Poltronas que viram camas, pipocas aromatizadas, garçons que servem pratos exclusivos e até vinhos e champanhes... Em algumas salas premium, assistir a um filme pode ser uma experiência inédita.
Se você se perguntar por qual motivo deveria sair do conforto de sua casa para assistir a um filme, provavelmente ainda não conhece algumas salas de cinemas de luxo no País. “É como se fosse a primeira classe de um avião”, diz Eduardo Acuña, presidente da rede mexicana Cinépolis, especializada em cinemas de alto padrão. “Existe um público interessado em pagar mais, desde que ganhe em retorno conforto e serviço diferenciado.” Entre os atrativos, com ingressos que vão de R$ 60 a R$ 210, estão poltronas grandes, atendimento sem filas e garçons que oferecem desde pipocas aromatizadas com azeite de trufas até vinhos que chegam a custar R$ 560.
No shopping JK Iguatemi, a nova meca do luxo em São Paulo, se
encontra um dos complexos de cinema mais importantes dessa tendência de
elitização das telonas. Propriedade da Cinépolis, das oito salas
encontradas lá, seis têm o selo vip da rede de cinemas. Para Acunã, os
cinemas de luxo são uma evolução natural de um setor bastante
competitivo. “O cinema é uma indústria como outra qualquer e precisa se inovar constantemente para não perder público”,
afirma o executivo. A rede com atuação internacional – são mais de 50
salas de luxo por todo o mundo, incluindo EUA e México – planeja
expandir a experiência para Florianópolis, Curitiba e Manaus.
Além das mordomias habituais, as salas projetadas pela Cinépolis
contam com tapeçaria e poltronas revestidas com couro italiano. Acunã se
orgulha também do sistema personalizado de atendimento, em que os
garçons anotam os pedidos e entregam sem que o cliente precise pegar
fila alguma. “Até mesmo o lobby da área vip é em lugar separado”, diz o
empresário. A tendência de sofisticação das salas de cinema atinge
principalmente a cidade de São Paulo. Isso porque, segundo Gabriella
Otto, professora de marketing da ESPM, 70% do público consumidor do
mercado de luxo está na capital paulista. “Mas, como todos os movimentos
no setor de luxo, com o tempo vai se espalhando por outras metrópoles
brasileiras”, afirma a especialista.
Para ela, existem dois tipos de público: um exigente por natureza,
uma vez que está acostumado com o estilo de vida repleto de
sofisticação, e outro que encara aquele programa como uma experiência
isolada. Ainda em São Paulo, os moradores contam com o Cinemark Bradesco
Prime, do shopping Cidade Jardim, que convocou uma chef renomada para
reformular seu menu. Morena Leite, famosa por sua culinária bem
brasileira do restaurante paulistano Capim Santo, criou quitutes
exclusivos para o local, como a porção de canudinho de pato harmonizado
com o vinho francês Château Rauzan-Ségla (R$ 192) e o sanduíche de
frango com mostarda, combinado com o também francês Domaine Laroche
Chablis (por R$ 123), além de outros 11 rótulos, entre tinto, branco,
rosé e espumante.
Morena incluiu no menu também o seu famoso brigadeiro de colher de
capim-santo. De acordo com Bettina Boklis, diretora de marketing da rede
Cinemark, no início eram só duas salas. “Em apenas dois anos, tivemos
que dobrar a capacidade em razão da demanda”, afirma Bettina. O Rio de
Janeiro não ficou de fora dessa tendência. As salas De Lux, no New York
City Center, na Barra da Tijuca, contam com a mesma característica de
luxo. A UCI também planeja abrir salas do tipo em Salvador. “Esse novo
investimento é reflexo de uma boa aceitação do público, que adotou o
conceito da sala vip”, afirma Monica Portella, diretora de marketing da
rede.
Fonte: Istoé Dinheiro
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