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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Canais pagos investem em megashows com personagens da TV

Um boneco, uma roupa, uma caneta, um espetáculo de R$ 1,5 milhão. Os programas da TV paga não dão origem só a brinquedos, mas a shows milionários que invadiram os palcos das principais capitais do Brasil, principalmente na época das férias ou em datas especiais, como o Dia das Crianças.

Para pagar as caras montagens, o contrato estipula fazer minitemporadas que chegam a encavalar até seis apresentações por final de semana.

Adolescentes apaixonadas, cantoras, cachorros falantes, guerreiros alienígenas e até o vetusto Homem-Aranha competem por arrebanhar as crianças para seus auditórios.

Para os canais de televisão, os megaeventos são uma nova "plataforma", na linguagem dos diretores de marketing, que engloba internet, DVD, brinquedos e o próprio desenho.

Fernando Medin, vice-presidente sênior da Discovery Networks no Brasil, que já adaptou seis programas para os palcos, vê como "natural" essa extensão da televisão. "A relevância da TV paga na área infantil tem crescido muito. Isso faz com que as pessoas queiram o conforto de ver algo com a qualidade do canal. É a confiança no conteúdo que leva ao teatro."

Há dois anos, os "Backyardigans" são habituais dos meses de julho. Para outubro, o Discovery comprou os direitos do espetáculo do cãozinho Doki, que nem programa tem, só aparece nas vinhetas educativas do canal. "Ele é uma metáfora de um garoto de seis anos, que é a média de nossa audiência. Merece o investimento", afirma Medin.
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A Nickelodeon vê a febre nos palcos como foi, no passado, o fenômeno dos parques temáticos: "As crianças querem interagir com os personagens", diz Jimmy Leroy, vice-presidente de conteúdo da Viacom.

"Isa TKM" é a próxima estreia --com ingressos quase esgotados, só há opções na pista. Novelinha musical, a primeira temporada liderou o horário entre o público de 12 a 17 anos. "Quanto mais oferta de personagens, mais produtos."

"iCarly", na mesma linha, virou um show musical nos EUA. Mas negociações para novas vindas de programas ao Brasil não progrediram. "Observamos as comunidades do Orkut e das redes de relacionamentos para medir essa demanda."

Mais concorrência

No final de semana passado, estreou o primeiro investimento do Cartoon nessa área, com "Ben 10". Adriana de Souza, diretora de licenciamento do canal, diz ver a oportunidade como "uma nova experimentação com os personagens". "Lançamos quem tem procura por tudo o que fazemos. "Ben 10" é nosso principal produto."

Muitos espetáculos rodam toda a América Latina. É o caso de "Homem-Aranha - Ação e Aventura", que vem de uma boa temporada em Buenos Aires.

"Houve uma migração das adaptações de fábulas infantis e dos quadrinhos para a TV paga. Mas para os mais velhos ainda é preciso haver os super-heróis", diz o produtor Adolfo Scheines.

Mesmo sem ter estreado no Brasil, prevê uma turnê agressiva no ano que vem. "Com certeza voltaremos ao Rio e a SP e faremos outras capitais."

À mercê dos filhos

Para o pai, é fácil levar as crianças a um espetáculo grandioso, com um personagem de que os pequenos já gostam. Mas a autora infantil Heloisa Prieto acha que "os pais ficam à mercê das crianças". "Os adultos pagam mico e vão ver coisas que não querem ou que são bregas para não contrariar o pequeno rei que têm em casa."

Juliana Araripe, uma das atrizes da série "Mothern" e mãe de uma menina de quatro anos, acha que o megashow encanta pela grandiosidade. "Tem uma sedução muito grande para as crianças. Para o pai, fica fácil de acertar no pouco tempo que tem de lazer. Mas a gente também precisa instigar."

Se depender da TV paga, vem mais comodismo por aí.

Fonte: Folha Online

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