Para o empresário e ex-diretor executivo do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) Emerson Kapaz, "alguns lojistas estão vendendo os produtos adquiridos com a cotação do dólar em baixa por valores mais altos prevendo um custo maior no momento da reposição do estoque, visando o equilíbrio em relação a um custo adicional na compra".
Ele ressalta que a questão é saber se este varejista está conseguindo vender igual ao concorrente, que pode não estar adotando esta estratégia, pois o consumidor também já busca os itens mais baratos. "Entretanto, alguns setores como o de automóvel e informática adotaram a tática de enfatizar o dólar a US$ 1,70, por exemplo, para aumentar o volume de vendas", disse.
Esse equilíbrio ressaltado por Kapaz traz também outra questão, de certa forma, preocupante. Se o dólar continuar a subir, as lojas que comercializam produtos importados podem começar o próximo ano com baixo estoque de produtos. Segundo apurou o DCI, importadores, supermercadistas e lojas de brinquedos frearam os pedidos e afirmam esperar a estabilização do câmbio para fazer a renovação dos estoques.
Apesar de acreditarem que o Natal será bom para as vendas, eles estimam que, no ano que vem, o mercado deverá desaquecer. No caso do varejo popular, por exemplo, as empresas almejam crescimento de 7% nas vendas de itens importados neste ano, mas apenas 3% em 2009.
De acordo com Gustavo Dedevits, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Produtos Populares (Abipp), os estoques para o ano que vem estarão baixos. "Estamos em uma praia e vemos a onda lá em baixo, não sabemos se é de surfe ou um tsunami que nos arrebentará. Apenas um dólar no patamar de R$ 2,00 estaria bom", avalia.
"Ninguém quer comprar agora. Todos vão esperar o começo do ano e a taxa de câmbio. Não tem como adiantar as importações", disse. Ele reforça que o pagamento das primeiras parcelas das compras dentro da Abipp já foi feito. "Em outubro, novembro e dezembro são efetuados os pagamentos. O ideal é vender tudo para capitalizar." Segundo o presidente, os 23 associados da Abipp distribuem os produtos a 55 mil pontos, em todo Brasil.
Para ele, este mercado é necessário à economia, pois corresponde a cerca de 30% do comércio em geral e atende as classes C, D e E. "Todos têm o direito de consumir. O que custa US$ 10 vai continuar a custar o mesmo, mas o consumidor, ao invés de pagar R$ 17, pagará R$ 23", disse.
Synesio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos alerta de que em 2009 os importados devem subir de preço e os estoques do varejo devem ficar baixos. "Não é muito problema, pois varejo e atacado vendem 30% no primeiro semestre e o restante no Dia da Criança e no Natal".
Alexandre Navarro, diretor da loja Navarro, especializada em bonés e óculos, e um dos diretores da União dos Lojistas da 25 de Março, diz ter mercadoria suficiente para começar o ano, assim como os outros lojistas, e que a alta do dólar não prejudica o fim do ano.
"A região da 25 [de Março] não tem um estoque apenas para reposição rápida, como acontece no comércio em geral, mas, um estoque que atenda à necessidade para o varejo." Quanto a repor estoque para 2009, o diretor é enfático: "Nem acabou o ano e boa parte dos comerciantes locais querem viajar ao exterior para renovar o estoque. Viajamos para a China em maio para receber as mercadorias até outubro."
Muito legal disponibilizarem esse tipo de informação! Adorei e quero continuar recebendo os informativos...
ResponderExcluir