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quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Proteger para não remediar
A indústria da pirataria encontra cada vez mais facilidade para copiar produtos. Para as marcas fortes, a boa notícia é que existem avançadas tecnologias para combatê-la
A globalização expandiu admiravelmente as oportunidades de negócios para as indústrias. Mas, numa de suas facetas mais amargas, também fortaleceu a pirataria. O contrabando e a contrafação são atividades cada vez mais poderosas na economia mundial. “Produtos falsificados já chegam a gerar um prejuízo anual da ordem de 630 bilhões de dólares às marcas genuínas”, calcula o jornalista venezuelano Moisés Naím em seu livro Ilícito – o Ataque da Pirataria, da Lavagem de Dinheiro e do Tráfico à Economia Global. Com essa cifra, a indústria da falsificação ocuparia um destacado 61º lugar no ranking do Fundo Monetário Internacional (FMI) que avalia os PIBs de 180 nações.
Réplicas de baixa qualidade, caricatas, facilmente identificáveis, são definitivamente coisas do passado. Dinâmico e emancipado do controle dos Estados como nunca, o comércio internacional garante fácil acesso a sofisticadas tecnologias de falsificação, dedicadas em amplo grau à reprodução de embalagens – o que não surpreende, na medida em que elas são as personificações dos produtos (para não dizer que elas são os produtos). Persuadido por embalagens falsas, o consumidor pode adquirir bens de consumo cuja qualidade fatalmente deixa a desejar. Mas, no caso de alimentos e, principalmente, de medicamentos, os embustes podem ocasionar problemas de saúde pública, ameaça intitulada nos Estados Unidos de “terrorismo de varejo”. Resultado: perdas que extrapolam a sangria imediata dos caixas, já que colocam em risco as reputações das marcas.
“Se a noção de que as marcas são bens valiosíssimos já está largamente assimilada pelas empresas, nem tanto está a de que, como qualquer patrimônio, elas devem ser protegidas”, diz Jack Walsh, gerente de marketing da divisão de Soluções de Proteção de Marcas (Brand Protection Solutions) da americana Videojet, fabricante de equipamentos para codificação e marcação de embalagens. De acordo com Walsh, a codificação pode ser uma aliada no combate à pirataria, pois, ao contrário do que ocorria até a década de 90, quando somente permitia identificar lotes, hoje permite o controle unitário de produtos. Para legitimar produtos, uma das propostas da Videojet é a aplicação de códigos invisíveis nas embalagens, gravados por codificadoras inkjet com tinta ultravioleta (UV), identificável somente por leitores especiais.
Há diversas opções de dispositivos anticópia ocultos para embalagens, apenas detectáveis por filtros, leitores ou análises laboratoriais. A Innovapack, por exemplo, começa a disponibilizar no Brasil papéis cartão para a produção de invólucros dotados de “impressões digitais”. A tecnologia, chamada Authentica, permite a autenticação do material com o uso de scanners. “Um dos leitores tem forma de caneta, para facilitar as inspeções de campo, como as feitas em ambiente de varejo”, comenta Helio Kikuchi, da área de marketing e vendas da Innovapack.
Outra solução, recém-lançada pela alemã Microglyph, propõe códigos “camuflados”, integrados a elementos do design gráfico das embalagens. A solução já é utilizada nas embalagens plásticas flexíveis do chocolate Milka, da Kraft Foods, na Europa.
Fonte: Revista Embalagem Marca 108
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