitas nações, mesmo as que não têm produção de milho ou de cana-de-açúcar, as duas matérias-primas mais utilizadas para a produção de etanol de primeira geração, extraído da fermentação do amido, no caso do milho, e da fermentação da sacarose, no caso da cana. "Está em desenvolvimento a segunda geração do etanol, feito a partir de celulose, o que pode tornar o combustível disponível para países que hoje não o produzem. Existe uma longa vida para o etanol ainda, no mínimo no Brasil e em países com nossas características, e ele poderá conviver com veículos elétricos em outros países", concluiu Déak.
O gerente da Volks, Henry Joseph Jr, concorda com o empresário da Delphi. "Etanol é o combustível do futuro imediato, mas se olharmos no longo prazo, o etanol poderia permanecer como combustível para motores de combustão interna e poderia continuar também como combustível para células a combustível — aí, sim, alimentando motores elétricos", afirmou, em entrevista a Inovação. "O etanol como combustível continua, o que não continua é o motor a álcool, que será mudado para outra tecnologia, o motor elétrico. O que a gente não sabe ainda é como essa energia elétrica vai chegar ao motor, se por bateria, por célula a combustível", acrescentou.
Mas, como ressaltou o presidente da Unica a Inovação, o aquecimento global é um problema que precisa ser remediado com urgência. "Em vez de buscar soluções mágicas, por que não trabalhar combustível alternativo dentro do que já existe hoje, dos biocombustíveis?", questionou. "Nós não temos tempo, o mundo não pode esperar uma troca paulatina de frota, é mais fácil a gente trocar o combustível do que a frota", defendeu. Olhando para o longo prazo, Jank naturalmente concorda com os demais empresários: o etanol será um combustível importante, mesmo na era do carro elétrico. "Mesmo que existam carros apenas desse tipo, ele precisará de eletricidade e ela deverá ser feita de alguma coisa. Hoje ela é feita de carvão em boa parte do mundo, o que é extremamente sujo", explicou. Para o representante do setor sucroalcooleiro brasileiro, o etanol pode ser o gerador dessa energia.
Avanços na tecnologia do flex fuel
A Delphi, uma das empresas produtoras do sistema flex fuel utilizado nos veículos, está aperfeiçoando sua tecnologia para melhorar a partida a frio, explicou Gábor Déak. Carros a álcool demoram a dar partida quando a temperatura está muito baixa, daí a necessidade de haver nos carros flex um pequeno tanque extra de gasolina, usada apenas como auxiliar no acionamento do motor quando este está frio.
A Delphi também está trabalhando em um sistema para flex que combina diesel e etanol, que está na fase de protótipo e poderá ser aplicado em ônibus e caminhões, por exemplo. "A tecnologia é viável, está sendo desenvolvida, e a decisão de lançamento dependerá do interesse dos fabricantes de motor", comentou.
Alfredo Guedes Júnior, responsável pela área de relações institucionais da parte da empresa Honda que produz motocicletas, contou sobre o desenvolvimento da primeira moto flex fuel lançada no mercado, a CG 150 Titan, a mais vendida pela companhia. Segundo ele, o segredo da tecnologia é controlar o tempo e a precisão da quantidade de combustível a ser injetado no motor.
Uma central computadorizada é responsável por esse cálculo do tempo, e para isso o sistema detecta o volume de oxigênio após a combustão do combustível no motor. Feita a detecção do oxigênio, a injeção identifica que combustível ou quanto de cada — gasolina e etanol — está colocado no tanque, ajustando o tempo e o volume de combustível a ser injetado. Diferente dos primeiros carros flex, que têm dois tanques, um com gasolina que é queimada para ajudar na partida, a moto CG 150 Titan Flex não precisa desses dois compartimentos.
Henry Joseph Jr., gerente de desenvolvimento de motores da Volkswagen do Brasil, foi outro participante desse painel. Ele lembrou que a Volks foi a primeira a lançar um veículo flex no mercado e já está na quarta geração dessa tecnologia. Além dos carros produzidos no Brasil, veículos importados da Argentina e do México também serão flex, revelou. Na evolução da tecnologia, a Volks conseguiu melhorar a taxa de compressão do motor, ampliar a potência e o torque, sem aumentar o consumo de combustível por parte do veículo. O último salto foi eliminar o segundo tanque, de gasolina, auxiliar para a partida, resultado de pesquisa e desenvolvimento feitos em conjunto com a Bosch, um sistema chamado de E-flex. Contudo, esse sistema, por enquanto, será adotado apenas no modelo Polo da Volks. "A ideia é utilizar esse sistema em outros modelos", disse.
(J.S.)
Fonte: Inovação Unicamp
Médicos derrubam 57 verdades transmitidas de geração para geração sobre o corpo e as doenças
Elas são tão antigas que ninguém mais sabe quando ou por que surgiram. Mas o fato é que dezenas de ideias equivocadas sobre nosso corpo e nossa saúde permanecem ano após ano em uma lista de verdades absolutas - sem que tenham qualquer fundamento. São falácias como a recomendação de que se deve consumir oito copos de água por dia ou então que é preciso cortar o cabelo para que os fios cresçam mais fortes.
Agora, um livro que acaba de ser lançado nos EUA se propõe a derrubar alguns dos mais populares desses mitos da medicina. Intitulada "Don't Swallow your Gum - Miths, Half-Truths and Outright Lies about your Body and Health" (Não engula o seu chiclete - mitos, meias verdades e mentiras sobre o corpo e a saúde), a obra foi escrita pelos pediatras Aaron Carroll e Rachel Vreeman e será publicada no Brasil no próximo semestre.
Professores da Universidade de Indiana, eles escreveram o livro depois do frenesi causado na comunidade médica pelo artigo de sua autoria Medical Myths Even Doctors Believe (Mitos da medicina nos quais até os médicos acreditam), publicado no British Medical Journal em dezembro de 2007. "Os médicos têm resistência em reconhecer que estão errados, mesmo com as evidências provando o contrário", afirmou à ISTOÉ Carroll. "Houve tanta repercussão que decidimos publicar o livro", disse Rachel à ISTOÉ. Para julgar a validade das afirmativas, os autores contrastaram as principais crenças com a literatura médica.
Segundo a dupla, a sobrevivência de mitos ocorre pela confusão que se faz entre os conceitos de "causa" e "associação" na pesquisa médica. "Quando um fato está associado a um sintoma, não quer dizer que gere o sintoma", explica Rachel. É o caso da ideia de que tempo frio causa resfriado. Ele não causa, mas como o resfriado, por outras circunstâncias, é mais comum no inverno, a sabedoria popular criou uma verdade por associação. Portanto, é natural que você já tenha acreditado em muitas das sentenças apresentadas nos quadros desta reportagem. Mas aqui vão os argumentos para que você não se equivoque mais a partir de agora.
