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quarta-feira, 4 de março de 2009

Documentário fala sobre o desejo de comprar das crianças


Há quem ache "bonitinha" a capacidade de crianças em citar marcas de celulares, de roupas e de brinquedos com propriedade, mas a "brincadeira" pode ser menos inofensiva do que parece. Expostos às propagandas, sobretudo na TV, os pequenos têm se mostrado eficazes para estimular o consumo dentro de casa, usando uma arma muitas vezes infalível: os pedidos aos pais.
Segundo o documentário "Criança, a Alma de Negócio", diante desta exposição, os filhos acabam ganhando a função de "mensageiros" para convencer os pais a comprar um produto. "Os anunciantes usam as crianças para passar um recado", diz a diretora Estela Renner.


Criado em parceria com o Instituto Alana (ONG ligada à inclusão social) e lançado no ano passado, o filme tem sido exibido na TV Cultura e na internet. Crítico do excesso de propagandas direcionadas ao público infantil, o documentário chega a apontar, por meio de entrevistas, a uma regulamentação por parte do Estado. A ideia, diz Estela, é levantar a discussão e exigir limites, inclusive do Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), órgão formado por publicitários e membros da sociedade civil responsável pela 'ética na publicidade'.

A tentativa desta e outras ações parece ter surtido efeito. Em fevereiro deste ano, dados mostraram que a fiscalização do Conar em relação a propagandas para crianças e adolescentes se tornou mais rigorosa em 2008 e 2009. Um dos motivos é a tentativa de evitar a proibição de comerciais infanto-juvenis pelo Congresso, onde tramita um projeto de lei.

'Paixão' por compras

Garotinha segura um controle remoto, em cena do filme "Criança, a Alma do Negócio"
De maneira didática, o documentário deixa claro sua reprovação aos hábitos de consumo das crianças entrevistadas. Escolhidas aleatoriamente em regiões de São Paulo, elas relatam a 'paixão' por comprar e mostram seus "objetos de desejo", como celulares, sapatos, roupas e brinquedos.

Numa das cenas mais emblemáticas, cinco delas têm que responder à questão: do que você gosta mais, comprar ou brincar? A resposta foi uma correria para que todas colocassem a mão no quadrado escolhido, ou seja, o das compras. "Ninguém gosta de brincar?", reage uma das meninas do grupo.
Outro momento é quando as crianças têm seus conhecimentos sobre marcas famosas testados. Confrontadas com a imagem de um slogan de uma operadora de celular, por exemplo, elas mostram estar "por dentro", ao contrário do que acontece quando têm que mencionar os nomes de animais da fauna brasileira e os de vegetais.

Sob esta lógica, entram ainda temas como obesidade infantil e a maneira como os pais lidam com os pedidos frenéticos da criançada. "A reação deles costuma ser de desespero diante dos filhos, que querem tudo", afirma Estela, lembrando que este assunto vai além da publicidade. "Mostramos só uma parcela, mas para nos aprofundarmos sobre a relação entre pais e filhos precisaríamos de um outro documentário", diz.

ASSISTA AQUI O FILME NA ÍNTEGRA:

Fonte: UOL

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