A indústria de bebidas – principalmente as de vinho, cerveja e refrigerante – ignorou a turbulência financeira mundial e apresentou crescimento na produção de 4,1% entre setembro de 2008 (quando se agravou a crise) e junho deste ano. O levantamento foi feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o diretor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Carlos Paviani, as vendas de vinho cresceram 8% no primeiro semestre deste ano, totalizando 102 milhões de litros. De acordo com Paviani, alguns fatores foram determinantes para o setor alcançar tal taxa de expansão. O dólar valorizado que beneficiou o produto nacional, o inverno rigoroso das regiões Sul e Sudeste, além da própria estratégia do setor para aumentar as vendas.
A Vínicola Salton confirma o desempenho positivo do setor de bebidas. No primeiro semestre, a empresa registrou alta de 20% nas vendas de vinhos e aguardente – disse o diretor de vendas da Salton, Wagner Ribeiro. É a mesma taxa de crescimento apresentada em 2008, quando as vendas cresceram 20% sobre 2007, mesmo diante do agravamento da crise mundial. O executivo aposta que a taxa de expansão sobre as vendas em 2009 será de 15%, no mínimo. A meta oficial é de alta de 20% sobre o ano passado. Em 2008, a produção de bebidas da empresa havia atingido 27 milhões de litros, dos quais 15 milhões são de vinhos produzidos, entre tradicionais e espumantes. A produção de cada categoria responde por 50% do total de vinho produzido na vinícola. O Conhaque Presidente, também de propriedade da vinícola, atingiu 12 milhões de litros da produção total do ano passado. "Sentimos o efeito da crise financeira mundial de forma positiva. Foi uma marolinha boa; e o nosso setor pode surfar nessa boa marolinha", disse o executivo.
Os dados do IBGE mostram que o desempenho da produção de bebidas se distanciou do resultado de toda a produção industrial, que caiu 13,6% entre junho deste ano e setembro de 2008. O economista do IBGE, André Macedo, explica que a crise atingiu menos os setores voltados para o mercado interno, como alimentos, bebidas e farmácia, que também não dependem da oferta de crédito no mercado, cujas operações secaram após o agravamento da crise mundial – que prejudicou o setor exportador.
Não existe uma explicação técnica para o desempenho de bebidas no período pós-crise. O consenso entre os entrevistados é que as vendas decorrem do clima favorável ao consumo e do reajuste do salário-mínimo, no decorrer do primeiro semestre de 2009.
As vendas de cerveja também cresceram no primeiro semestre deste ano. A taxa foi 5%. O superintendente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Enio Rodrigues, atribuiu tal desempenho ao clima favorável ao consumo e a sensação do brasileiro de ter dinheiro no bolso por conta do reajuste do salário-mínimo. Segundo o IBGE, a produção de cerveja e chope responde por 45% do desempenho total da produção de bebidas. Em seguida, está a produção de refrigerante, com fatia de 35%.
Na verdade, o setor de cerveja mostra uma recuperação do período pós-crise. As vendas de cerveja no segundo semestre de 2008 caíram 7%, em função do clima frio e da crise. Mas elas fecharam o ano estáveis ao totalizar 10,4 bilhões de litros, o equivalente a R$ 27 bilhões. Até 2007, a taxa de aumento das vendas oscilava entre 6% e 7%. A previsão é que em 2009 a taxa volte aos patamares de 2007.
Fonte: DCI
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