Esse é o tempo concedido aos empreendedores que disputam o dinheiro de fundos de investimentos e aceleradoras de start-ups. Saiba como atrair os investidores para o seu negócio
Mais de 10 mil empreendedores no Brasil disputam os investimentos bilionários dos fundos de capital de risco e de gigantes como Microsoft, Intel, Vivo e Qualcomm. Na reportagem de capa da edição 799 da DINHEIRO, assinada por Carla Jimenez, Clayton Melo e João Varella, você saberá o que move essas companhias a investir em novas start-ups e o que os empreendedores devem fazer para atrair os investidores.
Corrida contra o tempo
Em dez minutos, empreendedores brasileiros estão garantindo aportes milionários para ampliar seus negócios. Saiba qual é o caminho para encontrar sócios-investidores.
Dez minutos é um espaço de tempo relativo. Em tese, é pouco para a execução de tarefas complexas. Porém, é suficiente para um pequeno descanso que revigore uma rotina acelerada. É o prazo, por exemplo, para a pausa do café em muitas empresas. Ou ainda, o atraso tolerado pelos brasileiros para um compromisso corporativo, o que vira uma eternidade para um suíço. Nesse tempo, é possível fazer 1. 500 metros trotando, ou quatro quilômetros, no caso de um atleta profissional. Na vida de muitos empreendedores, no entanto, a ampulheta de dez minutos pode ser a fronteira para encontrar um sócio que vai injetar milhões de reais em seu negócio, e garantir a expansão de sua empresa, ou continuar no sereno.
E serão dez minutos, cronometrados, que o mineiro Leonardo
Florêncio terá, na segunda-feira 4, para convencer uma banca de
investidores que participará do evento Sebraetec, em São Paulo, a
injetar R$ 6 milhões na sua empresa de sofwares de prevenção de saúde, a
ePrimecare. Não será a primeira vez que Florêncio terá de controlar a
ansiedade para provar, contra o relógio, que vale a pena investir na
ePrimecare, baseada em Belo Horizonte, com faturamento previsto de R$ 5
milhões neste ano. No ano passado, passou pela experiência, junto a uma
banca de investidores da Associação Brasileira de Venture Capital
(Abvcap), e, anteriormente, em agosto de 2008, quando teve uma injeção
de alguns milhões de reais, que lhe permitiu multiplicar seu
faturamento.
“Faturávamos R$ 300 mil em 2008, e no ano passado faturamos R$ 2
milhões”, diz o dono da ePrimecare. Se o seu poder de persuasão estiver
afiado, Florêncio poderá garantir investimentos que vão dobrar a receita
da companhia, já em 2014. O empresário está confiante. “Já incorporei
algumas técnicas de apresentação”, diz o mineiro, formado em Medicina,
que fundou a ePrimecare em 2005, para auxiliar as empresas a gastarem
menos com a saúde dos funcionários. O sistema de gestão criado por
Florêncio permite reunir informações médicas dos empregados num banco de
dados, e assim as companhias podem cobrar a realização dos exame
preventivos. Criar ambientes propícios para que empreendedores
apresentem projetos a investidores é muito comum nos Estados Unidos, que
têm uma verdadeira indústria de fóruns de investimento.
A cultura americana para os negócios – e a proposta de vender uma
ideia em um curto espaço de tempo – tem até variações de formatos, como o
Elevator Speech, cujo desafio do interlocutor é convencer um executivo,
durante o tempo de uma viagem de elevador, que vale a pena marcar uma
hora em sua agenda para ouvir detalhes sobre uma ideia de negócio. Há,
também, as reuniões de três minutos com os donos do capital. O
empresário Ricardo Bellini, de São Paulo, por exemplo, tornou famosa a
história de que convenceu, em apenas três minutos, o bilionário Donald
Trump a apostar num complexo imobiliário, que seria construído em
Itatiba, no interior paulista.
Bellini teria apresentado a ideia, como não se cansa de repetir,
quando visitou o topetudo magnata em seu escritório, em Nova York, dez
anos atrás. Depois de idas e vindas, o negócio não saiu do papel, mas o
empresário brasileiro capitalizou o episódio, escrevendo o livro 3
Minutos para o Sucesso. Como Vender sua Ideia com o Verdadeiro Aprendiz.