Enganos sobre a comida e a bebida
Quase todo mundo já foi orientado a tomar oito copos de água por dia. O primeiro registro da recomendação é de 1945, quando o National Research Council, dos EUA afirmou que adultos deveriam tomar dois litros e meio de água diariamente. Porém, segundo os autores americanos, trata-se de um mito. A contribuir com a posição está Heinz Valtin, da Escola de Medicina Dartmouth. Ele fez uma revisão na literatura médica e consultou nutricionistas em busca de evidências que justificassem o conselho. "Não encontrei nenhum suporte científico", disse à ISTOÉ. O tema, entretanto, suscita debate. O gastroenterologista Eduardo Berger, do Hospital Edmundo Vasconcelos, defende a recomendação. Segundo ele, perdemos cerca de três litros de água por dia através da urina, do suor e da respiração, que devem ser repostos sob o risco de desidratação.
Nessa categoria de alimentação x saúde, há outros mitos. Um deles diz respeito à alimentação noturna e ganho de peso. Uma opinião quase unânime é a de que comer à noite engorda. O conceito prevalece a despeito do fato de muitos estudos mostrarem que não existe associação entre o horário da refeição e o ganho de peso em indivíduos com peso normal.
Cortando ou não, o cabelo cresce um centímetro por mês
Um dos trabalhos citados por Carroll e Rachel foi feito na Suécia e revelou que o ganho de peso está relacionado apenas à quantidade de calorias consumidas ao longo do dia. Outra pesquisa, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, reforça a constatação. O estudo envolveu 2.980 homens e mulheres obesas e não obesas. Os estudiosos não encontraram relação significativa entre alimentação noturna e ganho de peso. Exceto entre as obesas, que ganharam em média cinco quilos. A explicação seria a de que, para elas, já com tendência ao acúmulo de gordura, a refeição à noite é ainda mais prejudicial. Magra por natureza, a arquiteta carioca Gorete Colaço, 39 anos, nunca fez dieta e come à noite sem restrições. "E levanto de madrugada para comer chocolate", diz.
Quando você era criança, provavelmente foi repreendido pelos seus pais por querer dar um mergulho após a refeição. Mas, segundo os médicos americanos, isso também não tem respaldo da ciência. O que especialistas brasileiros acreditam, porém, é que o melhor é evitar entrar na piscina após uma refeição pesada. "Se a pessoa comer uma feijoada pode ser prejudicial", diz Berger. Ele sustenta a ressalva com a explicação de que uma digestão mais trabalhosa exige maior quantidade de sangue.
Usamos muito mais do que 10% do cérebro
Isso implica redução do fluxo sanguíneo nos músculos no cérebro. "Qualquer atividade que exija esforço, se feita nesse período, pode provocar desmaio ou algo mais grave." Contrariando o mito, o professor de natação Alexandre Teobaldo, da Academia Swimming Center, em São Paulo, nada logo após as refeições. "Sinto câimbra quando nado sem ter me alimentado", diz.
Quem já não ouviu a velha história de que cortar o cabelo ajuda os fios a crescerem mais fortes?
E as máximas de que ler no escuro estraga a visão, de que nunca se deve acordar um sonâmbulo ou a afirmação de que só usamos 10% do cérebro? Está tudo errado. "Não há nada que altere o ritmo de crescimento dos cabelos", diz a dermatologista Maria Fernanda Gavazzoni, da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. "Eles crescem um centímetro por mês, independentemente de terem sido cortados ou não." A publicitária Gisele Hermeto, de São Paulo, sempre acreditou no mito. "Corto o cabelo a cada dois meses para ele ficar mais bonito." Não há fundamento também no medo de despertar um sonâmbulo. "No máximo ele vai acordar assustado e desorientado", diz o neurologista Luciano Ribeiro Pinto, do Instituto do Sono, de São Paulo.
Em relação aos prejuízos à visão quando se lê com pouca luz, a verdade é que a atitude gera, no máximo, ressecamento dos olhos. "Mas não há dano permanente", diz o oftalmologista Noé Luiz De Marchi, da Associação Médica Brasileira. A crença que relaciona a intensidade da luz a prejuízos oculares apareceu depois da associação de casos de estrabismo à leitura à luz de velas, frequente nos tempos sem energia elétrica.
Já o engano de acreditar que usamos apenas 10% do cérebro surgiu na primeira metade do século XX, quando alguns gurus e - dizem - Albert Einstein teriam feito tal afirmação. Os autores do livro são enfáticos em dizer que isso não passa de uma bobagem.
"Exames de imagem mostram que nenhuma parte do cérebro permanece completamente inativa", afirmam os médicos. "Você utiliza 100% do seu cérebro", escreveram Rachel e Carroll.
O que não significa que seja bem usado, senão os mitos não prosperariam.
Crenças sobre bebês e crianças
Muitas são as teorias sobre técnicas que ajudam no desenvolvimento dos bebês. Nessa categoria, os vídeos educativos estão entre as opções mais usadas pelos pais. O que há de verdadeiro nisso? Segundo os pediatras americanos, nada. Uma recente pesquisa feita pela Universidade de Washington, nos EUA, indica que eles têm razão. Os cientistas entrevistaram mais de mil famílias com crianças de até dois anos que usavam os tais vídeos. Quando perguntados sobre a evolução dos bebês, eles relataram um número limitado de palavras balbuciadas. Isso ocorreria porque o conteúdo dos vídeos tende a ter pouco diálogo e cenas curtas e desconectadas.
"Os bebês ajustam sua linguagem a partir de sinais e palavras", afirma Andrew Meltzoff, da Universidade de Washington. "Gestos dão suporte a essa aquisição e, por isso, pais e cuidadores são os melhores professores."
Outra circunstância cercada de mitos é a dentição do bebê. A maioria dos pais acredita que a febre é um sintoma de nascimento dos dentes. Contudo, não há prova cientifica que justifique a relação, como apontou um trabalho realizado no Royal Children's Hospital, na Austrália. "A pesquisa não confirma a forte relação feita entre a erupção dos dentes e a febre", escreveram os autores. De acordo com o pediatra Moisés Chencinski, de São Paulo, o surgimento dos dentes é um processo natural, portanto não agressivo. "Por isso, não causa febre", explica. Apesar da negativa entre a associação dente/febre, Paula Lopes, de São Paulo, continua acreditando que a febre que castigou seu filho André, 9 meses, foi por causa dos dentes. "Logo depois que os dentinhos apareceram, ele ficou bom."
Equívocos sobre como contraímos e tratamos doenças
Agora que chegou o inverno e o mundo vive uma pandemia de gripe, é bom saber que o frio não causa resfriados. Eles podem ser consequência de aspectos periféricos associados às baixas temperaturas. Em busca de calor, as pessoas se aglomeram em locais fechados e se tornam suscetíveis aos agentes propagados pelo vizinho. De acordo com os americanos, os vírus atacam tanto as pessoas submetidas ao frio quanto as que estão aquecidas.
