Tecnologia poderia ser usada para devolver movimento e sensibilidade em pacientes tetraplégicos
Utilizando apenas os impulsos elétricos do cérebro macacos conseguiram controlar uma mão avatar e sentir a textura de objetos virtuais
Imagine poder sentir um objeto sem mover as mãos – apenas pensando? Parece ficção cientística, mas já foi feito.
Utilizando apenas os impulsos elétricos do cérebro, e sem mexer um músculo do corpo, macacos conseguiram controlar uma mão avatar e sentir a textura de objetos virtuais.
Esta é a primeira vez que cientistas conseguem criar a chamada interface cérebro-máquina-cérebro em primatas – e ela poderia ser usada para devolver movimento e sensibilidade a pacientes tetraplégicos.
A equipe responsável pelo feito foi liderada pelo brasileiro Miguel Nicolelis, Dr. na Universidade de Duke, nos Estados Unidos. O chamado link bidirecional direto entre o cérebro e o corpo virtual foi descrito na edição de ontem da revista científica Nature.
Dois macacos treinados aprenderam a usar a atividade elétrica de seu cérebro para controlar as mãos virtuais e passá-las na superfície de objetos também virtuais. Os animais conseguiram identificar as texturas, expressadas em um padrão de minúsculos sinais elétricos transmitidos ao cérebro.
Duas mãos
O sistema funciona como uma via de duas mãos. Sensores colocados no cérebro do macaco usam a atividade elétrica de 50 a 200 neurônios da região do córtex motor para controlar o movimento do braço virtual. Por outro lado, milhares de neurônios em outra região do córtex recebem, por meio de outro sensor, sinais elétricos enviados pelas mãos virtuais.
O feedback tátil é recebido sem que o animal mova seus braços de verdade, mais ou menos como se houvesse um segundo canal sensorial em ação. Por isso, os cientistas acreditam que podem usar a tecnologia em pessoas paraplégicas ou tetraplégicas.
Pacientes tetraplégicos poderiam usar uma espécie de exoesqueleto mecânico, e controlar o movimento de seus braços e pernas com o cérebro. Além disso, sensores no esqueleto robótico dariam feedback ao cérebro, permitindo sentir texturas nas mãos, pernas, pés..
O projeto Walk Again, um consórcio internacional sem fins lucrativos, já está investindo na ideia de devolver movimento a pacientes com danos na medula por meio de uma interface como essa e um exoesqueleto. Cientistas brasileiros, americanos, suíços e alemães pretende realizar uma demonstração de tal sistema na abertura da Copa do Mundo 2014 no Brasil.
Fonte: Exame
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