O setor de reciclagem de PET no Brasil pode viver novas perspectivas após a divulgação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC n°20) da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Essa norma autoriza o reuso do PET na fabricação de gêneros alimentícios. Até então, apenas as resinas virgens de PET podiam ser usadas para entrar em contato com o alimento.“É preciso entrar com pedido junto à Anvisa, que vai fazer uma análise no processo da empresa”, comentou a gerente de ações de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Anvisa, Laura Lyra Santos.
Ainda não se sabe qual o tamanho do mercado que será aberto com essa decisão, mas um número já deve ser considerado por comerciantes de matérias recicláveis: o investimento numa planta Bottle to Bottle ou SuperClean vai de R$ 300 mil a R$ 500 mil. Atualmente, todo o volume de material PET processado por fornecedores é absorvido pela indústria.
“Nosso gargalo está na falta eficiente da coleta”, lembra Hermes Contesini, responsável pelo departamento de comunicação da Abipet – Associação Brasileira da Indústria do PET. Segundo ele, o mercado de recicláveis de PET cresceu 18% em 2007 e a taxa de reciclagem no país hoje é de 53,5%. Das 230 mil toneladas de PET reciclado e comercializado, o Estado de São Paulo responde por 36%, seguido pelo Rio Grande do Sul (10%), Santa Catarina (10%), Rio de Janeiro (9%) e Paraná, com 6%. “O Brasil já é hoje o maior reciclador do PET do mundo”, lembrou Maurício Ligabo, presidente da Abrepet – Associação Brasileira dos Revitalizadores de PET.
Contesini não acredita que o uso do PET reciclado para fins alimentícios vai provocar uma valorização da resina secundária no mercado. Contesini e Ligabo acreditam que o ponto inicial da discussão é quanto à qualidade do produto final. O PET reciclado provoca sensíveis alterações na cor da embalagem de um refrigerante, por exemplo, ou seja, quando o PET reciclado estiver em plena condição de fornecimento, empresas de envase primeiro vão medir o impacto da embalagem no consumidor, e só depois é que o mercado vai sentir os efeitos da demanda.
Fonte: Revista Reciclagem Moderna, ano III nov./dez. 2008
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