"Não há, por exemplo, relação entre gripe e pés e mãos frias", afirmam.
Há, contudo, um ponto controverso porque o frio não causa gripe, mas facilita a entrada do vírus no corpo. "A atividade das vias aéreas superiores fica comprometida", explica o médico Antônio Carlos Lopes, da Universidade Federal de São Paulo. Segundo ele, quando o vento frio entra nas vias nasais, não há filtragem, umidificação e aquecimento do ar na região. O ar viaja direto ao pulmão com as impurezas do exterior, inclusive os vírus.
Nenhuma inverdade é mais persistente do que o valor preventivo, para gripes e resfriados, da vitamina C ou dos suplementos de zinco. Vários trabalhos científicos atestam a ineficácia.
Um deles foi feito pelo Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha. "Não importa quanto você ingere de vitamina C ou zinco. Seu risco de ter um resfriado é o mesmo da população em geral", disse à ISTOÉ Bahi Takkouche, autor da pesquisa.
Carroll e Rachel também questionam a relação entre levantamento de peso e desenvolvimento de hérnia de disco. Segundo eles, é possível, mas raro, que isso aconteça. Em geral, a dor que pode ser sentida quando se levanta algum peso apenas evidencia a existência prévia de uma hérnia. Os principais fatores que geram o problema são a predisposição genética, os vícios de postura e o desgaste das cartilagens ocorrido com o envelhecimento. "Ela pode surgir também a partir de uma fissura gerada por um movimento brusco", afirma o reumatologista Milton Helfenstein, da Unifesp.
Estudo com 129 pacientes com hérnia de disco revelou que nenhuma foi causada por levantamento de pesoApenas 10% das hérnias necessitam de intervenção cirúrgica. A maioria se resolve com tratamentos como acupuntura, a técnica que enfrentou preconceitos e resistências da classe médica ocidental até praticamente o final do século passado. No livro, eles provam que a colocação das agulhas funciona. "Sua eficácia é muito grande", afirma o médico Hong Jin Pai, diretor do Centro de Dor do Hospital das Clínicas de São Paulo. Foi graças ao método que a bancária Márcia Meirelles, 51 anos, de São Paulo, conseguiu o que parecia um milagre: amenizar o incômodo provocado pela síndrome das pernas inquietas, distúrbio neurológico caracterizado por sensações anormais nas pernas, como tremores. "Hoje, consigo ficar sentada sem que as pernas se movimentem sozinhas."
Mitos sobre sexo e gravidez
Nenhum tema de saúde parece tersofrido mais preconceito que os relacionados à gravidez e ao sexo. Afinal, é verdade que solteiros têm vida sexual mais prazerosa que os casados? Segundo os pediatras americanos, nem sempre. Um estudo citado no livro, feito por uma entidade americana que analisa o comportamento sexual, mostrou que homens solteiros fazem menos sexo que os casados. Cerca de 23% dos solteiros afirmaram não ter tido relação sexual no ano anterior à pesquisa. Já entre os casados esse índice era de apenas 1%. "A satisfação sexual independe do estado civil", afirma o ginecologista e terapeuta sexual José Carlos Riechelmann, presidente da Associação Brasileira de Sexologia.
Entre outras dúvidas que também mereceram a atenção dos autores está a ideia de que virgens não têm abertura no hímen, membrana presente na entrada da vagina. De acordo com a ginecologista Maria Cecília Erthal, do Centro de Fertilidade Rede D'Or, do Rio de Janeiro, o hímen de mulheres virgens possui sim uma pequena abertura por onde passa, por exemplo, o sangue menstrual. O medo de ter a ruptura da membrana durante um exame ginecológico é infundado.
"Existem aparelhos exclusivos para virgens", diz a médica.
Os médicos americanos acabaram ainda com o engano de achar que repouso previne parto prematuro. Apesar de ser frequente, a recomendação não tem amparo científico.
Os trabalhos mais importantes feitos a respeito do assunto não apontaram benefício. "Não há evidência de que o descanso tenha algum efeito na prevenção de parto prematuro", escreveram, por exemplo, os autores de uma revisão sobre o tema, realizada pelo Instituto Cochrane.
Polêmicas sem fundamentoOutro equívoco é acreditar que vacina causa autismo (transtorno psiquiátrico que pode levar a retardo mental e isolamento). A origem deste mito data de 1998, quando um estudo publicado na revista científica The Lancet lançou a suspeita. O trabalho analisou 12 crianças, nove delas autistas. Oito pais acreditavam que a doença havia se desenvolvido depois de as crianças terem recebido a vacina tríplice viral (contra rubéola, caxumba e sarampo).
Desde então, vários experimentos foram realizados para investigar a possível associação. Nenhum encontrou qualquer indício de que isso era verdadeiro. Em 2005, uma revisão de 31 pesquisas sobre o assunto realizada pelo Instituto Cochrane garantiu mais sustentação à inexistência de vínculo. "A ideia de fato não passa de um temor infundado", diz o médico Fábio Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia.
Desde então, vários experimentos foram realizados para investigar a possível associação. Nenhum encontrou qualquer indício de que isso era verdadeiro. Em 2005, uma revisão de 31 pesquisas sobre o assunto realizada pelo Instituto Cochrane garantiu mais sustentação à inexistência de vínculo. "A ideia de fato não passa de um temor infundado", diz o médico Fábio Castro, vice-presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia.
Por Carina Rabelo e Greice RodriguesFonte: IstoÉ
Especial Google
Como a marca mais badalada da internet construiu no Brasil, a partir do zero, uma operação que se tornou referência mundial
Em cada um dos últimos quatro anos, a receita do Google Brasil cresceu três dígitos e hoje a participação de mercado é de 90%, o mais alto índice do mundo
Religiosamente, toda quinta-feira, no final de tarde, os funcionários do Googleplex, a sede brasileira do grupo, se dirigem a uma sala batizada de All Hands. Esse é um dos momentos mais aguardados na semana pela equipe de 250 funcionários da operação brasileira. A expectativa não tem a ver apenas com o clima de descontração da reunião, sempre regada a cerveja e coxinhas. É que desses encontros, em que a equipe compartilha resultados e ideias, costumam surgir os projetos que levaram a subsidiária brasileira ao topo do melhor desempenho do Google no mundo. Desde 2005, primeiro ano de operação por aqui, o Google Brasil aumentou a receita em mais de 18 vezes e sua participação de mercado atingiu um nível inédito - de 47% saltou para 90%, o maior índice do mundo. Diversas de suas práticas têm sido adotadas por outras subsidiárias e o "case" Brasil se tornou uma referência até para os fundadores da companhia, Sergey Brin e Larry Page. Foram também as tardes de integração, uma invenção do escritório brasileiro, que ajudaram a empresa a enfrentar os episódios mais constrangedores de sua trajetória, como a acusação de abrigar pedófilos no Orkut, sua rede social. A filial, que por conta desse evento chegou a ser apontada como uma fonte de problemas para a matriz, hoje ocupa uma posição de destaque por seu desempenho. Tanto que o escritório de São Paulo se tornou responsável pelas operações da companhia na América Latina. Antes a região era dirigida diretamente de Mountain View, no Estado americano da Califórnia, onde fica o quartel-general mundial. O grande responsável por essa virada foi Alexandre Hohagen, um brasileiro de 41 anos, formado em jornalismo, com passagens por corporações como Banco Real e UOL. À frente das operações no País desde o início, o executivo hoje ocupa o cargo de diretor-geral da América Latina. "A criação de uma cultura única, reconhecidamente colaborativa e com os maiores índices de satisfação em toda a corporação, nos fez chegar até aqui", afirmou Hohagen em entrevista à DINHEIRO.
