Demanda no Brasil ainda é tímida, mas deve crescer nos próximos anos, segundo especialistas
Procura por profissionais que falam outros idiomas deve crescer nos Estados Unidos na próxima década. De acordo com pesquisa do University of Phoenix Research Institute, a proficiência em espanhol e mandarim lidera a lista de habilidades que serão mais requisitadas pelos empregadores.
Ao todo, 42% das empresas ouvidas pela pesquisa admitiram que querem contratar pessoas que dominem o idioma oficial da China.
A demanda é um retrato fiel da mudança de foco dos negócios internacionais de hoje: com os investidores, ao mesmo tempo, encantados com o ritmo de crescimento chinês e desconfiados com as economias que ainda estão se recompondo da crise.
Para se ter uma ideia, a China atraiu, em 2010, 101 bilhões de dólares em investimentos, de acordo com relatório da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Com isso, o país está atrás apenas dos Estados Unidos na lista dos principais destinos de investimentos estrangeiros.
Brasil
Dadas as proporções do estreito relacionamento comercial entre Brasil e China, a demanda ainda é tímida no território nacional. Mas, afirmam especialistas, profissionais com esse perfil já são “disputados a tapa” em alguns setores.
“A princípio, a procura por profissionais que falassem mandarim era para atuar nos escritórios das empresas brasileiras na China”, afirma Eduardo Baccetti, sócio-diretor da consultoria 2GET.
Nos últimos anos, de acordo com o especialista, essa procura se acentuou, mas em uma situação inversa. Agora, os chineses estão entrando no Brasil. E compreendê-los em sua língua nativa é um diferencial para todo profissional.
“Nos próximos anos, o Brasil vai entrar em um processo muito pesado de investimentos em infraestrutura”, diz Baccetti. “Boa parte desses projetos terá participação de investidores chineses. O profissional que souber mandarim será muito valorizado”.
De acordo com a Câmara Brasil China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE), a estimativa é de que, em 2010, o comércio com os chineses tenha alcançado a marca dos 50 bilhões de dólares.
Nesse cenário, as oportunidades para profissionais que tenham domínio sobre o mandarim extrapolam os limites dos bancos de investimento ou empresas ligadas ao comércio internacional. De acordo com Bacetti, setores do entorno, como escritórios de advocacia internacional e até agências de propaganda, vão começar a procurar pessoas com esse perfil. Aprendizado
No entanto, essa crescente importância do mandarim para os negócios globais não é suficiente para motivar os ocidentais a encarar a aprendizagem da língua. Dos 518 profissionais que participaram da pesquisa da University of Phoenix Research Institute, 80% admitiam que não gostariam de aprender o idioma.
Isso é facilmente explicado pelas características do idioma oficial da China. Primeiro, o mandarim não é elaborado com base em um alfabeto convencional, mas sim em 60 mil ideogramas que representam conceitos. “A pessoa deve fazer uma associação de ideias e não de letras”, diz Chen Hsiu Li, professora do colégio Sidarta, de São Paulo, que oferece aulas de mandarim na grade de matérias obrigatórias dos ensino fundamental e médio.
Os diferentes tons do idioma também podem fazer muitos ocidentais tropeçar. “Se você confunde a entonação, muda todo o significado da palavra”, diz a professora. E também não vale ter “letra feia”. De acordo com a especialista, basta um traço diferente na caligrafia do ideograma para que a palavra perca todo o seu sentido.
Cláudia Siqueira, diretora do colégio ameniza a situação. “Existe uma complexidade do idioma para a própria comunidade chinesa. Na vida comum de um chinês, ele também esbarra com essas questões”, diz.
Fonte: Exame
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