A indústria de brinquedos, num esforço para tirar proveito da fascinação das crianças por smartphones e tablets, está lançando produtos que se conectam com as telas sensíveis ao toque que esses aparelhos têm.
Na Toy Fair 2012, uma das maiores feiras de brinquedos do mundo, que reúne os fabricantes em Nova York esta semana, a Hasbro Inc. está promovendo uma nova versão do seu clássico "Jogo da Vida" que permite que os participantes girem a roleta numa reprodução virtual do jogo num iPad.
Ao mesmo tempo, a Mattel Inc. anunciou uma nova linha de brinquedos chamada Apptivity que permite que as crianças utilizem bonecas Barbie e carrinhos Hot Wheel equipados com condutores especiais para controlar o movimento de jogos em um computador tablet.
"É uma categoria totalmente nova de brinquedos", diz Tim Kilpin, um diretor da Mattel.
Nem todos estão convencidos de que a tática de se vincular a tablets e smartphones vai funcionar para a indústria de brinquedos, que tem tido queda ou estagnação das vendas em mercados importantes nos últimos anos. Nos Estados Unidos, por exemplo, as vendas de 2011 caíram 2%, para US $ 21,2 bilhões.
"Tablets e smartphones são eletrônicos quase perfeitos, então por que abarrotá-los com peças desajeitadas e acessórios que os tornam menos elegantes?", pergunta Eric Levin, diretor de operações da Techno Source, fabricante de brinquedos do conglomerado Li & Fung Ltd. de Hong Kong.
Enquanto os veteranos da indústria culpam o aumento da concorrência de outras opções de entretenimento pela queda nas vendas de brinquedos tradicionais, outros experts citam um problema mais básico: a falta de criatividade dos fabricantes, que vêm fazendo as mesmas bonecas, carrinhos e armas de brinquedo, ano após ano.
"Mais inovação poderia permitir que os brinquedos mantivessem seus parâmetros de preços, porque o modelo atual não é sustentável", disse Soren Torp Laursen, diretor de operações da Lego Company Ltd.
Embora a concorrência de preços de brinquedos tradicionais seja hoje intensa, os fabricantes perceberam que ainda podem obter margens mais altas com produtos originais. O LeapPad Explorer, um tablet para crianças da LeapFrog Enterprises Inc., foi esgotado na maioria das lojas nesta temporada de Natal e é revendido no site de leilões eBay por valores bem acima do preço de varejo sugerido, de US$ 99, nos EUA.
Os fabricantes de brinquedos têm lançado versões mais focadas na tecnologia de suas marcas já estabelecidas há anos, com variados níveis de sucesso. Eles tentaram transformar seus brinquedos em videogames e criaram sites correspondentes. Mais recentemente, começaram a licenciar os direitos para criar versões físicas de alguns sucessos digitais — a Mattel, por exemplo, foi bem-sucedida com uma versão de tabuleiro do fenômeno dos games para smartphones e tablets "Angry Birds", da Rovio Entertainment Ltd.
Os novos brinquedos levam a aliança um pouco mais além. Uma nova versão do popular "Banco Imobiliário", da Hasbro, vendida nos EUA por US$ 25, o dobro do preço normal do jogo, usa um iPad, iPhone ou iPod Touch para lançar débito ou crédito em contas virtuais com um cartão de banco. Os jogadores também podem disputar minigames virtuais quando obtêm cartas especiais no jogo de tabuleiro.
Outro brinquedo novo na linha Mattel Apptivity permite que as crianças usem os carrinhos Hot Wheels para controlar uma corrida virtual no iPad.
Alguns pais dizem que a ideia de deixar as crianças correrem por aí com seus eletrônicos caros não é das mais felizes.
"Tenho problemas com esse despejo de tecnologia nas crianças", diz Jill Simonian, uma mãe blogueira que vive em Los Angeles. "IPad não é um brinquedo".
A Spin Master Ltd., fabricante canadense mais conhecida por seus brinquedos Bakugan, foi pioneira no mercado híbrido, lançando na temporada natalina a Appfinity AppBlaster, uma longa espingarda de plástico que utiliza a tela do iPhone como o alvo da arma. A empresa também lançará em brve a AppDrive, um volante que permite que crianças controlem jogos em aparelhos da Apple Inc. ou smartphones e tablets que usam Android, o sistema operacional da Google Inc.
Embora muitos dos grandes fabricantes estejam abraçando a nova tendência, alguns preferem tomar um caminho diferente para lucrar com o amor das crianças pela tecnologia.
Em vez de encontrar formas de vender brinquedos ligados aos tablets e smartphones dos pais, a Techno Source está apostando no tablet infantil Kurio. Vendido nos EUA por um preço inicial de US$ 199, ele tem 4.000 jogos disponíveis, não vende merchandise virtual associado ao computador e permite que os pais bloqueiem sites inadequados.
Fonte: WSJ América
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