O País passou a figurar entre as prioridades do Google quando a empresa decidiu que era o momento de diminuir a excessiva dependência do mercado norte-americano. Mas, diferentemente dos outros países escolhidos - China, Índia, México e Hong Kong -, o Brasil não inspirou, de cara, confiança aos fundadores Larry Page e Sergey Brin para receber uma estrutura completa. A ideia inicial era abrir apenas um escritório regional de vendas. "O potencial do mercado, a explosão do comércio eletrônico e a complexidade tributária pesaram na mudança de estratégia para o País", conta Hohagen. Empresa jovem, com apenas seis anos de existência na época, o Google não tinha experiência em comandar operações em países emergentes a distancia. Até então os clientes da América Latina eram atendidos por funcionários localizados em Dublin, na Irlanda. "A orientação que recebi foi: vai lá, monte uma operação e faça ela crescer", lembra Hohagen, quando foi convidado para assumir a companhia no Brasil. Dessa forma, ele cumpria um antigo projeto pessoal. Desde que era um assessor de imprensa na Dow Química, mais de 15 anos antes, ele já garantia que um dia seria presidente de uma multinacional. Hoje, o executivo segue os hábitos típicos dos comandantes de empresas ícones do mundo digital. Tem uma presença ativa na internet e costuma trocar ideias descontraídas com internautas em sua página no Twitter. "Encarei um prato de miojo agora à noite. Um pouco de carboidrato para aguentar o frio da corrida amanhã cedo!", foi uma de suas mensagens. Em quatro anos, se tornou uma referência no mundo da tecnologia no Brasil. Foi, por exemplo, convidado para participar de um almoço com o príncipe Charles no Palácio do Itamaraty, quando o sucessor do trono inglês visitou o Brasil. Também foi convocado para falar sobre novas tecnologias para o embaixador americano no Brasil.
Foi a facilidade de comunicação que fez o executivo enfrentar a ação do Ministério Público contra a empresa. O Google foi cobrado pela Justiça e pela Polícia Federal por não colaborar com investigações sobre pedofilia na internet. De acordo com os investigadores, a empresa se negava a divulgar o nome de internautas que mantinham um conteúdo de pedofilia no Orkut. O Ministério Público chegou a pedir o fechamento das operações no País. Até ameaças de prisão, Hohagen ouviu. "Ele foi extremamente hábil e assumiu uma postura contrária a uma recomendação errônea que vinha da matriz de manter os dados em sigilo", afirma Moacir Oliveira Júnior, professor de estratégia da FEA-USP. Para o executivo Roberto Grosman, que durante dois anos comandou a área de AdSense do Google para a América Latina, a capacidade de Hohagen de separar o problema das atividades da companhia "salvou a subsidiária do seu fechamento". "Ele mantinha a equipe informada do que estava acontecendo, mas não permitiu que a crise contaminasse os negócios internos", lembra Grosman. Hohagen conta que, assim que o assunto veio à tona, ele se colocou como o responsável pelo relacionamento com as autoridades. Não se trata de um ato heroico. "Dessa forma, deixei os demais executivos livres para tocar os negócios e, assim, preservar o ambiente de trabalho", diz ele.
CLAUDIO GATT I/ AG . ISTOE
Menos ruidosa, mas igualmente feroz, foi a briga pelo mercado brasileiro de buscadores. Com apenas cinco funcionários, Hohagen teve de brigar contra o domínio de seu arquirrival, o Yahoo!, que em 2002 havia adquirido o sistema de busca do Cadê. "Saímos agressivamente para fechar parcerias com os grandes portais", conta Hohagen. O cenário logo se reverteu. Hoje, a maioria dos sites usa o sistema do Google, entre eles UOL, Terra, IG e Globo. Em pouco menos de um ano, a equipe brasileira elevou o nível de participação de mercado a quase 90%, enquanto nos EUA e na Europa é de 57% e 70% respectivamente. Em uma visita-surpresa ao Brasil, no início de 2006 (leia no quadro escrito por Hohagen), os fundadores do Google descreveram a imagem que a subsidiária brasileira conquistou lá fora. "Viemos conhecer o escritório local, que tem a equipe mais motivada e barulhenta do Google", disse Brin. "Queremos aprender mais sobre as operações no Brasil. Este mercado é diferente de qualquer outro, muito mais social e dinâmico." O que chama a atenção da matriz é a rapidez com que os produtos do Google são absorvidos no País. No Orkut, a comunidade brasileira é líder absoluta. Já no YouTube, o País é o quinto em número de visitas e usuários em todo o mundo. "Mas a marca que mais impressiona é que o Youtube Brasil, desde o começo da operação, foi um dos que mais cresceram em receita", afirma Hohagen. De acordo com o executivo, no início de junho, por exemplo, todas os espaços publicitários para o mês já estavam vendidos. "Estamos agora exportando essa experiência para o Orkut", revela.
Enquanto as parcerias online iam se firmando, os executivos empenharam-se na evangelização de clientes. "Nossa estratégia é catequizar o mercado por meio de workshops e divulgações de resultados", revela Alex Dias, responsável pelas operações do Google no Brasil. A equipe passou a frequentar ativamente encontros empresariais para apresentar seu modelo de publicidade. "O Hohagen sempre esteve muito mais na mídia do que outros diretores-gerais", afirma Grosman. A operação nacional adotou uma nova estrutura de atendimento. "Eu não tenho especialistas em vendas, e sim pessoas que conhecem muito cada segmento específico da economia", explica Hohagen. A empresa contratou, por exemplo, o VP de marketing do Carrefour para assumir o cargo de diretor de negócios do varejo. E trouxe um executivo da Volkswagen para cuidar dos clientes do setor automotivo. Bem-sucedido, esse modelo foi exportado para outras subsidiárias. Em cada um dos últimos quatro anos, a receita da operação no Brasil registrou um crescimento de três dígitos. E a empresa não divulga sua receita no País. No mundo, o Google obteve um faturamento de US$ 20 bilhões em 2008. O modelo de publicidade criado pelo Google permite à empresa atingir de grandes a microempresários. Como é o caso do Vidinha Doces, um negócio familiar que usa o sistema de links patrocinados como única ferramenta de publicidade. "Em três meses, nosso faturamento cresceu mais de 70%", afirma Marco Leitão, que investe R$ 150 por semana no modelo de publicidade. Hohagen não revela o número de clientes no Brasil, mas deixa claro qual sua ambição. "Acreditamos que 1,2 milhão de empresas brasileiras estejam na internet. Meu foco é atingir todas elas", afirma ele.
