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quarta-feira, 4 de março de 2009

Produto nacional deverá tirar lugar de importado na Páscoa


Depois de fechar o mês de janeiro com alta real de 6,5% nas vendas em relação ao mesmo mês do ano passado, o setor supermercadista dá indícios que esta Páscoa não deverá ser tão adocicada como o esperado, principalmente em relação aos produtos importados, que, devido à oscilação da moeda norte-americana, ficaram até 20% mais caros este ano.

Para Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a forte valorização do dólar impactou o preço do azeite de oliva, do vinho e do bacalhau, componentes tradicionais da mesa dos brasileiros no período da Quaresma. "As empresas não têm como segurar o repasse dessas altas, portanto, é possível que as classes mais populares substituam os produtos importados por nacionais", diz.

As negociações que estabeleceram o volume de importação de bacalhau ocorridas no último trimestre de 2008 foram prejudicadas pelos quase 30% de valorização da moeda internacional desde setembro até agora, creem especialistas em varejo. Isso fez com que o volume comprado fosse menor; consequentemente, o preço final está mais salgado.

Na avaliação de Honda, muitos consumidores trocarão esses peixes nobres pela merluza ou pescada, importada em grande quantidade da Argentina. As vendas das melhores variedades do bacalhau serão até 10% menores, e os demais produtos estrangeiros poderão amargar queda de até 20% nas vendas. "Esta não será a Páscoa dos sonhos, e os levantamentos prévios mostram que também não estão ruins. Estamos condicionados a fatores como rendimentos e nível de emprego da população."

Preparação

De acordo com Claudio Galeazzi, presidente do Grupo Pão de Açúcar, a companhia está acompanhando o comportamento do consumidor e estará preparada quando o consumidor passar a dar preferência às marcas de segunda linha. "Seremos reativos, agindo conforme o mercado. Temos produtos para todos os consumidores, desde bacalhau do Porto a lascas de bacalhau", ressaltou.

A rede, que é uma das principais importadoras de peixe do País, comprou mais de 9 mil toneladas de peixe, sendo que o bacalhau deverá ter 1,5 mil toneladas vendidas. Por causa das negociações antecipadas, a varejista afirma que a subespécie do Porto está 10% mais barata que no Natal de 2008.

Na categoria vinhos, o incremento esperado nas vendas é de 15% em relação ao ano passado, com destaque para as bebidas portuguesas, comercializadas com preço a partir de R$16,90.

Crescimento

A expectativa do Carrefour para a primeira data comercial mais importante depois do Natal é alcançar média de 10% de aumento nas vendas de pescado e vinhos. A líder do setor supermercadista detalha que o sortimento de peixes nacionais chega a 95 itens, como corvina e sardinha, e, na lista dos importados, estão salmão, filé de merluza, cação em postas e cinco variedades de bacalhau, que correspondem a 20% do total de itens à disposição do público. Na seção de vinhos, o grupo trabalha com 600 referências entre vinhos e espumantes de origem nacional, latino-americana e outras.

Sul do País

Na catarinense Super Muffato, formada por 30 lojas, a oscilação da moeda norte-americana implicou um aumento médio de 10% no valor dos produtos sazonais ligados à Quaresma. Ederson Muffato, diretor da rede, observa que, no Sul do País, o consumo de peixe é muito forte e que o preço mais salgado do bacalhau a princípio não deverá inibir esta tradição. De maneira geral, é esperado um incremento de 10% nas vendas para essa data na comparação com o ano passado.

"Negociamos intensamente com os fornecedores para chegar a um preço aceitável. De setembro para cá, o dólar subiu cerca de 30% e é inaceitável um repasse desta ordem em produtos de gênero alimentício", comenta Muffato. Ele avalia que ainda é cedo para dizer se haverá uma migração para a compra de produtos mais baratos este ano.

De maneira geral, foi mantido o volume de compra de bacalhau do Porto para esta Páscoa, em contrapartida à variedade de peixes mais baratos, como merluza, sardinha e bacalhau Saithe e Zarbo, que está um pouco mais elevada. Parte dos peixes importados é proveniente de Argentina, Chile e Portugal. Já os azeites foram importados da Europa e da Argentina. As redes Wal-Mart, GBarbosa, Sonda e Grupo St. Marche foram procuradas pelo DCI, mas não se pronunciaram sobre o assunto.

Fonte: DCI On-Line

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