Na escola Viverde, que fica em uma chácara em Bragança Paulista (SP), um rio passa por dentro do colégio. Ele serve de tema para brincadeiras com água, barro, peixes, e para o “boiacross”, em que descem de boia pela correnteza.
Há ainda um minisítio onde as crianças lidam com animais, plantam, colhem frutas, sobem em árvore. E também cozinham em fogão à lenha –numa típica casa caipira– e produzem papel reciclável.
Não é à toa que a escola, que existe há 20 anos, acaba de ser premiada no programa “Pelo Direito de Ser Criança”, realizado pela OMO, da Unilever, com o apoio do Instituto Sidarta. Os vencedores foram anunciados no dia 20/04.
A ideia do programa é premiar escolas onde as crianças têm tempo e condições para desenvolver o brincar. Nesta terceira edição do prêmio, foram inscritos mais de quatro mil colégios. Na categoria “Aqui se Brinca”, onde participaram escolas voltadas para a educação infantil, três nomes foram destacados. Além da Viverde, a escola municipal São Francisco, da cidade de Luzerna, (SC), e o colégio João XXIII, de Porto Alegre (RS) foram eleitos as instituições com “Melhores Práticas do Brincar e do Aprender Pela Experiência”.
Para a seleção das finalistas foram convidados especialistas da área de educação e do tema brincar. Paula Lopes, gerente de marketing da Omo, explica que foram selecionados cinco critérios básicos para avaliar as escolas. “Os direitos de aprender através de brinquedos não estruturados, ou seja, criar o seu próprio brinquedo, de ver o mundo através da experiência pessoal e subjetiva da criança, de experimentar os cuidados com o planeta e a sociedade, de estar em contato com a natureza, e o direito de vivenciar a cultura local”, diz Paula.
Na escola Municipal São Francisco, as atividades são desenvolvidas a partir do brincar, diz Ingrid Stobbe, coordenadora de séries iniciais. “O brincar é o principal foco pra desenvolver a aprendizagem das crianças. Elas brincam no barranco, escorregam, colocam pneus, brincam em poças d’água com barcos de papel, sobem em árvores, têm liberdade para brincar, desenvolvendo a imaginação da criança”, completa.
Márcia Valiati, pedagoga e coordenadora pedagógica da educação infantil da Fundação Educacional João Paulo XXIII, lembra que o educador tem um papel fundamental no brincar da criança. ” Ele precisa ter a sua criança resgatada. Tem que ser um adulto que saiba reviver o brincar na paixão que ele tem pelo seu trabalho.”
Ela diz que um diferencial da escola deve ser o espaço físico. “Tentamos pensar o espaço com olhos de crianças. O que às vezes para o adulto é um problema, para a criança é mágico e interessante. Uma caverna, o barro, a areia, a árvore que ela escala suscitam o pensamento investigativo. É preciso criar espaços que desafiem a criança a pensar, a criar sozinha e com outros, desenvolvendo a vida coletiva por meio do faz de conta.” Márcia também diz que a criança precisa de tempo para brincar. “O tempo do brincar não é aquele do relógio, 15 minutos pra isso, pra aquilo. A criança, quando entra no jogo e se envolve, precisa ser respeitada nesse tempo”.
Fonte: Marketing Infantil
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