Diário de Hohagen
O presidente do Google para a América Latina, Alexandre Hohagen, costuma dizer que ainda escreverá um livro sobre sua experiência na empresa. Os três textos abaixo, redigidos para a DINHEIRO pelo próprio Hohagen, um jornalista por formação, poderiam tranquilamente ser incluídos na obra planejada.
Surpresa: os donos chegaram
Era o começo de 2006, recebi uma chamada do gerente de relações governamentais para dizer que os fundadores do Google, Larry Page e Sergei Brin, e o CEO da empresa, Eric Schmidt, gostariam de conhecer o presidente Lula durante o Fórum Mundial, em Davos. Preparei um relatório sobre nossos desafios, a operação local e o País. Fiquei na expectativa de saber como havia sido a reunião. Ouvi que Eric ficou muitíssimo impressionado com Lula. E que Lula se disse fã do Google Earth. Para minha surpresa, logo depois desse encontro, recebo um e-mail de uma das secretárias de Larry e Sergei dizendo que eles passariam no Brasil no caminho de volta para conhecer um pouco mais sobre o etanol brasileiro. Combinamos uma visita à Cosan, muito bem ciceroneada por Rubens Ometto e Paulo Diniz. O detalhe foi a surpresa que preparei para o pessoal do escritório. Combinei com os dois e, sem dizer nada aos funcionários, pedi para que todos me esperassem no escritório para um almoço especial. Pedimos alguns sanduíches e na hora marcada cheguei de surpresa com os fundadores do Google. A reação do time foi fantástica!
Pane no ar
Entre 2007 e 2008 conversamos com as Organizações Globo para estabelecer uma parceria mais ampla com o grupo. Além do nosso motor de busca e soluções de monetização nos sites da Globo, havia também a nossa solução e plataforma de e-mail. Aproveitando a visita de Omid Kordestani, vicepresidente global de negócios, conseguimos marcar com Juarez Queiroz e Jorge Nóbrega, altos executivos da Globo, uma reunião no Rio, no único horário na corrida agenda dos executivos. Era "a oportunidade" para avançar nas conversas. A bordo do jato da empresa, exatamente na metade do caminho entre São Paulo e Rio, a aeromoça avisa que um problema nos obrigaria a voltar para São Paulo. Sabendo da importância da reunião e da dificuldade de conciliar as agendas novamente, insisti. Foi quando o capitão nos avisou que uma ave havia se chocado e trincado o para-brisa da aeronave e teríamos que regressar para manutenção no hangar em São Paulo. Não era para ser...
Roberto Irineu e Eric no Projac
Eric Schmidt veio ao Brasil para uma visita de alguns dias, em 2007. Em função do incidente que nos obrigara a desmarcar a visita à Globo, pedi que ele nos acompanhasse a uma viagem ao Rio, desta vez para uma conversa com Roberto Irineu Marinho e equipe. Chegamos ao Projac vindos de um rápido tour de helicóptero pelos pontos turísticos do Rio. Após algum tempo de reunião, Roberto Irineu nos convida para uma visita às instalações e estúdios do Projac. Num desses carrinhos elétricos, nosso anfitrião dirige e nos guia ao lado de Eric, impressionado com o tamanho e a qualidade do local. No ano passado, a parceria foi fechada e implementada.
Google além do buscador
Não só de buscas vive o portal. A companhia desenvolveu várias outras maneiras de conquistar usuários e receitas, inclusive com produtos pagos
Se há uma receita que explique o sucesso do Google é essa: a empresa sabe desvendar os desejos de internautas de todo o mundo. Com suas criações, acabou revolucionando a maneira de as pessoas lerem e-mails, procurarem caminhos e até conhecerem pessoas.
Seja no Brasil, seja na Nova Zelândia, Alemanha ou México, sua ferramenta gratuita de busca é a mais acessada e garante praticamente toda a receita da companhia com a venda de anúncios. Para se ter ideia, 98,5% do seu faturamento é proveniente da publicidade online no site de busca e nas suas outras ferramentas. Mas o Google ainda tem muito que lucrar com suas outras faces, ainda pouco disseminadas. Gratuitas, com exceção dos pacotes para grandes corporações (leia no quadro ao lado), as soluções seguem a filosofia de reunir, organizar, compartilhar e divulgar informações de maneira prática e simples. Aqui reunimos algumas das principais delas, que prometem ajudar os usuários a organizar sua vida virtual.
Criado em 2004 com 1GB de espaço de armazenagem, o serviço gratuito de e-mail Gmail modificou o conceito de webmail e forçou o mercado a se reinventar. Seu surgimento forçou o Yahoo e a Microsoft, que ofereciam apenas 6MB e 2MB (1MB equivale a 1 milhão de bytes) respectivamente, a aumentar a capacidade dos seus serviços de mensagens para continuarem competitivas. O mesmo teve de ser feito por outros servidores pagos. Pouco tempo depois, o Gmail aumentou novamente o espaço oferecido e assim sucessivamente a ponto de, hoje, cada usuário poder guardar 315 bytes por segundo em seu endereço virtual.
Gtalk
Para atrair ainda mais usuários, em agosto de 2005, as contas de e-mail do Google ganharam mais uma funcionalidade: um serviço de mensagem instantânea. Com o Google Talk, as pessoas podiam usar gratuitamente o comunicador enquanto estavam na página do Gmail. O produto foi criado para competir diretamente com o MSN, da Microsoft, e o Yahoo Messenger, da Yahoo. De lá para cá, a ferramenta ganhou novas funcionalidades, como envio de documentos e integração do site de relacionamento Orkut. A inclusão da opção de áudio e vídeo também fez com que a empresa entrasse em uma disputa com o comunicador Skype.
Docs
Esta ferramenta permite que pequenas empresas economizem com licenças de softwares para realizar tarefas simples de editor de textos e planilhas. Com o Google Docs o usuário importa documentos, planilhas e apresentações. Como os documentos são armazenados online, o acesso pode ser feito de onde ele estiver. Ou seja, se uma pessoa tiver de modificar algum arquivo durante uma viagem para o Exterior, ela consegue cumprir a tarefa até se estiver em uma lan house. Outra grande sacada da ferramenta é permitir que os arquivos sejam compartilhados e alterados ao mesmo tempo por outras usuários do sistema.
