As medidas macroprudenciais adotadas pelo governo desde o fim do ano passado e o ciclo de alta dos juros básicos para conter a demanda e a inflação têm impactado o ritmo de crescimento da indústria em 2011. Apesar de positivo, o crescimento deve ser bastante inferior ao registrado no ano passado. A avaliação foi feita hoje pelo gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, que também citou o câmbio valorizado e dificuldades persistentes nas economias americana e europeia como limitadores da expansão da indústria brasileira.
"Os indicadores de janeiro a abril deste ano, na comparação com o mesmo período de 2010, mostram que a indústria vai crescer em 2011, mas a um ritmo menor do que tivemos no ano passado", afirmou Castelo Branco. Segundo ele, embora o faturamento continue em alta, a indústria tem reagido ao cenário de menor demanda com redução do uso da capacidade instalada e nas horas trabalhadas nas fábricas, além da interrupção do aumento no emprego.
Para o economista, os dados também indicam que as medidas governamentais também acarretaram a formação de estoques indesejados na indústria, o que também estaria por trás da redução na produção. "Após forte ajuste de estoques no começo do ano, as encomendas do varejo vieram simultaneamente com a ação do governo, levando os novos estoques para patamares acima do desejado pelos empresários", acrescentou.
Inflação
Mesmo com as medidas adotadas pela equipe econômica já surtindo efeito no ritmo da atividade industrial e com queda no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril, divulgado hoje, o economista não espera uma reversão na política monetária, por enquanto. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne hoje e amanhã para deliberar sobre a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 12% ao ano.
"O cenário de inflação que dominou preocupações no início do ano já reagiu às medidas monetárias tomadas pelo governo, mas ainda é preocupante em 12 meses, acima do teto da meta", afirmou Castelo Branco. "A maior pressão inflacionária em alimentos e combustíveis já parece ter sido vencida, mas resta aí a inércia em alguns segmentos, como serviços", completou.
Segundo ele, a conjuntura atual já poderia levar a uma interrupção no ciclo de alta dos juros, mas o Copom não deve reduzir a Selic no curto prazo. "O Banco Central olha para um prazo mais longo, portanto a expectativa não é de reversão da política monetária", concluiu.
Fonte: Istoé Dinheiro
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