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quarta-feira, 31 de março de 2010

Assim não dá! Classificar por desempenho e separar as turmas

Grupos heterogêneos que trabalham com interação têm melhores resultados

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Escolas grandes, muitas turmas da mesma série: 3ª A, 3ª B, 3ª C e assim por diante. Se essa nomenclatura serve apenas para diferenciar os agrupamentos, nada contra. Acontece que algumas unidades escolares ainda usam o abecedário para criar uma hierarquia e classificar os alunos: nas turmas A são colocados os que, no ano anterior, tiveram as melhores notas e passaram com louvor; nas B, os com desempenho mediano; nas C, aqueles com "dificuldades de aprendizagem"; e da D em diante, os "desacreditados" pelos professores e diretores que fazem esse tipo de divisão.

Essa maneira de montar turmas há muito deixou de ser bem-vista. Ela servia a um sistema que acreditava ser possível a existência de grupos homogêneos, em que alunos com nível de aprendizagem semelhante avançariam no mesmo ritmo. Os estudos de diversos psicólogos e educadores, como o russo Lev Vygotsky (1896-1934) e o suíço Jean Piaget (1896-1980), desmontaram esse mito. Eles mostraram que a aprendizagem é algo individual e interno ao sujeito. A interação entre os pares com saberes e vivências diferentes, se bem explorada pelos professores, tem mais eficiência durante o processo de aquisição do conhecimento do que a maneira tradicional de "passar" informações para os alunos. "Às vezes, uma ajuda dada por um colega é mais facilmente assimilável para a criança do que a dada pelo professor", afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica de NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR.

Ao rotular os alunos em "fortes" e "fracos", a separação das turmas por desempenho acaba prejudicando aqueles que mais precisam do estímulo da escola. "As crianças e os jovens sentem e prestam muita atenção na expectativa que a escola e os pais criam em relação a eles e a frustração ou a confirmação dessa expectativa pode influenciar diretamente a aprendizagem", explica Regina.

Por isso, é tarefa do diretor e do coordenador pedagógico garantir que a montagem das turmas não leve a uma segregação dentro da própria escola e providenciar formação para que os professores usem de maneira adequada a heterogeneidade a favor da aprendizagem.

Fonte: revistaescola.abril.com.br

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