No Brasil, a estabilidade da moeda e a redução de juros gerou um
terreno fértil para encontros entre compradores e vendedores de ideias
inovadoras (leia a reportagem "Os aceleradores de empresas").
“O investidor busca alternativas que garantam um ganho superior aos
papéis de renda fixa”, diz Clovis Meurer, presidente da Abvcap.
“Por isso fazemos esse papel de ‘cupido’ entre as duas pontas.” Só
neste ano, a entidade terá seis encontros, o mais importante, em abril,
para o qual as inscrições estão abertas até o próximo dia 22. E, assim
como as conquistas amorosas demandam um tempo de namoro até chegar a
subir ao altar, no mundo do venture capital é preciso paciência para
fechar uma sociedade. O gaúcho Ricardo Felizzola, sócio da empresa
Altus, participou de um fórum da Abvcap em julho do ano passado, e desde
então vem conversando com investidores para garantir uma rodada de
capitalização para a companhia, que fabrica equipamentos para automação
industrial. A Altus nasceu numa incubadora da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS), em 1982.
Dez anos depois, ganhou um aporte do BNDESpar. Em 2007, uma nova
capitalização foi feita pelo banco estatal, no valor de R$ 12 milhões,
garantindo o crescimento anual de 25% de seu faturamento desde então. Em
2012, a Altus faturou R$ 112 milhões. “Antigamente, a riqueza estava na
descoberta de terras, de petróleo”, diz Felizzola. “Hoje a inovação é o
valor infinito do futuro.” Explicar, durante uma sabatina de
dez minutos, o valor de uma inovação, e seu potencial de retorno, requer
prática e habilidade. Não por acaso, entidades que promovem encontros,
como a Abvcap ou a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que
patrocina o Seed Forum, fazem uma pré-seleção de empreendedores que
passarão pela banca dos investidores, e os submetem a um treinamento
para afinar o discurso diante da plateia.
Expor o plano de negócios, mostrar o potencial de mercado, mantendo
um tom seguro diante da plateia, exige algumas horas de treino na
frente do espelho, com um cronômetro ao lado (leia o quadro abaixo “Dez
dicas para atrair um sócio”). O empresário Bernardo Castro, de
Florianópolis, dono da Arvus, que fabrica equipamentos de precisão para a
agricultura e faturou R$ 10 milhões em 2012 – 80 % a mais do que em
2011 – , também passou por um fórum da Abvcap no ano passado. Castro
explica que o grande desafio nesses encontros é escolher as palavras
certas para dizer, sucintamente, o que seria possível contar ao longo de
duas horas.
“É preciso aprender a pensar diferente”, diz Castro. “É importante,
por exemplo, dar detalhes estratégicos do negócio, mas não contar tudo,
deixando alguma dúvida no ar, para ser procurado depois pelos
interessados.” Mais uma prova de que a atração de capital segue alguns
rituais das conquistas afetivas. Depois de ser pedido em casamento,
entretanto, o empreendedor deve estar disposto a cumprir outros
requisitos importantes. É preciso abrir espaço para um sócio que vai
interferir na gestão da companhia, e inserir procedimentos que,
normalmente, não eram adotados.
Todos os passos serão auditados, as contas serão abertas, e a
cobrança por resultados será muito maior. Até mesmo a contratação de
novos funcionários terá o dedo do novo sócio. “Selecionamos nosso
diretor-financeiro em conjunto com nosso parceiro”, diz Gustavo Vieira,
sócio de Bernardo Castro, na Arvus, que recebeu um aporte do fundo
Criatec, do BNDES, há dois anos, em outro fórum. “É olhar para a sua
empresa sem apego.” Segundo João Marcelo Eboli, diretor do fundo de
venture capital CRP, de Porto Alegre, há casos de empresários que tratam
suas empresas mais como filhas do que como um negócio, e isso dificulta
o entendimento. “Precisamos estar alinhados com o empreendedor”, diz
Eboli.
