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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Deficiências prejudicam logística no Brasil

Por conta das deficiências na infraestrutura logística e de transportes, os custos com importação e exportação na América Latina, incluindo o Brasil, chegam a ser duas vezes os do exterior. E com apenas uma redução de 10% no custo de infraestrutura logística pode-se obter um aumento entre 40% e 50% nas exportações e importações.
Estes dados, oriundos do estudo "Desobstruindo as artérias – O impacto dos custos de transporte no comércio exterior da América Latina e Caribe" e de outros, inclusive do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, são lembrados por Elias Gedeon, diretor executivo do Centronave – Centro Nacional de Navegação (Fone: 11 3791.2431), para destacar os problemas do transporte marítimo no Brasil, já que a entidade congrega os 30 maiores armadores em atividade no país.

Segundo Gedeon, o maior problema, superior até ao da dragagem, é o alto custo da praticagem. "Diante da crise, procuramos abordar muitas empresas de praticagem para adaptarem seus preços à nova realidade. Os portos de Itajaí, SC, Manaus, AM, e outros têm mostrado sensibilidade quanto à questão, mas os de Paranaguá, PR, e São Francisco do Sul, SC, independentemente da crise, querem mais, e isso os reflete negativamente", declara.

Conforme informa o profissional, a praticagem envolve 50% de todas as despesas do navio quando entra e sai de um porto brasileiro, o que representa um valor muito alto. "É um monopólio que não é regulado adequadamente. A SEP – Secretaria Especial dos Portos, a Marinha e as entidades envolvidas poderiam criar um órgão para fiscalizar e controlar os preços. Não pode haver um monopólio sem controle", expõe.

Gedeon reconhece que o serviço técnico prestado pelos práticos é excelente, mas o que está em discussão são os preços inadequados. "A praticagem pesa mais no custo do armador", salienta.

Além disso, aponta que não há terminais marítimos suficientes para atender à demanda. De acordo com ele, o investidor deveria ter mais liberdade para criar terminais, aumentando, com isso, a oferta e, consequentemente, causando a baixa do frete. "Queremos ter opções de terminais para discutir em quais vamos operar", declara, falando pelos armadores.

Sobre o longo curso, foco da entidade, o diretor executivo do Centronave considera que este tipo de transporte, de fato, se desenvolveu no Brasil, com mais navios e novas frequências. Por enquanto, a oferta está sendo mantida, mas o profissional acredita que se a crise continuar, a oferta vai cair e as empresas no país acabarão diminuindo – saem as menores e ficam as maiores –, o que é ruim para o comércio do país.

De acordo com estimativas recentes, o Brasil necessita investir cerca de U$ 30 bilhões nos portos até 2020.

Ações
Para a melhoria da infraestrutura de transportes e da integração dos diferentes modais, a Centronave deu início este ano a uma ampla mobilização junto a entidades empresariais. O objetivo é gerar discussões que contribuam para a modernização e o aperfeiçoamento da cadeia logística, tendo como foco tornar eficiente a integração intermodal, proporcionando aumento de produtividade à economia brasileira.

Além disso, o Centronave também estabeleceu uma agenda permanente de contatos com o governo federal para apresentar soluções que simplifiquem as operações portuárias, reduzindo os custos logísticos. Estão sendo preparados encontros com diferentes órgãos federais, entre os quais SEP, Receita Federal, Ibama e Anvisa.
Segundo Gedeon, já que pelos portos nacionais passam 98% das exportações em contêineres do país, toda a cadeia produtiva deve participar desta mobilização: navio, porto, cadeia logística e órgãos públicos.

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