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sábado, 27 de outubro de 2012

Nasce o BB Americas

Banco do Brasil inaugura filial nos Estados Unidos, mirando um mercado de 50 milhões de latino-americanos. 

Com uma população de 311 milhões de habitantes e um PIB estimado em US$ 15,1 trilhões – mais de cinco vezes o brasileiro –, os Estados Unidos são um objeto de desejo para qualquer empresa. Para o Banco do Brasil, a maior instituição financeira do País, não seria diferente. O BB, que já atua no mercado americano mediante filiais desde o fim da década de 1960, resolveu fazer a América de forma ambiciosa. No último dia 15, inaugurou o Banco do Brasil Americas, uma subsidiária integral nos Estados Unidos, com três agências na Flórida: Boca Ratón, Coral Gables e Pompano Beach. “Agora poderemos atuar no mercado americano de massa”, diz Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente do BB. 

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Na mira, 1,2 milhão de brasileiros que moram nos Estados Unidos, 250 mil deles na Flórida, e, de quebra, 50 milhões de latino-americanos. A primeira incursão do BB ao norte do Rio Grande aconteceu em 1969, com a abertura de sua agência em Nova York, seguida pela de Miami, na Flórida, inaugurada dez anos depois. No entanto, a nova unidade representa uma mudança radical na maneira de trabalhar por lá. “Nossas agências eram subsidiárias de um banco brasileiro, mas o Banco do Brasil Americas é um banco americano”, diz o CEO Leandro Alves. Pode parecer um pormenor irrelevante, mas faz toda a diferença. Antes, a atuação estava restrita a clientes de alta renda. “Era preciso ter, no mínimo, US$ 250 mil para abrir uma conta, mas agora é possível ser cliente do Banco do Brasil Americas com pouco dinheiro”, diz o executivo. 
Com isso, o BB poderá usar sua experiência no varejo para atrair correntistas, brasileiros ou não, nos Estados Unidos. A atuação será reforçada por uma rede de 50 mil caixas automáticos espalhados pelo país. “O cliente que mora em outros Estados americanos poderá abrir contas de maneira virtual”, diz Alves. “Não será necessário vir fisicamente ao banco.” Mesmo assim, a rede deverá crescer. “Nosso objetivo é inaugurar 16 agências nos próximos cinco anos e ter 100 mil clientes até 2020”, diz Caffarelli. A iniciativa na Flórida servirá, também, para o banco testar algumas ferramentas comuns nos Estados Unidos, mas que ainda estão em estudo por aqui. Um bom exemplo são os depósitos de cheques. 

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O cliente que receber um cheque não precisará comparecer à agência para depositá-lo: será possível fotografá-lo com o telefone celular e enviar a imagem pela internet, processo conhecido como trunking. No Brasil, o trunking já está sendo usado, mas sua aplicação restringe-se às agências bancárias muito distantes dos centros de compensação, para tornar mais ágeis os pagamentos. A estratégia está apoiada em uma vantagem comparativa que nenhuma outra instituição financeira americana possui, que é o conhecimento da freguesia. Para um banco americano, o brasileiro que se estabelece na Flórida, em Nova Jersey ou em Boston é um ilustre desconhecido. 
Para o BB, pode ser um cliente com histórico de crédito. Isso permitirá um conhecimento melhor na hora de conceder empréstimos, por exemplo. “Podemos usar o patrimônio do cliente no Brasil para avaliar seu perfil de risco”, diz Alves. Além de produtos tradicionais como contas-correntes, contas-poupança e cartões de crédito e de débito, ainda neste ano serão lançadas as primeiras hipotecas. O Banco do Brasil Americas alinha-se às demais iniciativas de internacionalização do BB, presente em 23 países, mas no varejo apenas no Japão e na Argentina. As próximas iniciativas terão como palco de operações a América Latina. “Estamos analisando bancos para comprar na Colômbia e no Peru”, diz Caffarelli.

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Enquanto isso...
A Pimco, maior gestora de renda fixa dos Estados Unidos, prepara seu desembarque no Brasil
Pacific Investment Management Company, ou, abreviadamente, Pimco. Não se surpreenda se você nunca ouviu falar dela. A maior gestora de fundos de renda fixa dos Estados Unidos administra US$ 1,4 trilhão – 50% mais que os US$ 950 bilhões geridos por todas as empresas do setor no Brasil – mas é pouco conhecida por aqui. No entanto, isso vai mudar no fim deste ano. A Pimco, fundada em 1971 pelo gestor Bill Gross, deverá inaugurar um escritório no Rio de Janeiro para disputar o mercado de renda fixa brasileiro, uma de suas especialidades. A Pimco já investe no Brasil há tempos.

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O respeitado economista de origem egípcia Mohamed El-Erian, que divide com Gross a formulação das estratégias de investimento, chegou a ser um dos maiores credores do Brasil no início da década passada. Em 2002, no auge da preocupação dos banqueiros internacionais com a iminente eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência, os mercados estavam fugindo do Brasil em pânico. O dólar chegou a valer R$ 4, e os títulos da dívida externa chegaram a ser negociados por metade de seu valor de face. El-Erian fez, então, o que nenhum de seus concorrentes havia cogitado. “Embarquei em um avião e passei uma semana no Brasil conversando com economistas e com a cúpula do PT”, diria ele, anos depois.  
O resultado não se fez esperar. “No voo de volta para a Califórnia, abri meu laptop e comecei a fazer contas”, diz. “Quando estava sobrevoando o México, já havia me convencido de que o Brasil não ia quebrar nem dar calote, e que estava diante de uma oportunidade de ouro.” Mal desembarcou, El-Erian correu para o escritório para defender sua tese. “Tínhamos US$ 1 bilhão em papéis brasileiros, e dobramos nossa aposta, entre agosto e outubro de 2002.” Quando os preços se recuperaram, a Pimco contabilizou um lucro de 40%. Ainda em 2004, ele previa que o Brasil atingiria seu grau de investimento até 2009, o que se confirmaria oito meses antes, em abril de 2008.

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A capacidade de antecipar esses movimentos consagrou El-Erian, que passou 15 anos no Fundo Monetário Internacional e, por dois anos, geriu os recursos da universidade Harvard, como um dos melhores administradores de fundos de países emergentes. O economista já havia chamado a atenção do mercado no início do ano 2000, ao vender todos os papéis argentinos que possuía, um ano antes da desvalorização do peso. Bola de cristal? Não, uma observação acurada da economia e o uso correto de ferramentas de análise. “Olhamos para a Argentina e vimos duas coisas das quais não gostamos”, diz. “A economia não tinha condições de crescer, e os argentinos estavam mandando seu dinheiro para fora do país.” 
Essa conjunção significava crise à frente, e a decisão foi tirar o dinheiro de lá o mais rapidamente possível. A Pimco não fornece detalhes de sua estratégia no Brasil, mas a expectativa do mercado é de que eles ofereçam produtos que permitam ao investidor apostar também em países vizinhos, aproveitando as oportunidades na América Latina. Um dos trunfos é o extenso conhecimento de mercados emergentes. Dos 85 grandes fundos abertos oferecidos pela companhia, dez são dedicados exclusivamente a esses investimentos. Um conjunto semelhante é dedicado a títulos de países desenvolvidos, além dos Estados Unidos.
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