O Sul do País tem sido um celeiro importante de negócios
inovadores, como a Aquiris, empresa de games virtuais, fundada em 2006,
que já chamou a atenção de um parceiro americano para a distribuição dos
seus jogos mundo afora. Instalada no Parque Tecnológico da PUC do Rio
Grande do Sul, a empresa, que emprega 31 funcionários, faturou cerca de
R$ 3 milhões em 2012, 22% a mais do que em 2011.Os sócios já passaram
pelo funil da banca de investidores e agora tentam captar R$ 2,5
milhões. “É suficiente para garantirmos a estrutura de distribuição e
suporte no Brasil, e ainda lançar novos jogos”, diz Sandro Manfredini,
diretor comercial da Aquiris, que já está em conversas com alguns
fundos. Agora, só falta casar de papel passado.
Os aceleradores de start-ups
Quem são, o que pensam e o que querem os empresários que injetam milhões de reais em novas empresas digitais.
Em 1994, o universitário carioca Yuri Gitahy e três colegas da faculdade
de ciência da computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG )
reuniram suas economias pessoais para montar uma start-up. Eles tinham
cerca de 20 anos e viviam numa época muito diferente da atual. A
internet comercial, tal como a conhecemos hoje, nem havia sido lançada
no Brasil – ela só entrou em operação no ano seguinte – e o próprio
termo start-up, hoje usado para descrever empresas iniciantes de
tecnologia, passava longe do vocabulário de negócios no País. Por essas e
outras razões, o empreendimento de Gitahy e seus amigos era uma ousadia
para a época.
Eles pretendiam vender, por meio de disquetes, conteúdo que
explicava como funcionava essa tal internet, que já existia em outros
países, como os EUA, e conectava as pessoas a uma rede global, à época,
diga-se, nem tão global assim. O nome escolhido remetia à nova mídia que
logo chegaria aqui: Web. Mas, justamente por essa razão, o Comitê
Gestor da Internet (CGI), órgão que regula a concessão de domínios
virtuais no Brasil, tirou deles o endereço web.com.br, pois poderia
confundir os internautas. No entanto, no momento em que a empresa
buscava musculatura, a popularização do CD-ROM, na segunda metade dos
anos 1990, representou um duro baque no mercado do disquete e foi fatal
para a Web, que fechou as portas algum tempo depois.
“O importante é que, do meu ponto de vista, a empresa deu certo,
pois não tivemos prejuízo”, diz Gitahy, com ar nostálgico e alegre.
Nessa jornada, ele se tornou um pioneiro da internet no Brasil e
adquiriu o gosto pelo empreendedorismo digital, algo que o fez pensar em
novas investidas. Depois da Web, Gitahy trabalhou em diferentes
empresas de tecnologia e, em 2008, começou a ajudar pequenos
empreendedores digitais. “Dei consultoria gratuita por gostar de
tecnologia, até que tive uma ideia: por que não acelerar os negócios
desse pessoal?”
Surgia ali sua nova empresa, cujo nome veio quase instantaneamente à
sua cabeça: Aceleradora. Foi assim que, em 2010, Gitahy foi um dos
primeiros a iniciar no Brasil uma onda de criação de aceleradoras, o
modo como são chamadas as empresas que, por meio de investimentos e
suporte às áreas de gestão e negócios, auxiliam as start-ups a alçar
voos maiores. As aceleradoras são uma espécie de versão mais nervosa das
incubadoras. Elas dão casa, comida e roupa lavada para as start-ups, o
que na prática significa contar com infraestrutura, uma boa rede de
contatos, orientação e dinheiro.
Enquanto as incubadoras gestam projetos de médio e longo prazo, sem
ambicionarem retorno financeiro rápido, os aceleradores de negócios
geralmente adquirem uma pequena participação societária nas start-ups.
E, com a injeção de recursos, esperam impulsionar logo a expansão e
recuperar o capital investido em poucos meses – e numa quantia muito
superior à aplicada. “As aceleradoras geralmente têm interesse em vender
logo o capital para fundos de investimento”, afirma Gitahy, que também é
diretor da Associação Brasileira de Startups (AB Startups). O apetite
por negócios está aguçado. Existem hoje no País mais de 20 aceleradoras,
e espera-se que esse número dobre até o fim do ano.
