Atividade industrial deverá encerrar o ano com crescimento entre 10% e 11%. No entanto, cenário para 2011 é incerto, diz FiespO ano de 2010 está ganho para a indústria paulista. A taxa de crescimento, que deve encerrar o período entre 10% e 11% sobre o ano passado, está ancorada na expansão dos principais fatores indutores da demanda: emprego, renda e crédito.
Mas algumas incertezas já começam a se armar para o futuro da indústria brasileira, que passa por uma situação de risco evidente com relação à competição internacional.
O cenário foi traçado pelo diretor de Economia da Fiesp/Ciesp, Paulo Francini, que apresentou nesta quinta-feira (28) os dados do Indicador de Nível de Atividade – que recuou 0,1% em setembro, com ajuste sazonal, índice considerado estável e normal para o mês, de acordo com a série histórica da pesquisa.
Apesar do bom momento da atividade industrial, o setor assiste a um crescimento vigoroso das importações, que têm absorvido parte do crescimento da demanda interna.
“Desde 1994, não vemos um aumento de importações semelhante ao que está ocorrendo hoje no Brasil. A demanda está crescendo a uma taxa superior à produção doméstica, então parte dela é atendida pelos produtos importados”, assinalou Paulo Francini.
Segundo ele, há espaço para a indústria produzir mais. “O setor como um todo está folgado, cumprindo a produção. Certamente o INA seria maior este ano não fosse a fatia ocupada pelos importados. Temos capacidade para isso”, atestou.
Guerra cambial
Basicamente são três as circunstâncias que, somadas, levam à substituição da produção doméstica pela importada. A rota de expansão da demanda interna faz do mercado brasileiro um “prato apetitoso”, como chamou Francini, para a entrada de produtos estrangeiros.
A disputa de mercados com boa demanda e bom estágio de crescimento, principalmente com o arrefecimento do comércio mundial após a crise, está diretamente relacionada ao fator câmbio. O real sobrevalorizado frente à subvalorizada moeda da China, por exemplo, acaba favorecendo as exportações do país asiático.
“A questão da guerra cambial está colocada para o mundo, e não sabemos onde isso vai terminar. Nunca houve uma situação de risco tão evidente para a indústria brasileira, que trava uma batalha frente a frente com a competição internacional”, alertou Francini.
Desindustrialização
A participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB), que já chegou a 27%, hoje está em 15%. Para o diretor de Economia da Fiesp, há uma trajetória clara de desindustrialização no Brasil – dada a perda relativa de participação da atividade industrial de manufaturas na formação do PIB e na geração de empregos. Na China, este índice está em torno de 40%.
“O Brasil está numa rota perigosa de queda da participação da indústria na economia. A questão é saber para onde vão os 15% – corremos o risco de cair para 13%, 12%, ou até 10%”, frisou.
Para Francini, fazer esse índice voltar a crescer deve ser uma das obrigações do próximo governo. “É grande a arrumação que tem de ser feita, e ela passa pela questão fiscal, a taxa de juros, e a decorrente taxa de câmbio. Não existe solução única para o câmbio”, reforçou.
Números do INA
Sem ajuste sazonal, o indicador recuou 0,4% em setembro sobre agosto. No acumulado do ano, a alta atinge 12%, o que garante o segundo melhor resultado da série desde 2003, nesta base de comparação.
As horas trabalhadas na produção e as vendas reais também tiveram aumento em setembro, de 0,2% e 1,2%, respectivamente. No entanto, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) registrou retração de 0,8% passando de 82,5% em agosto, para 81,9% no último mês.
Segmentos
Entre os setores que apresentaram crescimento em setembro estão Móveis e Indústrias diversas, com alta de 1,8%, e Veículos Automotores (0,6%). Já entre os que tiveram baixas, destaque para Metalurgia Básica, com decréscimo de 4,1%.
Olhar do empresário
A pesquisa Sensor – que aponta a perspectiva dos empresários em relação ao cenário econômico do mês corrente – mostra que a atividade paulista, mesmo com ritmo mais lento, mantém sua trajetória de crescimento.
O Sensor geral caiu neste mês: de 53,7 para 52,6 pontos na passagem mensal. Já o item Vendas registrou pequena elevação passando de 50,9 pontos em setembro para 51,8 em outubro. O mesmo efeito foi sentido em Emprego, com ligeira alta: 54,4 pontos contra 53,9 na medição anterior.
O Estoque continua alto, com 45,1 pontos. Em contrapartida, o item Mercado apresentou queda expressiva, passando de 55,9 para 52,1 pontos atuais. O recuo também foi sentido no item Investimentos, ficando com 59,7 pontos contra 61 em comparação ao mês passado.
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Fonte:
fiesp.com.br