
Foi-se o tempo de um luxo associado à opulência, ao desperdício, aos excessos. O que outrora foi sinônimo de status hoje é falta de estilo. O outstanding é o eco-luxo. Para além dos selos verdes e das adesões sociais superficiais, o conceito prevê uma postura corporativa de respeito não apenas à natureza, mas ao próximo e a si mesmo. Desta forma, novos rituais de troca e novas estratégias de marca são estruturadas, oferecendo ao mercado um novo território de trabalho em que métricas tidas como certas precisam ser revisitadas.
A Kilian, por exemplo. Poderia ancorar seu posicionamento apenas no sofisticado conceito de que perfumaria é arte e “perfumes são mensageiros que abrem centenas de portas na memória”, com ingredientes exclusivos. Ou no legado do neto do fundador do grupo LVMH, Killian Hennessy, que treinou com gênios da perfumaria (Alberto Morillas, Jacques Cavallier, Thierry Wasser, Calice Becker) e trabalhou em maisons como Dior, Rabanne, McQueen e Armani até lançar, em 2007, a sua marca.
Mas não; a marca surpreendeu e adotou o eco-luxury criando novos hábitos de consumo: todos os vidrinhos de perfume são reutilizáveis. Ou seja, são refis para a sua próxima compra e evitam o desperdício — “a embalagem que você compra é a embalagem para toda a vida”, pois “nada deve ser desperdiçado”.
Há também publicações como a EcoLuxe Magazine, “Conscious Living. Luxurious style”, que promovem informações, artigos e serviços aptos a inspirar leitores e consumidores a viver bem, de forma natural e consciente. Ou o Ecoluxe London, “promoting sustainable luxury”, uma fashion weekend ética que coincide com a London Fashion Week. Sem contar as inúmeras marcas que lançaram suas Eco Luxe Collections com materiais reciclados, recicláveis ou biodegradáveis.
Delineia-se uma mudança de paradigma. Uma eco-luxuosa revolução, com novas possibilidades de atuação, de composição de produtos, de formatação de eventos, de discursos midiáticos, de postura ética e estética. E de gifting, considerando que uma marca é aquilo que ela oferece; que cada um dá aquilo que tem.
E para saber mais sobre os desígnios desta tendência, convido
Carlos Ferreirinha, um ícone do mercado de luxo, diretor presidente da MCF Consultoria e Conhecimento.
MP: Eco-luxo como filosofia de gestão: essa moda pega? E, calculando um investimento diferenciado, dá resultado?
CF: Quando deixarmos de considerar moda, pegará. O que ainda falta somos nós consumidores assumirmos o papel da cobrança e da escolha por marcas que possuem este princípio. Chegaremos lá e novos tempos de consumo surgirão. Não vejo o eco-luxo como filosofia de gestão, mas como processo de gestão gerando resultados para estes novos tempos de consumo de novas demandas de consumidores.
MP: Eventos, campanhas, gifts… O segmento de promoções está preparado para fazer o eco-luxo acontecer?
CF: Ainda vejo como um processo de evolução, desenvolvimento e amadurecimento. Tem sido um bom caminho e progresso. No momento temos bons exercícios e ótimas intenções. Falta robustez de mercado.
MP: Qual foi o gift mais eco-luxuoso que você recebeu?
CF: Um jardim japonês que representava o lançamento de um empreendimento imobiliário em porto alegre. Especial. Diferenciado. Eco-sustentável.
Disse a Glorinha que “ser chique é ser civilizado”. Agora ser chique é ser eco-luxuoso também!
Fonte: Mundo do Marketing
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