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sábado, 3 de março de 2012

Videogames não são bons ou ruins - podem ser as duas coisas

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Jogos bons e jogos ruins

Pesquisas já mostraram que os videogames são ferramentas poderosas de aprendizagem.

Mas, de acordo com um novo estudo, as lições serão positivas ou negativas dependendo do jogo.

A questão não é simplesmente "preto ou branco" quando se trata de como os videogames afetam o cérebro, garante Douglas Gentile, professor de psicologia na Universidade Estadual de Iowa (EUA).

Influências positivas e negativas

Em um novo trabalho, publicado na revista Nature Reviews/Neuroscience, seis especialistas revisaram todos os estudos mais recentes na área.

Esses especialistas resumiram as formas positivas e negativas com que jogar videogame pode afetar a cognição e o comportamento.

O estudo explica como esse conhecimento pode ser aproveitado para fins educativos e de reabilitação.

"O que é mais valioso é que o estudo cita pesquisas que mostram que os videogames podem contribuir para resolver problemas reais, e também que eles podem gerar alguns benefícios reais" por si sós, diz Gentile.

Resultados positivos dos videogames

Gentile cita pesquisas que demonstram que os videogames podem ter efeitos benéficos.

Um estudo realizado pelas pesquisadoras da Universidade de Rochester, Daphne Bavelier e Shawn Green, sobre o jogo de tiro em primeira pessoa Unreal Tournament, revelou que os jogadores melhoram suas habilidades de percepção e atenção.

Embora poucos estudos tenham examinado os efeitos positivos dos jogos eletrônicos sobre o comportamento social, estudos experimentais feitos nos EUA, Japão e Cingapura revelaram que jogos pró-sociais melhoram o comportamento dos jogadores para ajudar outras pessoas.

Em um estudo longitudinal, os pesquisadores descobriram que as crianças que jogam jogos pró-sociais no início do ano letivo demonstram um aumento nos "comportamentos úteis" no decorrer do ano escolar.

"Se o conteúdo é escolhido sabiamente, jogos de vídeo podem realmente melhorar algumas habilidades," diz Gentile. "No geral, as pesquisas têm demonstrado que eles são ferramentas de ensino muito mais poderosas do que imaginávamos. Mas esse poder pode ser bom ou ruim."

Resultados negativos dos videogames

Gentile documenta também efeitos negativos dos videogames, "o que faz sentido quando se considera que a maioria dos efeitos relatados são essencialmente efeitos de aprendizagem," escreve ele.

O pesquisador cita a meta-análise mais abrangente conduzida até hoje, liderada por Craig Anderson, que incluiu 136 trabalhos, detalhando 381 testes independentes, envolvendo 130.296 participantes.

Anderson verificou que jogos violentos levam a aumentos significativos na dessensibilização, alerta fisiológico, cognição agressiva e comportamento agressivo. Foi documentada também uma diminuição no comportamento pró-social.

"As evidências de que jogar videogame induz ao crime ou a violências físicas graves são muito mais frágeis do que as evidências de que os jogos aumentam os tipos de agressões que acontecem todos os dias nos corredores das escolas," escreve Gentile.

"Como um psicólogo do desenvolvimento, eu me importo profundamente com a agressão diária (verbal, relacional e física), enquanto os críticos da pesquisa parecem estar mais interessados na violência criminal," opina ele.

Ele relata que não há muitos estudos sobre como jogar videogames afeta a atenção necessária na sala de aula. Mas as que existem sugerem que existe uma correlação entre jogos de vídeo e problemas de atenção na escola.

Vício em videogames

Gentile também abordou o vício em videogames no artigo.

Além de seus próprios estudos sobre o jogo patológico, ele afirma que já há dezenas de estudos que mostram que o padrão de problemas enfrentados pelos jogadores patológicos de videogames são muito semelhantes aos problemas apresentados pelas pessoas com abuso de substâncias químicas ou vícios de jogos não-eletrônicos.

Melhores jogos educativos

O pesquisador argumenta que os jogos eletrônicos são muito promissores para a educação.

Contudo, ele diz que o investimento em jogos educativos é uma pequena fração do valor gasto no desenvolvimento de um único jogo de entretenimento comercial.

"Portanto", escreve ele, "a maioria dos jogos educativos não são tão interessantes e divertidos, mesmo em comparação com um jogo comercial medíocre."

Considerando todos os efeitos diferentes dos videogames sobre o cérebro documentados no artigo, Gentile diz-se esperançoso na redução do pensamento dicotômico que impera no campo de pesquisa sobre os jogos.

"Jogar videogame não é nem bom nem ruim," conclui ele. "As pesquisas existentes mostram que eles são ferramentas poderosas de ensino e, portanto, nós precisamos aproveitar esse potencial, visando maximizar os benefícios e minimizar os danos potenciais."

Fonte: Diário da Saúde

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