O esmalte, novo queridinho das grifes de luxo, ganha status de acessório. Um vidrinho pode custar até R$ 500 mil.
Nenhum item é tão desejado e esperado quanto os esmaltes durante as semanas de moda europeias. O burburinho é ainda maior quando o assunto são os produtos com valores astronômicos, que podem custar até R$ 500 mil – como no caso do esmalte recém-lançado pela joalheria americana Azature, que contém exorbitantes 267 quilates de diamante em um único vidrinho. E Azature não é a única a apostar na disposição dos muito ricos a desembolsar seu dinheiro nesse tipo de extravagância. Há dois anos, a grife inglesa Models Own abalou o mercado de luxo com esmaltes como o Gold Rush, com embalagem revestida em ouro e um preço nada modesto de R$ 225 mil.
Por trás dessas quantias exorbitantes, existe um mercado em franca
expansão, constituído por milhões de consumidoras mundo afora. E o
Brasil, como de costume, não fica de fora dessa tendência e já se tornou
o segundo maior país consumidor do produto, atrás apenas dos Estados
Unidos, segundo dados da Euromonitor. Só no ano passado, foram vendidos
211 milhões de vidrinhos no País, quantia que representa uma
movimentação superior à casa dos R$ 500 milhões. Participam
desse movimento as grifes mais importantes do mundo, como Chanel,
Givenchy e Dior, entre outras, com esmaltes de até R$ 140 (um vidrinho
das marcas mais populares custa, em média, R$ 2).
De acordo com Andreia Miron, consultora de moda e professora da
Faculdade Santa Marcelina, todo o falatório e crescimento do setor se
deve ao fato do esmalte ter virado um acessório de moda. “As mulheres
podem trocar de esmalte e continuar na moda sem precisar trocar todo o
guarda-roupa”, afirma Andreia. Tudo começou, segundo ela, há menos de
quatro anos, quando a indústria de cosméticos resolveu investir no
segmento ao perceber que havia espaço no mercado. As grifes de luxo
também têm papel de destaque nesse movimento. Isso porque são elas as
responsáveis por criar as principais tendências ou objetos-desejo,
fazendo com que a cada nova coleção surjam novidades que se espalham
rapidamente no mercado.
“A nova mania, agora, é combinar as cores dos esmaltes e batons”,
diz Rafaella Crepaldi, maquiadora da Nars. Mas antes dela vieram os tons
metalizados, efeitos craquelados e unhas texturizadas. “Não é à toa que
o cosmético tem se saído tão bem no País”, afirma Rafaella. “As
brasileiras são ávidas por novidades.” Enquanto algumas marcas, como a
Nars, optam pela diversidade e a ousadia das cores, a Givenchy prefere
agradar às mulheres mais sóbrias. “A gente brinca com as cores sem
precisar colocar o verde-limão ou o amarelo em nosso portfólio”, diz
Marcus Bari, maquiador da grife francesa.
Já a Yves Saint Laurent, da holding francesa LVMH, decidiu-se por
misturas inusitadas como roxo com dourado. Se não existe consenso quanto
aos tons, há algo que incomoda a todas elas, sem exceção: a Anvisa. De
acordo com Bari, a preocupação das marcas é trazer os novos produtos de
forma simultânea ao lançamento no Hemisfério Norte. “Mas acabamos
demorando cerca de um mês ou mais por causa dos atrasos para a liberação
na Anvisa”, afirma. “E as brasileiras querem usar o que está fazendo
sucesso lá fora, não estão dispostas a esperar.” Tantos lançamentos de
esmaltes no mercado têm seu motivo.
As grifes de luxo querem aumentar seus faturamentos com base nesse
segmento. Uma delas é a Yves Saint Laurent , que apresentou 14% de
crescimento no setor de cosméticos e perfumes, com um faturamento de €
1,7 bilhão no ano passado. “Nossa ambição é ser referência em esmaltes
de luxo”, diz Andrezza Mastiguim, gerente de marketing do segmento de
beleza da grife no Brasil. De carona nesse fenômeno, surgiram no País
semanas de moda voltadas para os esmaltes – como a Nail Fashion Week,
que teve sua segunda edição em 2012 – e até salões de beleza focados
exclusivamente em manicure e pedicure. Se depender dos envolvidos – e
das mulheres antenadas em moda –, esse segmento deve crescer ainda mais
nos próximos anos.
Fonte: Istoé Dinheiro
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