O Brasil tem mais empresas de médio e grande porte consideradas de alto crescimento do que países desenvolvidos como os Estados Unidos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou as Estatísticas de Empreendedorismo 2010. Se por um lado os dados mostram que a economia brasileira ainda oferece espaço para expansão dessas companhias, por outro, o resultado aponta para uma falha na expansão dos negócios no País por meio de investimentos em inovação, apontou o Instituto Endeavor, que conduziu o levantamento em parceria com o IBGE.
O estudo considera como empresas empreendedoras ou de alto crescimento as que registraram expansão de pessoal ocupado assalariado de 20% ao ano, em média, nos últimos três anos. O período investigado se estendeu de 2008 a 2010.
Em 2009, 7,9% das empresas com pelo menos 10 trabalhadores assalariados no Brasil encaixavam-se no perfil empreendedor, ou seja, eram consideradas de alto crescimento. Nos Estados Unidos, a fatia caía para 5,9%. "Isso mostra que há mais oportunidade para médias e grandes empresas crescerem no Brasil do que nos países desenvolvidos", avaliou Amisha Miller, gerente de pesquisa do Endeavor.
Para a comparação internacional, o IBGE levou em consideração os dados de todas as empresas de alto crescimento, mesmo as que tiveram aumento de pessoal ocupado por meio de fusões ou aquisições, já que este é o padrão adotado em vários países. Esse recorte na pesquisa se limitou a 2009 porque foi o último ano com dados internacionais disponíveis.
No ranking de participação de empresas empreendedoras entre as companhias de médio e grande porte, a Espanha ficou em segundo lugar, com uma fatia de 5,8% de suas companhias de alto crescimento entre as grandes e médias corporações do País. Em seguida, figuraram na lista o Canadá (4,5%), a Itália (4,3%), a Dinamarca (4,0%), Holanda (3,1%) e Áustria (3,1%). "A taxa de empresas de alto crescimento entre as de médio e grande porte é muito maior no Brasil do que em países desenvolvidos", apontou Cristiano Santos, analista da Coordenação de Indústria do IBGE.
No entanto, o Instituto Endeavor alerta para o fato de que o fenômeno também denota um lado negativo, o da falta de competitividade e inovação nas empresas brasileiras. Como empresas médias e grandes já empregam muitos trabalhadores, para que o número de empregados ainda cresça 20% ao ano significa que elas estão investindo em contratação de mão de obra em larga escala em vez de apostar no crescimento por meio de investimentos em eficiência e inovação. "Nos países desenvolvidos, as empresas investem em crescimento mais por meio de inovação e aumento de competitividade do que de contratação", explicou Amisha. "Nesses países, as empresas pequenas são as que contratam mais".
A gerente do Instituto Endeavor afirmou que o Brasil tem a terceira menor taxa de inovação no mundo entre as empresas que estão começando suas atividades. O País só perde para Bangladesh e Trinidad e Tobago. "Estamos fazendo uma pesquisa, que deve ser divulgada em janeiro, em que verificamos que, no Brasil, os empresários que estão abrindo seus negócios não acham que inovação é tão importante para ter uma empresa de sucesso no País", antecipou Amisha.
Fonte: Istoé Dinheiro
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