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quarta-feira, 7 de abril de 2010

Participação dos importados no consumo do País diminui após cinco anos de alta, diz Fiesp

Fatia das exportações do total produzido pela indústria também apresentou queda; demanda chinesa por recursos minerais evitou tombo maior

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou, nesta terça-feira (2), estudo que indica que a participação de produtos importados no País interrompeu um ciclo de cinco anos consecutivos de crescimento e recuou em 2009 para 19,2%, 1.7 ponto percentual menor ante os 20,9% do ano anterior. Já o total produzido pela indústria para exportação caiu de 21,2% para 20,2%, na mesma base de comparação


Puxado principalmente por setores como: indústrias extrativas (+5,6 pp), celulose e papel (+3,2), metalurgia básica (+3,1 pp) e químicos (+1,5pp) em 2009 o coeficiente de exportação (CE) da indústria geral caiu menos que o coeficiente de importação (CI).

No fechamento do quarto trimestre do ano passado, por sua vez, o Coeficiente de Importação C.I. (participação dos importados no consumo aparente) cresceu 0.5 p.p., fechando o período em 19,5%, ante os 19% do trimestre anterior.

Em contrapartida, as exportações vêm apresentando sucessivas quedas. O Coeficiente de Exportação C.E. (participação na produção da indústria) do último trimestre de 2009 registrou um arrefecimento de 0.5 p.p. e fechou em 19,8%, ante os 21,3% do terceiro trimestre.

“Essa tendência de aumento das importações, influenciada pela valorização cambial, tira a competitividade das exportações e deixa o País muito mais vulnerável ao mercado externo”, avaliou o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca.

Para o diretor da entidade, a forma que o Banco Central trabalha o câmbio só beneficia o capital especulativo e não traduz com fidelidade as necessidades da economia do Brasil. “O Banco Central joga cartas com o baralho aberto, não há blefe [...] Ele (BC) precisa jogar com mais habilidade, principalmente com os especulativos”, completou.

Exportações

Segundo a Fiesp, a queda do C.E. só não foi maior por causa dos setores relacionados aos recursos naturais, que demandam forte oferta chinesa. A indústria extrativa, por exemplo, teve 67,3% de sua receita voltada às exportações, contra os 61,8% em 2008, ou alta de 5.6 p.p., ocupando o primeiro lugar no ranking dos setores que mais apresentaram elevação.


Em 2009, o setor de indústria extrativas foi um dos principais responsáveis por segurar a queda do coeficiente de exportação da indústria geral.

O estudo da Fiesp também destacou a participação do setor de celulose e papel, que ampliou o C.E. de 26,4% para 29,5%.

Já os setores intensivos em tecnologia reduziram seu C.E.. A Fiesp sublinha o setor de aeronaves, ferrovia e embarcações, que fechou 2009 com o C.E de 24,1% – queda de 15.5 p.p. em relação a 2008, de 39,3%.

O setor de veículos e autopeças também sofreu forte redução do C.E.. As exportações representavam 15,8% em 2008 e passaram para 10% em 2009. Outro setor que jogou para baixo o C.E. foi o de máquinas e equipamentos, cujo coeficiente estava em 23,9% em 2008 e passou para 17,6% em 2009.

Importações

Os Coeficientes de Importação (C.I.), apesar da tendência de alta, apresentaram queda generalizada, mas menos acentuada em relação às exportações. A indústria extrativa ampliou seu C.I. de 56,6% em 2008 para 59,9% em 2009.

No último trimestre de 2009 os coeficientes praticamente se igualaram, fortalecendo a tendência observada nos últimos anos, mas interrompida pelos efeitos da crise.

O setor de máquinas e aparelhos elétricos foi o segundo com maior aumento e registrou alta de 2.3 p.p. em relação ao ano anterior. As importações representavam 24,8% do consumo interno do setor e passaram a responder por 27,1%.

A maior queda foi no setor de aeronaves, ferrovias e embarcações, de 8.8 p.p.. O estudo revela que os importados respondiam por 32,4% em 2008 e passaram a representar 23,6% do total do consumo aparente em 2009.

No entanto, a Fiesp ressalta que em um ano de forte retração na demanda mundial, como foi o ano de 2009, o mercado doméstico desempenhou importante papel, na medida em que absorveu a produção do setor causando inclusive alta de produção.

Outra importante queda foi a de equipamentos médico-hospitalares de 5,9 p.p., setor onde a penetração dos importados era a maior entre todos os setores até 2008, com 64,6% – posto perdido para a indústria extrativa.

As máquinas e equipamentos, devido a queda dos investimentos em 2009, também mostraram queda no C.I. em 2009, de 3,0 p.p.. Entretanto, segundo a Fiesp, ainda continua sendo o segundo maior C.I. da série deste setor, com 34,1%.

A Fiesp ressalta que, mesmo com a queda de alguns setores, o C.I. passou a ser maior do que o C.E. – ou mesmo muito próximo – em alguns setores relevantes da economia.

O C.I. de veículos e autopeças, por exemplo, apesar da pequena queda de 0,4 p.p. na comparação de 2009 com 2008, superou o C.E. pela primeira vez desde o início da série. A participação das exportações na receita de venda desta indústria foi de apenas 10%, contra 13,5% da representatividade dos importados no consumo interno.

Acesse aqui o estudo completo.

Fábio Rocha, Agência Indusnet Fiesp

Fonte: FIESP

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