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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A primeira classe dos cinemas

Poltronas que viram camas, pipocas aromatizadas, garçons que servem pratos exclusivos e até vinhos e champanhes... Em algumas salas premium, assistir a um filme pode ser uma experiência inédita. 

Se você se perguntar por qual motivo deveria sair do conforto de sua casa para assistir a um filme, provavelmente ainda não conhece algumas salas de cinemas de luxo no País. “É como se fosse a primeira classe de um avião”, diz Eduardo Acuña, presidente da rede mexicana Cinépolis, especializada em cinemas de alto padrão. “Existe um público interessado em pagar mais, desde que ganhe em retorno conforto e serviço diferenciado.” Entre os atrativos, com ingressos que vão de R$ 60 a R$ 210, estão poltronas grandes, atendimento sem filas e garçons que oferecem desde pipocas aromatizadas com azeite de trufas até vinhos que chegam a custar R$ 560. 


No shopping JK Iguatemi, a nova meca do luxo em São Paulo, se encontra um dos complexos de cinema mais importantes dessa tendência de elitização das telonas. Propriedade da Cinépolis, das oito salas encontradas lá, seis têm o selo vip da rede de cinemas. Para Acunã, os cinemas de luxo são uma evolução natural de um setor bastante competitivo. “O cinema é uma indústria como outra qualquer e precisa se inovar constantemente para não perder público”, afirma o executivo. A rede com atuação internacional – são mais de 50 salas de luxo por todo o mundo, incluindo EUA e México – planeja expandir a experiência para Florianópolis, Curitiba e Manaus. 
 
Além das mordomias habituais, as salas projetadas pela Cinépolis contam com tapeçaria e poltronas revestidas com couro italiano. Acunã se orgulha também do sistema personalizado de atendimento, em que os garçons anotam os pedidos e entregam sem que o cliente precise pegar fila alguma. “Até mesmo o lobby da área vip é em lugar separado”, diz o empresário. A tendência de sofisticação das salas de cinema atinge principalmente a cidade de São Paulo. Isso porque, segundo Gabriella Otto, professora de marketing da ESPM, 70% do público consumidor do mercado de luxo está na capital paulista. “Mas, como todos os movimentos no setor de luxo, com o tempo vai se espalhando por outras metrópoles brasileiras”, afirma a especialista. 
 
Para ela, existem dois tipos de público: um exigente por natureza, uma vez que está acostumado com o estilo de vida repleto de sofisticação, e outro que encara aquele programa como uma experiência isolada. Ainda em São Paulo, os moradores contam com o Cinemark Bradesco Prime, do shopping Cidade Jardim, que convocou uma chef renomada para reformular seu menu. Morena Leite, famosa por sua culinária bem brasileira do restaurante paulistano Capim Santo, criou quitutes exclusivos para o local, como a porção de canudinho de pato harmonizado com o vinho francês Château Rauzan-Ségla (R$ 192) e o sanduíche de frango com mostarda, combinado com o também francês Domaine Laroche Chablis (por R$ 123), além de outros 11 rótulos, entre tinto, branco, rosé e espumante. 
 
Morena incluiu no menu também o seu famoso brigadeiro de colher de capim-santo. De acordo com Bettina Boklis, diretora de marketing da rede Cinemark, no início eram só duas salas. “Em apenas dois anos, tivemos que dobrar a capacidade em razão da demanda”, afirma Bettina. O Rio de Janeiro não ficou de fora dessa tendência. As salas De Lux, no New York City Center, na Barra da Tijuca, contam com a mesma característica de luxo. A UCI também planeja abrir salas do tipo em Salvador. “Esse novo investimento é reflexo de uma boa aceitação do público, que adotou o conceito da sala vip”, afirma Monica Portella, diretora de marketing da rede. 

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