Header

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O barato dos mares

É cada vez maior o número de pessoas que preferem investir em uma lancha com o dinheiro que compraria um segundo carro, e as filas de espera já chegam a três meses


Ter um barco é o tipo de luxo comum entre milionários e que para a maioria dos brasileiros nunca passou de sonho distante na lista de compras. Isso até pouco tempo atrás. Há dois anos, desde que o governo federal reduziu a alíquota do imposto de barcos de lazer e esportes de 25% para 10%, navegar está mais acessível. Já é possível comprar uma lancha de pequeno porte por cerca de 85 000 reais, preço equivalente ao de um sedã de luxo como o Ford Fusion. São lanchas de até 25 pés, como a Ventura 195, a Focker 215 ou a Real 24 Class, com ou sem cabine, que navegam com tranquilidade em rios, represas, baías ou próximas à orla. O público-alvo são literalmente os marinheiros de primeira viagem, aqueles com pouca ou nenhuma experiência em navegação - no máximo uma aventura num jet ski. A chance palpável de tornar-se dono de um barco tem lotado as revendas. As filas de espera por uma embarcação desse tipo chegam a cerca de três meses. A procura é tanta que os fabricantes já reclamam da falta de motores. A maioria é importada, e fábricas como Yamaha, Bombardier e Mercury ainda estão em marcha lenta desde a crise. Em 2009, as vendas dos principais estaleiros do país subiram 30% em relação ao ano anterior, e a expectativa é que esse número não pare de crescer tão cedo.

CRÉDITO ESPECIAL e financiamento fácil são dois dos fatores que têm contribuído para a boa fase das vendas do setor náutico. A Aymoré Financiamentos, braço de crédito do banco Santander, há dez anos dedica uma linha especial para esse mercado e percebe um aquecimento do setor há vários meses. Entre 2006 e 2009, a carteira de financiamentos do setor cresceu 89%. As lanchas de pequeno porte já representam 54% do crédito concedido, segundo André Novaes, superintendente da Aymoré. E não são apenas clientes individuais que contribuem com o crescimento das vendas. Pequenas e médias empresas também estão usando o crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a compra de pequenas lanchas a juros baixos. “Os últimos anos foram ótimos para nós porque a capacidade de compra do consumidor só cresceu, e os preços caíram, graças aos cortes nos impostos e o crescimento da concorrência”, diz Novaes.

Os custos de seguro e manutenção - que poderiam inviabilizar a compra - já não são empecilho para a decisão de ter uma embarcação. Quem decide comprar uma lancha, por exemplo, deve desembolsar anualmente entre 1% e 4% de seu valor para o seguro, patamar inferior ao de um automóvel, que varia de 5% a 10%, segundo a Allianz, maior seguradora do setor náutico. A marina que vai abrigar o barco cobra em média 28 reais por mês a cada pé de comprimento - para uma lancha de 21,5 pés, por exemplo, o serviço custa 600 reais mensais. O valor inclui a limpeza do barco e do motor, funcionamento periódico, além de colocação e retirada do barco da água para a navegação. Uma lancha exige revisões a cada 12 meses, mais ou menos, e, para um motor de 115 cavalos, o serviço custa cerca de 1 200 reais.

Apesar do crescimento na demanda, o Brasil ainda está longe de ter destaque no mercado náutico. O setor é irrisório quando comparado ao de países como os Estados Unidos, onde a frota de barcos de esporte e lazer passa dos 16 milhões. Por aqui, até pouco tempo atrás, navegavam modestas 63 000 lanchas, segundo a pesquisa mais recente da Associação Brasileira de Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar),de 2005. “É uma questão cultural. Existe uma ideia aqui de que lancha é coisa de rico. O barco sempre foi o último bem de consumo que o brasileiro procura”, diz Lenílson Bezerra, diretor executivo da Acobar. Aliada à queda de preço dos barcos e dos serviços, a infraestrutura dedicada à navegação tem tudo para mudar essa lógica. Há projetos para a construção de novas marinas em todo o litoral brasileiro. Esses projetos devem avançar gradualmente com o entendimento entre os governos em relação à legislação ambiental. A expansão dos ancoradouros deverá aliviar a sobrecarga das marinas públicas e particulares que recebem os novos barcos. Na disputa por uma fatia do orçamento da classe média, os barcos estão cada vez mais fortes no páreo com um segundo carro ou uma casa na praia.

Lanchas a preços populares

As facilidades de financiamento e os preços em conta trouxeram as lanchas para a realidade da classe média. Confira os principais modelos fabricados no Brasil

24 CLASS - Real
Preço: 78 000 reais
Tamanho: 24 pés
Diferencial: Melhor navegabilidade da categoria

FOCKER 215 - Fibra Fort
Preço: 77 000 reais
Tamanho: 21,5 pés
Diferencial: Cabine com cama de casal e banheiro

VENTURA - 195
Preço: 58 000
Tamanho: 19,5 pés
Diferencial: Comporta oito pessoas sentadas

Fonte: portalexame


Nenhum comentário:

Postar um comentário