PÉ NA TÁBUA O boom de aceleradoras é um reflexo do
aquecimento do mercado de internet e tecnologia no País. Atualmente,
segundo estimativa da AB Startups, há cerca de dez mil pequenas empresas
digitais em atividade. E isso, por sua vez, se deve à expansão dos
investimentos de risco no Brasil. Segundo dados do Centro de Estudos em
Private Equity e Venture Capital (GVcepe), da FGV-Eaesp, o volume de
capital aplicado em empresas iniciantes com base tecnológica tem
crescido mais de 50% ao ano, desde 2005. Os dados disponíveis mais
recentes são de 2009 e dão conta de que os fundos investiram R$ 6,2
bilhões em companhias brasileiras.
Cerca de 15% desse valor – ou quase R$ 1 bilhão – foi destinado a
start-ups. Esses quatro anos de defasagem nos dados, porém, são uma
verdadeira eternidade no mundo da tecnologia, o que sugere que o volume
hoje seja muito maior. A velocidade das aceleradoras tende a aumentar
ainda mais, pois as grandes empresas de tecnologia estão de olho no
mercado digital. O grupo Telefônica é um dos casos mais emblemáticos. Em
2011, a companhia espanhola criou a aceleradora Wayra, que hoje conta
com filiais em 13 países, incluindo o Brasil. Na versão local dessa
divisão de negócios, em São Paulo, foram investidos R$ 200 milhões.
“Além dos recursos financeiros, os empreendedores têm acesso aos
executivos da companhia”, afirma Antonio Carlos Valente, presidente da
Telefônica/Vivo no Brasil. “Isso não é mensurável, mas tem um valor
imenso para o desenvolvimento de uma nova empresa.” Na visão de Valente,
a operadora se beneficia da sinergia com as start-ups de maneira
direta, como no desenvolvimento de tecnologias que podem ser usadas pela
operadora. “Além disso, as empresas aceleradas usam estrutura de
tecnologia de comunicação, que é o negócio da Vivo.” Entre as 16
start-ups apoiadas, há empresas ligadas a educação, comércio eletrônico,
acessibilidade e web móvel.
Outra gigante que em breve fará parte do time das aceleradoras é a
Microsoft. A dona do Windows inaugura neste ano na capital fluminense a
Acelera Rio, que promove sua seleção de empresas após o Carnaval. “A
Microsoft tem um histórico de apoio a empresas de tecnologia, mas é a
primeira vez no mundo que atuará como aceleradora”, diz Franklin Luzes,
COO da Microsoft Participações. No total, a companhia pretende investir
R$ 200 milhões em incentivo à inovação no Brasil em 2013. O
grupo de estrelas da tecnologia que investem em empresas iniciantes no
Brasil conta com outros representantes, como as americanas Intel e
Qualcomm e a brasileira Buscapé.
Embora não atuem exatamente como aceleradoras, no sentido clássico,
elas têm em comum o fato de que investem em start-ups para, em
contrapartida, se beneficiarem de suas inovações. Para isso, criaram
concursos que selecionam projetos de empreendedores, que recebem
dinheiro e, em alguns casos, coaching para seus líderes. Para citar
alguns exemplos, há o Sua Ideia Vale um Milhão, do Buscapé, o QPrize, da
Qualcomm, e o pioneiro Desafio Brasil, da Intel, que em 2013 chegará à
oitava edição. A fabricante de chips conta também com um braço de
investimentos na área digital, o Intel Capital, que destinou US$ 75
milhões a 25 empresas brasileiras desde 1999.
ALIANÇA COM A ACADEMIA Não são apenas as grandes
companhias do setor tecnológico que se valem de concursos para pinçar
projetos promissores. Empresas como a Aceleratech, de São Paulo, também
optaram por esse sistema. O que difere essa aceleradora, no entanto, é o
fato de ela ser fruto de uma parceria entre um clube privado de
investidores, muitos dos quais do Vale do Silício e da Alemanha, e uma
instituição de ensino – no caso, a Escola Superior de Propaganda e
Marketing (ESPM). Os sócios-fundadores, que fizeram a articulação entre
os investidores e a universidade, são dois empreendedores digitais
brasileiros que se tornaram investidores: Mike Ajnsztajn e Pedro
Waengertner.
