Mais de 75% das pessoas que vivem com a doença no mundo não foram diagnosticadas
Segundo o médico, cerca de 30% dos casos são identificados na fase intermediária, quando o doente encontra dificuldade em fazer atividades rotineiras
Estima-se que 36 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de Alzheimer, o tipo de demência mais comum a afetar o cérebro. No Brasil, cerca de 1,2 milhão de pessoas têm a doença.
Um relatório divulgado pela organização Alzheimer´s Disease International, que reúne entidades em vários países, revelou um dado preocupante. Mais de 75% das pessoas que vivem com a doença no mundo não foram diagnosticadas.
Para o neurologista do Instituto da Memória da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Rodrigo Shultz, o diagnóstico da doença ocorre tardiamente porque a maioria ignora os primeiros sinais da doença. “Tanto a família quanto o médico negligenciam, de forma involuntária, as queixas das pessoas”, disse.
Segundo ele, diferentemente de outras doenças, o Alzheimer não é identificado com um único exame, mas a partir de uma análise do histórico médico do paciente e uma avaliação neurológica detalhada.
O primeiro sintoma é a dificuldade de lembrar fatos recentes, como o local onde está um objeto de uso frequente. Segundo o médico, cerca de 30% dos casos são identificados na fase intermediária, quando o doente encontra dificuldade em fazer atividades rotineiras, o que é percebido por amigos e parentes. “A dona de casa, por exemplo, que se atrapalha na cozinha ou com as finanças”, explica Shultz, membro da Academia Brasileira de Neurologia.
Com o passar do tempo, a doença progride e os sintomas pioram. A perda de memória aumenta e o paciente apresenta desorientação, mudanças no humor e deixa de reconhecer pessoas próximas. No estágio final, a pessoa com a doença não consegue andar, falar e comer e enfrenta complicações, como fraturas de membros, por causa de quedas, e feridas pelo corpo, por ficar longos períodos deitada. A terceira idade é a faixa etária com o maior número de registros da doença.
Cuidar de um portador de Alzheimer afeta também a rotina da família. Administrar trabalho, filhos, estudos e o avanço da doença resulta em elevada pressão psicológica sobre o responsável em cuidar do parente doente.
A Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz) no Rio de Janeiro oferece curso com orientações sobre como cuidar dos parentes acometidos pela doença e dar-lhes melhor qualidade de vida.
A presidenta da associação, Eliana Faria, alerta que o aumento de casos da doença nos próximos anos vai exigir a formação de cuidadores capacitados para atender os idosos. “Quanto mais pessoas apresentam a doença, há menos lugares com atendimento especializado”, disse.
Em alguns estados, associações promovem atividades para esclarecer sobre os sintomas doença por causa do Dia Mundial do Alzheimer.
Não existe cura para a doença. Os remédios e o tratamento conseguem apenas protelar o avanço e aliviar os sintomas. O paciente pode viver, em média, de 10 a 12 anos com a doença. A sobrevida, segundo Shultz, está relacionada a fatores genéticos e ao estilo de vida do portador, como a prática de exercícios físicos e a predominância de atividade intelectual, como a leitura.
Fonte: EXAME
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