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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Design Thinking e a criatividade organizacional

Neste artigo é discuitido o papel das novas ferramentas de gestão e, principalmente, o Design Thinking como instrumento para o desenvolvimento de inovações nas organizações.

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A gestão empresarial vive intoxicada com novas ferramentas e muitas delas sugerem ser as panacéias para todos os males organizacionais. Algumas novidades chegam causando um forte impacto na mídia e na academia e depois de algum tempo desaparecem como se não tivessem existido. Fernando Prestes Motta escreveu um interessante artigo com o título "Antropofagia Organizacional" em que ironiza a assimilação dos países periféricos das novidades produzidas em Harvard e congêneres. Motta mostra que a nossa vocação colonial ainda está presente na academia e tudo que é produzido na "matriz" é definitivo e deve ser aplicado nas organizações brasileiras. Interessante é que muitas delas não são aplicadas nem mesmo no país de origem.

Mas nas últimas décadas não tem sido apenas as inovações e ferramentas de gestão produzidas em Harvard que tem encantado os gestores brasileiros. Os japoneses, a partir da emblemática Teoria Z de Willian Ouchi, enaltecendo o modelo do sol nascente, fizeram chegar até nós práticas toyotistas como a multifuncionalidade, gestão participativa, kam bam, Just-in-time, 5S entre outras.

E funcionam? Essa é a pergunta que não quer calar. Em matéria de gestão todos sabemos que nada é absoluto, nem para sempre. O mundo muda, a economia caminha num percurso mais de irracionalidade do que racionalidade, as culturas se transformam, incorporando crenças e valores exóticos, as pessoas não são estáticas e as organizações são extremamente vulneráveis às transformações ambientais.

Mais recentemente surgiram novas ferramentas que prometem solucionar todas as agruras nas quais vivem os administradores. Uma delas, escopo desta matéria, é o Design Thinking. O nome da ferramenta é desafiador, provocativo, inovador, intrigante e complexo. Afinal como ensinar as pessoas a pensarem criativamente? Evidentemente essa é a parte mais difícil do jogo, pois as pessoas são o resultado de um mundo repleto de repressões, bloqueios, inibições que deixo para Freud explicar.

O princípio do Design Thinking é utilizar o modus operandus do Designer, que nada mais é do que um projetista que utiliza a imaginação criadora para buscar a estética e a viabilidade técnica através do conhecimento tecnológico de construção e aplicação no desenvolvimento de máquinas, automóveis, eletrodomésticos e outros produtos de consumo, duráveis ou não. O arquiteto ao construir casas ou edifícios, também aplica esse princípio, pois utiliza a imaginação criadora para elaborar projetos que vão atender os futuros usuários, não apenas no quesito utilização racional do espaço, circulação, conforto, mas também no que se refere à estética da construção. O arquiteto Niemeyer, por exemplo, ao projetar o complexo arquitetônico do Congresso Nacional, buscou em elementos ideológicos como a supremacia do povo nos estados modernos para concebê-lo.

Infelizmente esse sonho ficou apenas na sua intenção. Também o músico, ao criar uma nova composição, utiliza-se do conhecimento técnico da teoria musical, como a harmonia, ritmo, escalas, o próprio conhecimento e habilidade em executar um instrumento e a imaginação criadora, para gerar a melodia. Essa precisa ter um significado afetivo, simbólico e cultural (elementos ligados à sua cultura).

Ninguém cria a partir do nada. O designer ou o arquiteto, como os cientistas também vão pesquisar para descobrir os sonhos e as necessidades dos usuários para criar coisas que façam sentido para eles, tanto no plano simbólico – que faça sentido em termos de valores e crenças - como também no plano prático como conforto, usabilidade, amigabilidade. Para isso, o instrumento de pesquisa é de natureza etnográfica, método desenvolvido pelos antropológicos, como Malinovski, nos estudos de povos de culturas distantes. Essa técnica de pesquisa envolve a vivência do projetista com os usuários ou consumidores, conhecendo seus desejos, necessidades, comportamentos, expectativas, sonhos, valores etc, filmando, conversando, entrevistando, documentando, resgatando fotografias antigas, cartas, objetos etc.

Outro elemento importante dessa ferramenta é a construção de protótipos, ou a prototipagem, após o projetista dar asas à imaginação. Nenhuma idéia é descartada antes da tentativa de sua modelagem através de protótipos. Os protótipos são testados, corrigindo-se as possíveis incorreções e ajustados às necessidades dos usuários ou consumidores, lembrando sempre que o projeto deve estar voltado para as pessoas, atendendo aos seus sonhos, expectativas e necessidades funcionais e estéticas. Assim, depois de testado e comprovado o modelo vai para a linha de produção ou aplicação prática.

Algumas organizações já estão colocando em prática essa ferramenta de geração de inovações radicais, pois não se busca, através dela, apenas melhorias nos produtos, mas profundas modificações em termos de funcionalidade, sustentabilidade e economia. Parece quem nem todas as "invenções" que chegam do Tio San são condenadas ao esquecimento. Algumas vingam e esperamos que essa seja uma daquelas que veio para ficar e contribuir para as empresas se tornarem mais eficientes, gerarem produtos de melhor qualidade e, sobretudo sustentáveis. Afinal, um design inteligente deve levar em conta utilização dos recursos sem perder de vista as próximas gerações.

 Fonte: Administradores

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