O designer italiano Vanni Pasca faz a curadoria de uma coleção de móveis inspirada no Brasil e produzida com matérias-primas nativas. A proposta é ousada: elevar o status dos produtos brasileiros.
Cordas que viravam cadeiras, tramados de arames que davam origem a fruteiras, fibras naturais como cúpulas de luminárias. Com esse tipo de reinvenção, os irmãos Fernando e Humberto Campana, de São Paulo, respectivamente arquiteto e advogado, driblaram a deficiência tecnológica da indústria brasileira de móveis e deram uma injeção de ânimo no design. Em 1992, o arquiteto e crítico italiano de design Vanni Pasca ficou impressionado com o trabalho da dupla e os levou, dois anos mais tarde, para expor em uma mostra de design na cidade de Verona, na Itália. Depois disso, os irmãos Campana ganharam o mundo com suas criações e hoje usufruem um prestígio no segmento de mobiliário de luxo.
Esse foi o primeiro passo da primeira grande revolução do design
brasileiro, que até hoje influencia o setor. Agora, o mesmo Vanni Pasca,
aos 76 anos, quer promover a segunda guinada no design brasileiro. Em
parceria com a loja paulistana A Lot Of, de móveis de alto padrão, a
ideia é fazer um mapeamento das matérias-primas do País e de sua
capacidade produtiva, para que depois dez designers de todo o mundo – um
deles brasileiro – desenhem peças de acordo com as necessidades do
País. Para isso, Pasca vai trabalhar junto ao designer e proprietário da
A Lot Of, Pedro Franco, que também recebeu o reconhecimento do
crítico.
A poltrona Orbital, que saiu da prancheta de Franco, foi capa do
livro Scenari del giovane design (Cenário do design jovem, em tradução
literal), lançado em 2002, organizado pelo agora companheiro de
empreitada. “Estamos fazendo uma seleção do dream team do design
internacional”, afirma Franco, um dos profissionais influenciados pelos
Campana. Ele diz ter investido R$ 120 mil nesse levantamento. A previsão é de que o custo total até o desenvolvimento da capacidade produtiva da coleção será de cerca de R$ 1 milhão. “A
proposta é genial, como outras que já foram tentadas”, afirma Giovanna
Ruiz, consultora de mercado de luxo e professora da Universidade Anhembi
Morumbi.
“Mas se a coleção emplacar, pode redefinir os rumos da indústria
moveleira nacional de alto padrão em todo o mundo.” O objetivo é que
essa coleção esteja pronta em abril do ano que vem, a tempo de expor as
peças no Salão Internacional do Móvel de Milão, a mais importante
exposição do setor. Só neste ano, o evento teve 292 mil visitantes,
sendo 188 mil estrangeiros de 154 países, de acordo com a Câmara
Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria. Franco quer aproveitar para
mostrar as dez peças da coleção, que vai se chamar A Lot of Home, e
tirar uma temperatura da receptividade. Se der tudo certo, os itens
começam a ser vendidos no Brasil.
Fonte: Istoé Dinheiro
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