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sexta-feira, 24 de junho de 2011

Nova política industrial do governo terá como foco principal a inovação

Diretrizes vão substituir Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP).

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A nova política industrial do governo, que substituirá a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), terá como foco principal a inovação. Segundo a assessora especial da presidência da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Marina Oliveira, o lançamento da política, agora chamada de Política de Desenvolvimento da Competitividade (PDC), ficou para final de junho. O governo havia divulgado inicialmente que a apresentação estava prevista para final de maio. Marina participou do X Encontro Nacional da Inovação Tecnológica (X Enitec), realizado em São Paulo nos dias 25 e 26 de maio.

"É a inovação que vai permitir ao Brasil dar o salto de competitividade necessário para ampliar nossa inserção internacional e nossa participação em segmentos de alta e média-alta intensidade tecnológica", afirmou ela. Segundo ela, o foco em inovação difere a PDC da política industrial em vigor, apesar de, no lançamento da Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), o governo ter afirmado que a inovação era um de seus principais pilares.

A PDP inclusive continha a meta de elevar os investimentos privados em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) para 0,65% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2010, o que o próprio governo admite não ter ocorrido, devido à crise econômica. Em seu recente
estudo sobre intenções de investimento, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que representa as empresas do Estado que mais inova no Brasil, reconheceu que a meta não foi alcançada, apesar de o governo ainda não ter divulgado os números consolidados sobre o ano de 2010.

Na sua apresentação, Marina lembrou também a economia ainda sofre com os efeitos da crise de 2008, mencionando a apreciação cambial, a deterioração da pauta de exportação brasileira e de cadeias produtivas nacionais, que não estão conseguindo competir com produtos importados. "Inovação é a grande aposta da PDC, em fase final de elaboração. Deve ser lançada no fim de junho", contou.

Ela revelou também que a PDC deverá trazer medidas para incentivar empresas de grande porte que já são reconhecidamente inovadoras e que podem puxar as demais empresas da cadeia instaladas no Brasil, algo que foi identificado por um grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Liderados por Mário Salerno, professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP, e por João Alberto de Negri, que era pesquisador do Ipea.

Os estudos que indicaram a existência desse grupo de empresas mais inovadoras e com maior inserção internacional foram divulgados inicialmente no livro organizado por Salerno e Negri, Inovações, Padrões Tecnológicos e Desempenho das Firmas Industriais Exportadoras
. A obra foi publicada em 2005, quando Glauco Arbix presidia o Ipea. Atualmente, Arbix é presidente da Finep, agência de fomento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), e João de Negri é diretor de inovação da financiadora. Ambos estão trabalhando junto a equipe do governo que elabora a nova política industrial.

Negri identificou esse grupo de empresas, que foram inclusive alvo da
primeira Sondagem de Inovação feita pela ABDI, divulgada em julho de 2010. Uma das sugestões do então pesquisador do Ipea era justamente focar algumas ações de incentivo à inovação para esse grupo, responsável pela maior parte das atividades de pesquisa e desenvolvimento e dos investimentos em bens de capital realizados no Brasil e cujas decisões determinariam o movimento industrial do País, segundo o economista.

Alguns elementos da PDP devem ser mantidos na nova política, a PDC. Os setores de energia e negócios ambientais, defesa, aeroespacial e tecnologia da informação e comunicação, que na PDP são considerados estratégicos, poderão ser alavancados com o uso do poder de compra do Estado na nova política industrial. Mariana revelou também que a PDC terá ações estruturantes setoriais e ações sistêmicas. No caso dessas últimas, seriam exemplos as ações para formação de recursos humanos em áreas críticas, como as engenharias, o apoio a micro e pequenas empresas, e à produção sustentável.

De acordo com Mariana, o governo estava discutindo a possibilidade de lançar o programa Pró Engenharia junto com a PDC. O objetivo desse programa é ampliar a formação de pessoas nas carreiras de engenharia e ciências. Um dos pontos previstos é o maior engajamento das universidades em atividades de apoio ao ensino de ciências e matemática nos níveis fundamental e médio. "Muitos chegam ao ensino superior com déficit em ciência e matemática e desistem do curso", justificou.

Na abertura do X Enitec, Marcos Vinícuis de Souza, representando o secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Francelino Grando, também falou sobre a nova política industrial. Ele afirmou que a PDC está interligada com o Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação 2011-2015 (PACTI), em elaboração pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Contou que inovação, comércio exterior, comércio e serviços são as "pernas" da nova política industrial. Disse, ainda, que a política vai prever instrumentos para fortalecer os setores da economia que estão sofrendo com a concorrência das empresas estrangeiras e que uma preocupação do governo é elevar a competitividade das firmas nacionais de maneira mais rápida, pensando a inovação de forma mais pragmática.


Também na abertura do X Enitec, antes da fala de Marina Oliveira, da ABDI, João Alfredo Saraiva Delgado, presidente do
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Máquinas e Equipamentos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (IPDMAQ/Abimaq) e diretor de tecnologia da entidade, falou sobre a expectativa do setor em relação a PDC. "Temos medo de que a culpa da vez seja nossa; pode ser que o governo diga que não inovamos, apesar de haver instrumentos [de apoio às empresas para inovar]. Há instrumentos, mas ninguém cuidou do ambiente sistêmico", apontou. Segundo o empresário, o ambiente para inovar no Brasil é árduo. "Preferimos investir no consumo, apesar do câmbio avassalador e dos juros altos", apontou.

Fonte: Inovação Unicamp

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