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Em seu aniversário de 455 anos, São Paulo será presenteada com mural de mil metros quadrados de extensão grafitado na Avenida 23 de Maio, na altura do viaduto Tutoia. O presente retrata cenas em preto-e-branco da cidade no início do século passado e é um presente de Eduardo Kobra, grafiteiro e responsável pelo Studio Kobra, e de outros seis grafiteiros. "Esperamos quatro meses para que a Prefeitura autorizasse este presente, já que esbarrava na Lei Cidade Limpa. No final do mês passado conseguimos a autorização. Quase não dá tempo!", disse Kobra, que espera que o mural seja permanente.
Apesar do grande mural, a cidade continua livre dos cartazes, faixas e outdoors. Após completar dois anos, a Lei Cidade Limpa fez com que empresas buscassem mídias alternativas, como anunciar em televisores no interior de transportes públicos, cartões-postais, displays, panfletagem, painéis e outros tipos de mídia indoor.
Segundo a Abramid (Associação Brasileira de Mídia Indoor), no ano passado a média de crescimento desse segmento foi de 15% e a expectativa para 2009 é de que haja um aumento de 40% devido à demanda do mercado. Atualmente, a mídia indoor representa cerca de 4% do total de investimentos publicitários realizados no País.
Somente na cidade de São Paulo são 17 mil painéis publicitários nas estações de metrô e 500 táxis já circulam pela metrópole com monitores de nove polegadas. "Aumentou a procura e a concorrência também com o fim dos outdoors", afirmou Marcos Fernandes Vianna, diretor executivo da Mica, empresa de mídia card que possui 1.080 mil pontos na capital paulista.
Mas a busca pela mídia indoor pode provocar certo exagero e até prejudicar a comunicação. "Tem muita gente que acha que mídia indoor é colocar TV em qualquer lugar. Todas as empresas estão olhando para esse mercado e tem gente fazendo bobagem, o que é natural em um setor incipiente", comentou Ângelo de Sá Junior, sócio-diretor da Indoormídia, empresa com 85 pontos de comunicação espalhados por São Paulo.
Apesar das diversas alternativas de mídia indoor, ainda é possível encontrar nas ruas do centro da cidade uma das mais antigas formas de comunicação exterior: os homens-sanduíche, aquelas pessoas que carregam dois cartazes junto ao corpo, como se fosse a letra A maiúscula.
A reportagem do propmark visitou a Rua Barão de Itapetininga, próximo ao Teatro Municipal, e constatou diversos homens e mulheres-sanduíche.Em sua maioria, são aposentados ou moradores de albergues que ganham R$ 15 por dia, em média, e trabalham oito horas diárias divulgando empresas que comercializam joias, metais preciosos, fotocópias, curriculum vitae e até atestados médicos. O trabalho é informal e são as próprias empresas, localizadas nos prédios do centro da cidade, que contratam as pessoas e produzem os cartazes.
Segundo José Roberto Whitaker Penteado, diretor do Instituto Cultural da ESPM e colunista do propmark, os livros de história da publicidade referem-se ao homem-sanduíche desde a primeira metade do século 19, andando pela Rua Oxford, em Londres (Inglaterra). No Brasil, o homem-sanduíche também faz parte do cenário urbano do Rio de Janeiro desde a segunda metade do século 19. Mas é possível que esse tipo de publicidade tenha surgido na Europa durante a Idade Média. "Naquela época, os arautos do rei saíam às ruas, com roupas de cores vivas, tocando trombetas, para informar à população sobre os impostos mais recentes e outras determinações reais", explicou Penteado.
por Maria Fernanda Malozzi
Fonte: propmark.com.br
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