“O setor de start-ups está movimentado no Brasil, mas os
empreendedores, na maioria das vezes, não têm a experiência necessária
para montar um bom projeto”, afirma Ajnsztajn, sócio da Aceleratech.
“Por isso resolvemos montar uma aceleradora que reunisse a experiência
de empreendedores, investidores e a academia”, afirma Waengertner. O
sistema funciona da seguinte forma: houve um processo de seleção no fim
do ano passado, com a inscrição dos candidatos pelo site da aceleradora –
foram 312 inscrições. Dessa peneira, feita a partir de um extenso
formulário respondido via internet, restaram 32 projetos, cujos
idealizadores fizeram apresentações de sete minutos – sim, sete, nem
mais nem menos – perante uma banca de profissionais do mercado digital e
da ESPM.
Desses, ficaram 11, que passam no momento por um processo de
“mentoria”, como se diz no jargão, com aulas e acompanhamento de um
grupo de notáveis da área digital, como Julio Vasconcelos, CEO do Peixe
Urbano, e Paulo Humberg, sócio da aceleradora A5 Investimentos. “A ideia
é que esse processo funcione quase como um mini-MBA para o
empreendedor”, afirma Ajnsztajn. O gran finale da edição inaugural da
Aceleratech acontecerá em maio, quando os 11 selecionados mostrarão,
diante de uma plateia composta por investidores, o seu projeto
aperfeiçoado. Não haverá um vencedor. A ideia é que eles apresentem
modelos de negócios bem-acabados, capazes de seduzir os investidores,
que podem ou não pertencer ao rol da Aceleratech.
Um dos notáveis que assessoram os novos empreendedores da
Aceleratech, o empresário Paulo Humberg, da A5 Investimentos, conhece de
perto todas as fases do mercado digital brasileiro. Ele participou dos
primeiros momentos do setor, ao fundar em 1999 o Lokau, o primeiro site
de leilões virtuais do País. Depois enfrentou a travessia do deserto
iniciada com o estouro da bolha pontocom, no ano 2000. Com a retomada
dos investimentos no setor, por volta de 2004, tornou-se
investidor-anjo. Hoje, atuando de fato como um acelerador, ele apoia
oito empresas. Entre elas há start-ups em estágios iniciais, como o
Mercado Etc, uma loja virtual de produtos ligados à economia criativa, e
empresas já bem posicionadas, como o site de compras coletivas Click
On.
Nos últimos três anos, diz Humberg, as start-ups atraíram verbas
robustas de fundos internacionais em razão da crise mundial. “Os fundos
viram que o Brasil estava bem e resolveram apostar no setor digital
daqui”, afirma. “Assim, as aceleradoras foram favorecidas, pois o
momento estava propício para sociedades com esses fundos.” Hoje, porém, a
situação mudou. Com a retomada na economia americana, os radares se
voltaram novamente para o maior mercado do mundo. “Não está mais tão
fácil conseguir dinheiro com eles para novos projetos”, diz Humberg. O
outro lado da moeda é que o ambiente de negócios no País se fortaleceu
nos últimos anos, o que estimula a formação de fundos ou aceleradoras
nacionais. Um exemplo é a S_Kull, que acabou de contratar o executivo
Bob Wollheim, um dos pioneiros da internet brasileira, para o posto de
CEO.
“Os investidores brasileiros devem ser o motor de crescimento da área digital a partir de agora”, diz Humberg.
Além do reforço do capital nacional, o bom momento do consumo interno
joga a favor, e por isso o empresário planeja acelerar mais 15 empresas
neste ano. Entre as áreas nas quais ele está de olho estão comércio
eletrônico, finanças, saúde e projetos que aliem tecnologia e
publicidade. Sobre o perfil dos projetos, Humberg manda um recado para
os candidatos: “Não basta ter apenas boas ideias, pois isso é o que mais
existe por aí”, diz. “O que procuro é alguém que me traga um Power
Point bem detalhado, com explicação de por que aquela ideia é
pertinente, quais são os concorrentes potenciais, público-alvo definido e
uma proposta de modelo de negócios.” Alguém se candidata?
Fonte: Istoé Dinheiro
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