Agenda
Gerenciar tarefas e compartilhar conteúdo com outras pessoas. Essa é a função do Google Agenda, um gerenciador de tarefas que se integra à conta dos usuários de e-mail do Google. Com uma interface simples e organizada, permite acessos a recursos como compartilhar agendas, agregar conteúdo de outras agendas e controlar eventos. Os compromissos podem ser visualizados por dia, semana ou mês. Imagine marcar um encontro com os amigos ou uma reunião com algumas pessoas do trabalho por meio do aplicativo. Para isso, basta incluir o evento na data e permitir a inclusão da informação na agenda por outros usuários.
Desktop
O Desktop Search foi criado com o objetivo de simplificar a organização de informações. É possível fazer buscas de arquivos dentro do computador, em e-mails do Outlook/Outlook Express, arquivos do Word, Excel e PowerPoint e histórico de páginas visitadas na internet. A ferramenta permite ainda que informações sejam inseridas e compartilhadas pelos usuários do sistema e traz uma barra lateral personalizável para acesso a outras seções, como a de notícias, meteorologia, fotos e e-mail.
Chrome
O browser Chrome surgiu, em setembro do ano passado, para competir com o Internet Explorer, da Microsoft, o Firefox, da Mozilla, e o Safári, da Apple. O navegador é capaz de gerenciar vários aplicativos independentes ao mesmo tempo, como acesso à internet, arquivos de música, processador de texto e organizador de fotos. Segundo um recente relatório da NetApplications, até abril deste ano, o navegador do Google possuía 1,8% do mercado mundial. O Explorer ainda lidera de longe o segmento de browser com 65,5%, sendo que o Mozilla detém 22,5% e a Apple, 8,4%.
Maps
Encontrar locais específicos, traçar rotas de tráfego e visualizar mapas: esse é o papel do Google Maps. O serviço disponibiliza mapas e rotas para qualquer ponto do planeta. A versão brasileira traz ainda o Local Business Center, ferramenta que permite o cadastro de empresas que queiram ser encontradas no sistema por qualquer usuário. Algumas empresas petrolíferas, por exemplo, já utilizam a solução para visualizar pontos estratégicos para pesquisas de novas bacias de petróleo.
Earth
Quando surgiu, em 2004, o Google Earth revolucionou a maneira como enxergamos o mundo. Com ele, é possível ver imagens de satélite, mapas, terrenos e construções em 3D. O sistema pode ser adaptado para necessidades corporativas no formato Pró. Nesta versão, é possível realizar pesquisa e inclusão de dados e restringir o acesso a elas. Como exemplo, a Eurodisney criou uma ferramenta interativa que proporciona aos clientes uma viagem tridimensional pelo destino turístico.
De olho nas empresas
Hoje, 98,5% do que o Google fatura vem das vendas de anúncios nas páginas de suas ferramentas. Mas a companhia quer diminuir essa dependência, ampliando as fontes de geração de lucro. Daí surgiu o Google Enterprise. Trata-se de pacotes das ferramentas já existentes adaptadas para as necessidades empresariais, com a vantagem de contar com o suporte técnico e hospedagem de informações nos servidores do Google. Hoje, essas soluções representam apenas 2% do faturamento. "É um número ínfimo perto do potencial que podemos atingir. Estamos mostrando às empresas como elas podem explorar nossos produtos para aumentar a produtividade", afirma Alexandre Hohagen, diretor-geral do Google América Latina. A grande vantagem dos pacotes corporativos para as empresas é a facilidade de implementação do sistema por parte dos colaboradores. Como as soluções são baseadas em produtos já disponíveis gratuitamente pelo Google no mercado, muitas pessoas têm familiaridade com algumas das ferramentas e dispensam treinamentos técnicos e apresentações. Entre os produtos do pacote estão o Docs, Desktop, Agenda e Gmail. Um serviço semelhante ao Enterprise é oferecido, gratuitamente, para empresas que tenham menos de 50 acessos a uma única rede. Para esse público, o pacote de aplicativos é o APP e o suporte é online.
A economia segundo o Google
O site já é capaz de antecipar grandes indicadores econômicos e pode estar criando um futuro em que o preço de todas as transações será definido em leilões
"Fazer previsões é sempre difícil, especialmente sobre o futuro." Durante muito tempo, a frase do jogador de baseball Yogi Berra ficou na cabeça de Hal Varian, um acadêmico californiano que se tornou economista-chefe do Google. Até que, recentemente, ela serviu de inspiração para um dos maiores insights de sua vida - se prever o futuro é tão difícil, por que não prever o presente? Em abril deste ano, a ideia foi colocada num trabalho chamado "Prevendo o Presente a Partir do Google Trends". Mas, mais do que um simples exercício acadêmico, Varian foi um dos primeiros a apontar, já naquele mês de abril, que a recessão americana apresentaria sinais de melhora. Isso porque as buscas relacionadas a temas como seguro-desemprego e recolocação profissional no Google estavam perdendo a intensidade. Decorridos 21 dias, quando o Departamento de Estatísticas de Emprego dos Estados Unidos revelou seus resultados, a tese de Varian se confirmou. Mas quem soubesse disso de antemão poderia também ter antecipado a alta do mercado acionário, que foi próxima a 50%.
Na verdade, o que muitos consultores e futurólogos fazem é justamente prever tendências a partir de estatísticas divulgadas por governos, entidades setoriais e empresas. Ocorre que as estatísticas sempre se tornam públicas com algum atraso, desde a coleta de dados até os resultados. O Google, ao contrário, pode fornecer uma fotografia instantânea, ainda que sujeita a imprecisões. Varian cita como exemplo o mercado de automóveis. A quantidade de buscas por um determinado modelo irá se refletir, futuramente, em vendas reais. Segundo Qinq Wu, um dos economistas da equipe de Varian, o Google pode ser definido como "o barômetro dos tempos modernos". Um produto demandado, e portanto valioso, estará no topo de uma lista de buscas, enquanto uma mercadoria encalhada terá poucos visitantes.
Por dispor da maior base de dados do mundo, o Google criou divisões de trabalho corporativas para ajudar as empresas a interpretar as informações e, a partir delas, conquistar novos clientes. As divisões mais importantes são as de varejo e serviços financeiros. Dias atrás, o responsável pela área global de serviços financeiros do Google, Jon Kaplan, falou com exclusividade à DINHEIRO. "A crise quebrou paradigmas e fez emergir um novo cliente", disse ele. "Além de mais atento aos custos e à comparação de serviços, ele passou a se focar em segurança e preservação de capital." Todas essas tendências podiam ser detectadas em expressões que eram colocadas na tela de buscas do Google. Entre elas, "stress-tests" (os testes aos quais os bancos americanos foram submetidos) e "FDIC" (o organismo governamental que garante os depósitos bancários). "Em plena crise, o Chase Manhattan, que trabalhou o conceito de segurança, aumentou seus depósitos em US$ 700 bilhões", diz Kaplan. Também se beneficiaram corretoras que operam sistemas de home-broker nos EUA, como e-trade e Ameritrade, em detrimento dos fundos. "Muitos investidores ficaram desapontados com seus gestores e se deram conta de que, se eles perdiam 40% do capital, seria melhor agir por conta própria."
