Ler o jornal, acompanhar o campeonato de futebol, checar e-mails, acessar a previsão meteorológica, consultar o GPS. No último ano, o Brasil teve 33,2 milhões de pessoas conectadas à internet acessando os mais diversos conteúdos por meio de dispositivos móveis. Antes inimagináveis, a mobilidade e o acesso à informação que smartphones e tablets ligados à web deram ao brasileiro não são mais planos para um futuro distante.
Dados da pesquisa Mobile Modes, feita pelo Yahoo! Insights em parceria com o Instituto Ipsos, mostram que até o fim de 2012 serão 51,4 milhões de brasileiros acessando a internet a partir de dispositivos móveis. Para os anos seguintes a perspectiva é ainda maior: serão 67,7 milhões de usuários em 2013, 86,5 milhões em 2014 e 110,5 milhões em 2015.
Inédito, o estudo realizado simultaneamente no Brasil, Estados Unidos e México, traçou o perfil de usuários que já utilizam smartphones e tablets como forma única de acesso à internet ou como complemento do uso da rede.
Cada vez mais dependente dos dispositivos móveis, o brasileiro quer que suas experiências digitais sejam integradas. “O Brasil possui 193 milhões de habitantes e 250 milhões de celulares. Deste total, 46 milhões de aparelhos têm acesso à rede 3G. Os números mostram que há uma grande oportunidade no país e o estudo vem para auxiliar as marcas a entenderem quem é esse consumidor”, explica Beth Capdevila, pesquisadora do Yahoo! América Latina, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Falta de foco
A entrada de novos internautas a partir de celulares e tablets começa a mostrar quem é o consumidor brasileiro na rede. Por outro lado, falta por parte das empresas a compreensão e o foco necessários para se moldar aos novos padrões de comportamento.
De acordo com a pesquisa do Yahoo!, a publicidade móvel é mais aceita do que a propaganda online tradicional e ainda mais eficaz. Entre os usuários ouvidos, 51% não se importam com a publicidade desde que os permita acessar conteúdo gratuito, contra 38% que acham as formas de anunciar por meio de celulares e tablets intrusivas demais.
Um obstáculo é a falta de entendimento das companhias quanto à utilização do mobile. “O grande problema é que as empresas não pensam no móvel, elas adaptam a web para o móvel e isso não funciona. A tela dos celulares e tablets são menores e o engajamento é diferente. É preciso pensar para poder engajar. O mobile é uma mídia poderosa que a indústria não está sabendo utilizar e ainda tem perdido o usuário”, afirma Diego Higgins, Head da Yahoo! Brasil, em entrevista ao portal.“Conteúdo é o rei"
A falta de percepção das empresas quanto ao formato de anunciar na internet móvel pode ser agregada ao pouco entendimento sobre o conteúdo a ser veiculado. Segundo a pesquisa, são 50 tipos de atividades online que o usuário brasileiro mais usa, agregadas ainda em sete categorias.
A primeira delas seria a Connect, que inclui entre as atividades a checagem de e-mail ou envio de mensagens. O acesso a esse tipo de ação chega a 15% apenas com dispositivos móveis. A segunda categoria é a Search, com buscas específicas e 14% de penetração nos dispositivos móveis. A Entertain é a terceira categoria, com atividades ligada a música e jogos e uso de até 17% com smartphones e tablets.
Manage, para assuntos de viagens e trabalho, é usado por 17% dos usuários. A categoria Inform, em que são enquadradas leituras de artigos e jornais, tem penetração de 15% apenas por mobile. A sétima categoria é Shop, em que a comparação de preços entre produtos na internet é o principal serviço buscado, e tem 18% de penetração de aparelhos móveis. Por fim, Navigate, com atividades como GPS e uso de mapas, e penetração de 31% em mobile.
Ainda que as atividades variem, os espaços na rede móvel têm de ser definidos. “Não há espaço para anúncios sem propósito nos celulares e tablets, como vemos nos PCs. O uso do aparelho móvel é muito intuitivo e a internet móvel se tornou uma parte central da vida online de muitos brasileiros. O Marketing aqui é aceito e tem muito potencial para crescer. Porém, o conteúdo é a chave do mobile, ele que é o rei”, diz Beth.
Fonte: EXAME
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