Para quem pode consumir a moda dos grandes nomes e marcas, ter no armário o que é mostrado em passarelas das grandes semanas de moda do Brasil e do mundo, o acesso à informação se conjuga com a possibilidade de consumo em lojas exclusivas, mas o consumidor comum, que não pode viajar ou ter acesso a estas lojas, precisa e busca outras alternativas, e a compra pela internet poderia ser uma delas, não fosse a ainda tímida procura de compra de moda por este meio.
O consumo de moda através de compras pela internet esbarra ainda na questão do toque e do querer experimentar a roupa ou o calçado antes de comprar, mas isso cai um pouco por terra, quando o assunto é marca, pois muitos querem ter uma peça de vestuário ou acessório simplesmente por ser de uma determinada marca ou estilista. Neste caso, o consumo pela internet seria uma excelente opção, pois a qualidade do que se vai comprar, já está consolidada pelo mercado, e o fator “desejo de consumo”, conta mais do que qualquer outro.
Não há pesquisas direcionadas exclusivamente para o consumo de moda por meios eletrônicos, mas de acordo com a revista Consumidor Moderno, há indicativos de que: os que pretendem comprar pela internet no terceiro trimestre de 2010 teve alta em relação ao segundo trimestre deste ano: passou de 80,7% para 87,0%, e leve crescimento de 0,9 p.p. em relação ao 3º trimestre de 2009. A “Pesquisa Trimestral de Intenção de Compra na Internet” foi realizada pelo PROVAR (Programa de Administração do Varejo), da FIA (Fundação Instituto de Administração), em parceria com a Felisoni Consultores Associados e a e-bit, empresa especializada em informações do comércio eletrônico. A amostra, feita com 6.219 domiciliados no Estado de São Paulo durante a primeira quinzena de julho, analisa a intenção de compra e de gasto em relação a dez categorias de produtos (Linha Branca; Eletroeletrônicos; Telefonia e Celulares; Informática; Produtos para Casa; CDs, DVDs, Livros e Revistas; Cosméticos, Perfumaria e Saúde; Brinquedos; Utilidades Domésticas; Viagens e Turismo) e avalia a utilização de crédito nas compras.
Como se vê, moda não é relevante a ponto de ser uma categoria na pesquisa, mesmo se levarmos em consideração perfumes e cosméticos como moda, e lembrando que tênis para práticas esportivas são compra comum pela internet, e também podem ser considerados moda, ainda assim a participação é tímida, ficando nos últimos lugares, perdendo sempre para CDs, livros, eletrônicos, e telefonia em geral.
Sites de compras como: www.Shopping.UOL.com.br; www.submarino.com.br, www.comprafacil.com.br entre outros, fazem um tremendo sucesso entre os aficcionados por compras na rede, mas ou não possuem um item dedicado a moda, ou quando tem, são apenas peças mais básicas, outro importante portal de vendas pela internet e que talvez pudesse atender ao consumidor de moda, o www.sacks.com.br é focado em perfumes e cosméticos.
Ao que tudo indica, o consumidor de roupas e acessórios de moda, se sente mais atraído por opções que estejam ligadas a marcas com as quais se identifique ou que pareçam sedutoras e confiáveis, como o caso do www.brandsclub.com.br, um tipo de clube onde marcas desejadas como: Iodice, Dior, Nu Luxe, Reserva, Nk, Asics, podem ser compradas a preços acessíveis por sócios cadastrados, ou o www.vestesbr.com.br, onde o comércio B2B encontrou um bom caminho para que confecções consagradas ou iniciantes, possam fechar negócios com lojistas das mais variadas regiões, neste caso além da visibilidade das marcas de moda participantes do portal, resolve-se a gestão comercial e há ainda o acesso a financiamentos em condições especiais. Alguns grandes magazines também estão buscando este caminho, como por exemplo: a Zara, que já tem planos de vender pela internet na Alemanha, Reino Unido, Itália e Portugal, mas não há ainda previsão para implantação no Brasil.
Uma pesquisa realizada pelo portal byMK com seus usuários, tendo como tema o mercado de moda na Internet, confirma a falta de hábito de consumir moda por este meio, e os principais motivos. Entre 1.193 pesquisados com a participação de 97% do público feminino e 3% do sexo masculino, a maioria com idade entre 20 e 40 anos, sendo 80% pertencentes à classe AB.
A compra pela Internet de itens de moda ainda não faz parte da rotina de grande parte dos usuários. Os principais fatores são as dúvidas sobre o caimento da peça (25%), desconfiança da troca (21%) e a segurança ao colocar dados de cartão de débito ou crédito na loja virtual (21%). Cerca de 12% não adquirem produtos por não saberem suas medidas.
Dos internautas que compram, 21% adquirem roupas, 30% maquiagem, 16% joias, 26% acessórios, 19% calçados e 9% adquirem peças de lingerie e praia. 61% dos entrevistados realizam o pagamento com algum tipo de operação de crédito. Entre as formas de compra, 31% pagam à vista, 28% parcelam se não tiver juros, 15% parcelam com ou sem juros, 18% compram com cartão de crédito e apenas 8% usam débito online ou boleto.
Há também uma pesquisa que a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), em parceria com a empresa e-bit, divulgou recentemente, que o comércio eletrônico faturou R$ 7,8 bilhões no Brasil de janeiro a julho deste ano, um crescimento de 41,2% em comparação ao mesmo período do ano passado. Esse faturamento superou o total de vendas dos shoppings centers da Grande São Paulo, estimado em R$ 7,2 bilhões no períodoMesmo sem haver divisão por segmento na pesquisa da Fecomercio é certo que moda representa parcela significativa do consumo em shopping, mas o mesmo não se replica nas compras on line. Ou seja, há muito o que avançar com relação ao consumo de moda pela internet, o que mais se consome hoje, é informação de moda, e não produtos de moda. Os que trabalham na área deveriam ficar atentos para entender e atender aos anseios deste consumidor que na vida real representa grande faixa de consumo, mas pela internet ainda tem participação inexpressiva... está aí um bom nicho a ser explorado.
Fonte: Web Fashion