No Brasil, o mesmo fenômeno foi observado. De acordo com Andreas Huettner, diretor-executivo do Google no Brasil, a combinação de palavras mais pesquisada no auge da crise foi "investimento seguro". Com o passar do tempo, a aversão ao risco diminuiu e o consumidor voltou a buscar operações de crédito de longo prazo. "Tudo muda rápido e as empresas só têm a lucrar se estiverem sintonizadas com os internautas", disse Huettner à DINHEIRO. Ele falou de uma pesquisa recente feita pelo Google em que as ferramentas de busca foram apontadas como a segunda maior fonte de informações para a tomada de decisões de compra de produtos financeiros - perdem apenas para os sites dos bancos.
Com os dados na mão, as equipes do Google procuram as empresas para vender seu principal produto: o AdWords, que comercializa links patrocinados para uma determinada expressão-chave. Ela pode estar relacionada a uma decisão econômica em tempos de crise, como "investimento seguro". Neste caso, o internauta encontrará links para a corretora Ágora, que é cliente do Google. E é com essa venda de publicidade, por meio de leilões abertos, que o Google obtém uma receita anual de US$ 21 bilhões. Nesse mercado, em que se realizam milhões de leilões a cada dia, o economista Hal Varian criou seu próprio índice de inflação. Trata-se do KPI (keyword price index), que mede os preços das palavras-chave. Essa imensa máquina de leilões poderá vir a ser, segundo Eric Schmidt, CEO da empresa, um modelo para todas as transações comerciais do futuro, em que não existirá um preço fixo e predeterminado - mas, sim, um preço a ser negociado a cada instante entre compradores e vendedores. Eis aí a grande utopia da Googlenomics.
Google na mira
As ameaças que pairam sobre a empresa no momento de sua transição de "site bacana" para "gigante corporativa"
Atuação em pratos limpos: transparência é o caminho para a empresa de Brin e Page evitar problemas
Assim que surgiu para o mundo, há apenas dez anos, o Google se tornou uma das empresas mais "bacanas" do mercado. Criativo, inovador, o buscador oferecia serviços e ferramentas simples e úteis, além de se apresentar com cara de bom-moço. Mas a lua de mel durou até que o Google ficasse grande e começasse a investir nas mais diversas áreas do mundo da tecnologia, dos navegadores às redes sociais. De queridinho dos internautas passou a ser alvo das mais variadas acusações. "O Google se tornou muito poderoso, talvez por captar tanta informação de seus usuários. E, quando alguém fica muito poderoso, as pessoas ficam mais desconfiadas", diz o analista do Gartner, David Mitchell. Um dos ataques recorrentes é a de invasão de privacidade. O ex-beatle Paul McCartney exigiu que a foto de sua casa fosse retirada do Google Earth, pois a imagem, de certa forma, expunha sua intimidade. Aqui no Brasil, a empresa sofreu pressão semelhante, quando um vídeo com cenas "calientes" da modelo Daniella Cicarelli com o namorado foi postado no YouTube, o site de vídeos do Google. Revoltada, a modelo conseguiu na Justiça a retirada do vídeo do ar. Mais recentemente, nos EUA, a empresa foi obrigada a pagar US$ 125 milhões para editoras e autores a título de direitos autorais de livros que escaneou e colocou à disposição gratuitamente na internet. Resolvido? Não. Logo, o Departamento de Justiça dos EUA começou a investigar o acordo para saber se ele fere as regras comerciais antitruste. Em 2008, as mesmas autoridades barraram a possível associação do Google com seu rival, o Yahoo!
A companhia fundada pelos jovens Sergey Brin e Larry Page parece trilhar os passos da Microsoft. A admiração inicial por Bill Gates e por sua criação foi se transformando, ao longo do tempo, em manifestações contra o poder econômico e a postura monopolista exercidos pela Microsoft, segundo seus críticos. Para o Google, porém, as ameaças ainda não estão tão presentes. "No momento, o maior risco é interno", diz Alberto Griselli, sócio da consultoria Value Partners no Brasil. "Quanto maior a empresa, menor tende a ser o ímpeto inovador, e isso seria fatal para o Google." Externamente, porém, ele acredita que o Google ainda está longe de enfrentar dificuldades realmente sérias - a companhia, diz, gera negócios para muitas empresas e as ajuda a aumentar suas receitas. O melhor antídoto contras as ameaças é a transparência, na opinião de Fábio Filho, diretor-geral da Canonical, empresa de investimento em tecnologias de internet. "Muitos acusam o Google de dominar informações demais. Mas foram os próprios usuários que as disponibilizaram", diz Filho.
Por José Sergio Osse
Fonte: IstoÉ Dinheiro
Alinhamento, resiliência e determinação para liderar melhor
Sempre que as vejo me pergunto, será que alguém realmente presta atenção e se importa com essas teorias? Elas, de fato, são reais? E as empresas que trabalham com propostas alternativas em suas estratégias e que aplicam consciência, responsabilidade e sustentabilidade em seus negócios, como estão no mercado?
Não há respostas para todas essas perguntas que estou colocando aqui, mas sem dúvida há um raciocínio que pode ajudar as empresas a encontrar esse caminho, envolvendo e transformando a cultura da companhia com mais consciência e inspiração. O primeiro passo é entender que a crise veio de uma série de comportamentos destrutivos do mercado global e seus profissionais. Seria como se a economia estivesse com uma indigestão de crédito, gastos e investimentos impensados, consumo excessivo e negócios inconscientes.
Além disso, todas essas condutas são sempre renovadas quando o governo e as autoridades financeiras de cada país prometem resolver os problemas -injetando milhões para tapar os buracos do mercado. Esse método pode ajudar em um primeiro momento, mas não ataca a causa principal. Ignorar as consequências de uma sociedade inconsciente como a nossa, a médio e longo prazo, poderá ser ainda pior.
Claramente, todas essas ações são importantes e vitais, porém, são paliativas e geram uma grande domesticação da inconsciência de diferentes agentes da economia. Mais cedo ou mais tarde uma nova crise virá, talvez pior do que a atual e seremos obrigados a mudar, enquanto sociedade.
Trazendo para o mercado corporativo, essa inconsciência cria uma divisão entre os diferentes departamentos, os quais ao invés de dialogarem, têm apenas monólogos. Ninguém ouve ninguém, o mais importante fica sendo mostrar que você está certo, impondo suas perspectivas aos outros. Não há contato e nem conexão entre os líderes e funcionários e isso, claro, gera sérios problemas de gestão.
