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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Simplesmente brilhante

Os pequeninos LEDs invadem o mundo da decoração. Apaixonado por eles, o VP da Philips Lighting, Rogier van der Heide, decreta a morte das luzes incandescentes

A tarde se vai e a noite se aproxima lentamente. De repente, a morna luz de um pôr do sol invade a sala de estar. No entanto, lá fora, o céu está cinzento e o dia é um típico cenário de inverno. Como isso é possível? A resposta é “LED”, sigla em inglês para Diodos Emissores de Luz. Parece mágica, mas as possibilidades de iluminação, seja pelas cores, seja pela intensidade da luz, que os LEDs proporcionam são quase infinitas. E reais. Essa particularidade faz das luminárias equipadas com essas lâmpadas diminutas as vedetes de sofisticados projetos de decoração de interiores e também exteriores. No Brasil, monumentos arquitetônicos, como a Ponte Estaiada Octávio Frias de Oliveira e a Sala São Paulo, ambas na capital paulista, ganharam o brilho da tecnologia.

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Atenta a essa capacidade, a gigante holandesa Philips se prepara para abandonar a produção e venda das lâmpadas incandescentes, substituindo-as pelos pequeninos diodos, que, além de versáteis, ainda têm a vantagem de serem mais econômicos e longevos que as lâmpadas comuns. Duram até 25 anos e a economia de energia pode chegar a 80%, em relação às incandescentes. “As pessoas querem, ao mesmo tempo, economia e se sentir confortáveis em suas casas. Os LEDs coloridos agem para garantir esse desejo e percepção”, afirma o holandês Rogier van der Heide, vice-presidente e chief designer officer (CDO) da Philips Lighting, a divisão de iluminação do grupo baseado em Amsterdã. Segundo o executivo, a cor âmbar (entre o laranja e o amarelo), por exemplo, é a mais indicada para relaxar. “É o matiz que mais se aproxima da cor do pôr do sol, momento do dia no qual a maioria das pessoas começa a se livrar do estresse diário”, diz ele. Já as luzes brilhantes e brancas são boas para os escritórios, pois estimulam o cérebro.

O designer, nascido em Bennebroek, oeste da Holanda, tornou-se, após 20 anos desenvolvendo projetos de arquitetura de luz, um expert e um apaixonado pelo efeito da iluminação no dia a dia das pessoas. Sejam elas físicas ou jurídicas. Um de seus últimos trabalhos autorais, a instalação com cristais Dream Clouds, encomendada pela austríaca Swarovski, foi um dos responsáveis por sua contratação pela Philips. A companhia escolheu manter um CDO na sua divisão de iluminação para ter a certeza de atender o exigente mercado consumidor de projetos e luminárias, que custam cerca de R$ 1.000. Além de van der Heide, a Philips emprega mais de 300 especialistas, entre designers e arquitetos, espalhados por suas fábricas na Holanda, China, em Hong Kong e nos Estados Unidos, com a preocupação de desenvolver soluções em LED. Por ano, é investido cerca de US$ 1,6 bilhão em pesquisas nessa área.

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“Um grande benefício que o LED trouxe à iluminação foi o dinamismo, uma vez que é um sistema eletrônico, e não uma única lâmpada”, diz a arquiteta carioca Mônica Lobo, do escritório LD Studio, do Rio de Janeiro, há 20 anos trabalhando como lighting designer. “Há uma grande flexibilidade nas formas e efeitos.” Mônica explica, por exemplo, como a múltipla utilidade do sistema ajuda a constituir a iluminação de uma joalheria: “Usam-se as cores quentes, amarela ou vermelha, para iluminar peças de ouro, e luzes de cores frias, como a azulada, para os brilhantes.”
As cores são a grande aposta do mercado de luzes. De acordo com van der Heide, a Philips realiza constantes testes, inclusive com pacientes internados em hospitais. “Concluímos que a recuperação é mais rápida quando os doentes são estimulados com as cores certas”, afirma. “Nossa preocupação está em relacionar nossos produtos com LED aos benefícios da cromoterapia.” Ele destaca a nova linha LivingColors, um dos primeiros produtos que ajudou a lançar na Philips. A luminária é dotada de uma lâmpada de LED, que muda de cor conforme o comando de um controle remoto. “Em casa tenho quatro dessas e vivo com os controles nas mãos, criando os mais diferentes ambientes”, diz o designer. “Nem preciso mais de tinta para mudar a cor das paredes.”

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Ele também participou da criação dos produtos da linha Aqualight, pequenas luminárias que imitam velas e são colocadas sobre superfícies com água (como no destaque acima). “São o meu xodó. Podem ser colocadas na piscina ou na banheira” afirma van der Heide. Apesar de ainda incipiente, o mercado já oferece um número apreciável de opções com LED. “Desenvolvemos a Vision LED com a intenção de torná-la nossa lâmpada universal, uma vez que é possível utilizá-la no bocal dos spots e luminárias já existentes”, diz o holandês. Atualmente, os sistemas com LED respondem por 10% do mercado de iluminação brasileiro, mas a Philips estima que, até 2020, essa participação atinja 75%.
Segundo dados da companhia, o segmento de iluminação profissional e residencial em LED cresceu 300%, nos três primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. “Trata-se da fonte luminosa do futuro”, diz Gabriela Andrade, arquiteta do escritório paulistano Fernanda Marques Associados. A despeito dos benefícios, a iluminação com LED ainda é cara. Uma lâmpada de diodo custa cerca de R$ 80 (contra cerca de R$ 1,60 da incandescente tradicional). A arquiteta Mônica Lobo alerta para a qualidade de versões baratas. “Em geral, não trazem os benefícios das produzidas pelas empresas de primeira linha, como economia energética e baixa emissão de calor. E a qualidade das cores costuma ser duvidosa”, afirma.

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