Steve Jobs admite que está doente, mas isso não responde à grande questão: como a Apple ficaria sem ele?
STEVE JOBS ESTÁ DOENTE. O que se especulou amplamente nos últimos meses, agora se tornou oficial. Em um comunicado, o CEO da Apple afirmou que sua impressionante perda de peso se deve a um simples desequilíbrio hormonal. O anúncio veio em um momento particularmente importante para a Apple. Em 2009 o principal produto da empresa, o Macintosh, completa 25 anos. Além disso, a revelação se deu no dia de abertura da Macworld, feira oficial da Apple que, desta vez, não contou com sua presença. O evento, o mais esperado do ano no mundo da tecnologia, foi durante anos palco das performáticas apresentações de Jobs. Foi em uma de suas edições que ele apresentou o iPhone, assim como, no ano passado, foi lá que tirou de um envelope o notebook mais fino do mundo. Mas, neste ano, a tradição foi quebrada. Em vez de novas tendências, a Apple apresentou apenas uma evolução de seus produtos. A repercussão do evento provou, mais uma vez, que sem Jobs a fabricante perde seu brilho. Sua importância é tão grande que sua declaração já foi suficiente para as ações da companhia subirem quase 5%.
Poucas empresas dependem tanto de seu CEO como a Apple. Além de ser seu cofundador, Jobs tirou a companhia de uma falência iminente e, em dez anos, a tornou uma das mais badaladas e rentáveis empresas do mundo. Ele, inclusive, foi o homem que revolucionou o modo de se fazer computadores. E o lançamento do Macinstosh, em 1984, foi seu carro- chefe. Trata-se do primeiro computador pessoal com recursos de desenho que já existira. Naquela época, ninguém jamais havia visto algo semelhante. Foi a estreia das máquinas controladas pelo mouse. Tanto que, para familiarizar os novos usuários com o artigo, Jobs fez questão de que ele fosse embalado separadamente do restante da máquina. Ele acreditava que o fato de forçar o usuário a manuseá-lo o tornaria menos estranho. O lançamento do PC teve direito a uma campanha publicitária milionária, exibida apenas naquele ano nos intervalos da Super-Bowl League.
Mas o megassucesso acabou sendo o iMac, que marcou o retorno triunfal de Jobs à Apple, em 1998. Uma máquina com cores de frutas e design arredondado, que destoava do habitual formato quadrado e bege da época. Foram vendidos seis milhões de unidades – o computador mais comercializado de todos os tempos. Além disso, o iMac se tornou um fenômeno cultural. Uma variedade de produtos inspirados na Apple foi lançada, como escova de dentes e secadores de cabelos. “A inovação não tem nada a ver com a quantidade de dólares que você investe em pesquisa e desenvolvimento. Quando a Apple lançou o Mac, a IBM estava gastando no mínimo 100 vezes mais nessa área”, disse Jobs no lançamento do iMac. “Não é uma questão de dinheiro, e sim o quanto você entende da coisa”, acrescentou. A partir daí, as novas versões do Macintosh tiveram sucesso garantido. Isso fez com que a Apple se tornasse a fabricante que mais aumentou suas vendas nos EUA no segundo trimestre de 2008. De acordo com o Gartner, a empresa de Jobs registrou um total de 1,4 milhão de unidades vendidas – alta de 38,1% em relação ao segundo trimestre de 2007. Com o resultado, a Apple roubou da Acer o terceiro posto de maior fabricante de computadores pessoais dos EUA. Os Macintoshs detêm 8,1% do mercado americano.
Se a doença de Jobs for mesmo passageira, a previsão é de que a Apple continuará ditando novas tendências. “Um desequilíbrio hormonal esteve surrupiando as proteínas de que meu organismo precisa para se manter saudável”, disse Jobs em comunicado. Caso contrário, terá de encontrar uma saída para que o cenário ocorrido nesta última edição do Macworld não volte a se repetir.
Por ROBERTA NAMOUR
Fonte: ISTO É
Nenhum comentário:
Postar um comentário