Cadiveu publicou fotos de ação em feira com peruca do tipo black power.
Mulheres de cabelo crespo protestam e dizem que marca é preconceituosa.
Uma ação de marketing da marca de cosméticos e produtos capilares
Cadiveu vem causando polêmica na internet e revolta de mulheres de
cabelos crespos, que passaram a lotar a página da empresa no Facebook
com comentários de protestos e pedidos de retratação.Tudo começou após a Cadiveu publicar em sua fanpage no Facebook um álbum de fotos de uma ação de divulgação para o estande da marca na Beauty Fair 2012, feira internacional sobre cabelos que aconteceu em São Paulo. Na ação, visitantes foram convidados para posarem usando perucas gigantes, que lembram um penteado black power, e mostrando uma placa com os dizeres: “Eu preciso de Cadiveu".
Usuários das redes sociais se sentiram ofendidos com a campanha que foi classificada de "mau gosto", "preconceituosa" e "racista". As críticas levaram a fundadora da empresa, Claudia Alcantara, a postar uma mensagem de esclarecimento que só elevou ainda mais a temperatura da polêmica por tratar a ação de marketing como uma "brincadeira".
"Quero dizer a vocês que essa brincadeira que nós fazemos é tão divertida e contagiante, que é sucesso no mundo inteiro, em todos os eventos", postou a empresária. "Essa 'peruca' é falsa, feita de plástico e não lembra um cabelo humano nem a quilômetros de distância", acrescentou.
Apesar das tentativas de retratação, os protestos continuam e foi lançado até uma campanha de boicote à marca. As criadoras do blog Meninas Black Power convocaram as mulheres de cabelo crespo a publicarem fotos com as mensagens #eunaoprecisodecadiveu #blackpowercontraopreconceito e #duroeoseupreconceito. No Tumblr, foi criada também a página Não preciso de Cadiveu.
“O que a marca chama de proporcionar diversão é o que todos os dias vemos com razão de enfrentamento. Há diversos penteados blacks pelas ruas sendo ridicularizados e a marca parece apoiar isso. Está claro que a empresa sugere que quem assume o crespo natural precisa usar química que reverta o crespo em liso", diz o manifesto de protesto do blog, que reúne mais de 40 mulheres.
Empresa diz que que 'respeita a diversidade'
Procurada pelo G1, a fundadora da Cadiveu afirmou, em nota encaminhada por sua assessoria de imprensa, que "em nenhum momento houve a intenção de causar constrangimento ou preconceito nessa ação".
"Trata-se- de uma ação que realizamos durante as feiras de beleza que participamos. A mesma foi criada em 2011 e tem como principal intuito incentivar a interação do publico com os produtos Cadiveu", afirma Claudia Alcântara. "Nossa linha de produtos é extensa e procuramos sempre atingir todos os públicos. Prova disso, é que temos entre nossos produtos uma linha chamada Bossa Nova, desenvolvida especialmente para quem tem cabelos cacheados. Queria reforçar que a Cadiveu é uma empresa 100% brasileira, que respeita a diversidade do nosso país, em todos os sentidos", acrescentou.
Em sua página na internet, a Cadiveu afirma possuir "uma gama de produtos para transformação, descoloração e tratamento dos cabelos" e estar presente em mais de 50 países.
Pela reação dos internautas nos comentários, a polêmica parece ainda estar longe de acabar.
Reclamação ao Conar
As integrantes do blog Meninas Black Power afirmam que encaminharão ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) uma reclação formal contra a Cadiveu. O G1 apurou que o Conar já recebeu reclamações de consumidores contra a empresa e avalia a abertura de um processo.
Segundo a Élida Batista, de 21 anos, o pedido de desculpas feito pela empresa no Facebook não pode ser considerado uma retratação, mesmo porque as fotos da ação de marketing continuam no ar.
"Só vamos parar a mobilização quando houver uma ação efetiva. Quando a empresa parar de usar essas perucas e parar de passar a mensagem de que o cabelo crespo natural é feio e precisa de química para ser digno de aceitação", disse ao G1 a integrante do Meninas Black Power. "O pior de tudo foi a empresa colocar a ação como algo divertido. Como é que se pode divertir pessoas humilhando outras?", completou.
Fonte: G1
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