Nesse ponto os líderes precisam avaliar diferentes perspectivas e se fazer questões do tipo: como podemos usar uma situação ruim para nos tornar um tipo diferente de organização? Quais os tipos de líderes eu tenho em minha companhia? Quais são suas qualidades? Quais os tipos de times eu quero trabalhando comigo? A questão do ser deve preceder ao de fazer?
Para o profissional a característica mais evidente dessa inconsciência individual é a vitimização, que não permite às pessoas lidar com os problemas e com os medos. Ao invés de assumir a liderança, o profissional prefere culpar as circunstâncias e as pessoas, por qualquer coisa que não dá certo.
Há várias ações que podemos tomar, mas só faremos coisas diferentes se realmente mudarmos o nosso jeito de pensar e o que valorizamos. Sem isso continuaremos fazendo o mesmo, mas esperando consequências diferentes. Alinhamento, resiliência e determinação são habilidades necessárias para motivar a equipe.
Para sair das atitudes inconscientes para as conscientes, um bom começo são os líderes se conhecerem e se desenvolverem pessoalmente -pouco a pouco revisar suas crenças e sua maneira de gerir as pessoas. Seguindo isso de forma eficiente, em médio prazo, será possível transformar a cultura da empresa, redirecionando a estratégia de ser parte do mundo de problemas e começando a assumir a responsabilidade para resolvê-los. Sempre procurar construir ou resgatar valores e converter conhecimento em atitudes conscientes.
Por Cristina Nogueira, presidente da Axialent Brasil.
Fonte: Valor Econômico.
O que se come em 1 semana
1 semana.
1 - Alemanha: Família Melander de Bargteheide.
Despesa com alimentação em 1 semana: 375.39 Euros / $500.07 dólares
2 - Estados Unidos da América: Família Revis da Carolina do Norte
Despesa com alimentação em 1 semana: $341.98 dolares
3 - Italia: Família Manzo da Secília
Despesa com alimentação em 1 semana: 214.36 Euros / $260.11 dolares
4 - México: Família Casales de Cuernavaca
Despesa com alimentação em 1 semana: 1,862.78 Pesos / $189.09 dólares
5 - Polónia: Família Sobczynscy de Konstancin-Jeziorna
Despesa com alimentação em 1 semana: 582.48 Zlotys / $151.27 dólares
6 - Egito: Família Ahmed do Cairo
Despesa com alimentação em 1 semana: 387.85 Egyptian Pounds / $68.53 dólares
7 - Equador: Família Ayme de Tingo
Despesa com alimentação em 1 semana: $31.55 dólares
8 - Butão: Família Namgay da vila de Shingkhey
Despesa com alimentação em 1 semana: 224.93 ngultrum / $5.03 dólares
9 - Chade: Família Aboubakar do campo de refugiados de Breidjing
Despesa com alimentação por semana: 685 Francos / $1.23 dólares
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Proibida a venda de formol
A adulteração de produtos cosméticos, com adição de formol, já é considerado crime hediondo pelo Código Penal Brasileiro, informa a agência. Os estabelecimentos abrangidos pela resolução terão o prazo de 180 dias para promover as adequações necessárias.
Fonte: Cosmetics & Toiletries
Rum premium em garrafa idem
Fonte: Embalagem Marca
Explosão de sabor
Caixa de doces sabor leite com coco com a imagem de Osama bin Laden foi comprada em uma feira da cidade de Kandahar, no Afeganistão.
Foto: Jorge Silva/Reuters
Fonte: globo.com
Habib's investirá em 500 lojas na China
Em entrevista ao DCI, João Augusto Ribeiro Penna, diretor de Operações da companhia, disse que o planejamento estratégico não foi integralmente concluído, mas calcula que as primeiras dez lojas consumirão aproximadamente US$ 10 milhões. O executivo chegou na semana passada ao País, depois de passar 15 dias conhecendo aquele mercado e fazendo reuniões com investidores do grupo chinês Real Intercontinent, sediado em Tiajin.
Penna destaca que será instalada uma fábrica que produzirá toda a matéria-prima necessária para a operacionalização das lojas, assim como acontece por aqui. Ao final dos cinco anos, a estrutura planejada incluirá mais seis centros de distribuição, que atenderão as filiais localizadas dentro de um raio de no máximo 300 quilômetros. "Deveremos importar carne da Austrália ou desenvolver uma criação de pecuária no país. Avaliamos as duas hipóteses", diz o executivo. Também serão incorporados ao cardápio produtos típicos da culinária chinesa.
Experiência
A rede retoma os planos quase oito anos depois de sua primeira experiência internacional, na qual o alvo eram os Estados Unidos, que consumiu muito tempo de Alberto Saraiva, presidente do Grupo Alsaraiva, que congrega marcas de restaurante Habib's e o italiano Ragazzo, a panificadora Arabian Bread, a fábrica de sorvetes Ice Lips, a de laticínios Promilat, o contact center Voxline e a agência de turismo Bib's Tur.
Saraiva havia montado uma diretoria na Flórida e escolhido os pontos, mas os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 levaram por água abaixo os planos da empresa em terras norte-americanas, uma vez que sua comida é árabe. A saída encontrada pelo empreendedor foi migrar com os planos no México, o país mais próximo.
A empresa instalou sete lojas naquele país, mas não procurou nenhum parceiro local. Apesar de contabilizar bons resultados, nenhum diretor permanecia no cargo no México por muito tempo, pois haviam sido preparados para trabalhar na Flórida. Até o próprio presidente morou lá por dois anos, mas resolveu vender as lojas ao Burger King, recuperando ainda parte do investimento aplicado. "Ter um sócio local permite conhecer melhor o mercado que queremos explorar", afirma o diretor de Operações do Habib's. A empresa conta ainda com a consultoria da Global Franchise, especializada em levar marcas brasileiras de franquias ao exterior e vice-versa.
Na opinião de Ricardo Camargo, diretor executivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o continente asiático é a terceira principal região que oferece potencial de expansão às marcas nacionais, apenas atrás da América Latina e da América Central, respectivamente. Camargo diz que a marca de calçados e acessórios Arezzo também está negociando a instalação de lojas em território chinês.
Fonte: DCI
Você já viu 1 bilhão de dólares?
Essas são as obras do artista Michael Marcovici que entre outras coisas também "embalou" sacos de areia "rolex".
Areia da vida
Os sacos de areia Rolex seriam embalados em sacos de 30Kg, Cada saco equivaleria a 30 dias de "areia" fluindo numa ampulheta padrão. Em 18 pallets, seriam 972 sacos com o peso total de mais de 29 toneladas, o que seria suficiente para uma generosa espectativa de vida de 81 anos.
As últimas imagens se referem a "areia" que já foi gasta durante a vida do artista de 39 anos.
Fonte: geekologie.com