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domingo, 16 de outubro de 2011

Marcas devem contar histórias no PDV para atrair clientes

Loja da Fast Shop
Na busca por encantar o consumidor, o design tem um papel fundamental e permite aguçar todos os sentidos, muito além da visão, criando sensações de bem estar
Contar histórias nos pontos de venda para envolver os consumidores. Esse é o caminho que vem sendo utilizado por marcas em todo o mundo para destacar suas lojas físicas em um cenário cada vez mais competitivo, especialmente com o crescimento do varejo eletrônico.

Na busca por encantar o shopper, o design tem um papel fundamental e permite aguçar todos os sentidos, muito além da visão, criando sensações de bem estar.
“A internet torna o varejo mais competitivo. Por que ir até a loja? Ela precisa criticamente inovar mais do que antes, trazer um diferencial e criar uma relação. O design deve atrair mais”, diz Nelly Sitbon, sócia da agência francesa Chasseurs d’Influences, especializada em desenvolvimento de imagem.

Em Lyon, uma das maiores cidades da França e que atrai grande número de turistas, a câmara de comércio realiza um concurso anual, chamado Lyon Shop & Design, que premia as cinco lojas locais que unem da melhor maneira o visual ao comércio, com o objetivo de aquecer o mercado e embelezar as ruas.

Este ano, os vencedores escolhidos mostraram decoração inovadora e técnicas de sucesso para atrair shoppers.

Fábrica de chocolate

A chocolateria Chokola, por exemplo, trouxe como novidade uma ambientação completamente baseada em uma fábrica de chocolate e acabou virando uma espécie de atração turística local, proporcionando uma real experiência ao comprador. Até os canos no teto são feitos de materiais que parecem levar o produto por toda a loja, além da presença de uma cascata de chocolate.

O ateliê de produção é completamente aberto e funcionários explicam o processo por meio de uma abordagem lúdica. Uma estante feita de tabletes de chocolate também decora a loja, além de um balcão que mostra as criações antigas e renomadas da empresa dentro de ampolas de vidro, como os marshmallows e caramelos vintage.

“Uma das estratégias mais importantes é realmente contar a história da marca por meio do design da loja, pode ser pela decoração ou pela disposição de produtos antigos e notáveis.

O shopper tem que ser levado a entrar na identidade da empresa, estando tudo disposto com coerência”, diz Nelly, que veio ao país para participar do Sim Varejo – Seminário Internacional do marketing no varejo, promovido pelo Popai Brasil, em São Paulo, entre os dias 4 e 5.

Tradução da identidade da marca

Os lemas e valores, ou aquela característica única da empresa, que ela quer reforçar, devem estar presentes em forma de design no ponto de venda. “A identidade da marca precisa estar muito clara na loja, e também em todas as formas de apresentação”, diz Nelly.
Um exemplo de marca que fez isso no Brasil foi a Asics, que recentemente inaugurou uma loja conceito em São Paulo, com a decoração das vitrines seguindo o visual das peças gráficas dos tênis, conectadas ainda a um vídeo wall que mostra imagens dos produtos e explica suas características.

Outra loja que fez sucesso no concurso francês, graças à habilidade de traduzir seu conceito no ambiente, foi a Pas de Printemps pour Marnie. O nome da loja de sapatos é o título em francês do filme “Marnie”, de Hitchcock, e o visual da loja dá continuidade ao conceito já expresso no título.

Da iluminação aos móveis do estabelecimento, o clima remete ao suspense e elegância típicos dos filmes do diretor inglês, com espaços monocromáticos e objetos dos anos 1950. “O ideal é definir um ponto chave para nortear o estilo de toda a ambientação da loja”, diz Nelly.

Experiência sensorial

Uma estratégia para se sobrepor à concorrência é utilizar meios que agradem a todos os sentidos do cliente, e não só o visual, no ponto de venda. “O design não é só para os olhos, mas também para o tato, a audição e todos os outros sentidos, que estimulados em conjunto criam um verdadeiro sentimento”, conta Nelly.

Algumas marcas brasileiras têm apostado no poder do marketing olfativo para incrementar as vendas, oferecendo perfumes com o aroma característico da loja. A estratégia funciona mais para criar uma ambientação prazerosa para o shopper e estimular o bem estar dos consumidores.

Este ano, a M&M’s, marca da Mars que costuma fazer ações ousadas de marketing, criou uma megastore em Londres que pretende levar o ponto de venda a outro nível.

Lançada com o conceito “Sensações doces para fãs de chocolate”, o local tem o cheiro do produto no ar. O estabelecimento também brinca com o visitante em outros sentidos, com performances de animadores fantasiados das mascotes da marca e ações interativas, como um local onde os clientes podem criar seu próprio M&M’s customizado, escolhendo as cores e sabores.

É preciso, é claro, saber o público-alvo e criar algo especial para ele, escolhendo entre técnicas intimistas e de relacionamento próximo ou usar a maior quantidade de atrativos possível.

Sinta-se em casa

Seguindo a ideia de competir com a praticidade das compras pela internet, algumas marcas também oferecem “mimos” para os consumidores em seus pontos de venda. É o caso do projeto Carrefour Planet, já inaugurado pela rede de hipermercados na França, Espanha e Bélgica e com planos de outros 500 a serem construídos na Europa até 2013.

A remodelação das lojas consistirá em tornar o ambiente mais amigável, confortável e aconchegante. Em uma área, profissionais ensinam a cozinhar e demonstram receitas. Já no setor de produtos de beleza, o cliente conta com especialistas dando dicas e até rápidas “transformações” em termos de maquiagem e cabelos.

Para as mulheres grávidas, funcionários carregam as compras e pediatras estão disponíveis para conselhos. Além disso, há uma área dedicada somente ao lazer, com tablets, e-books e TVs em 3D disponíveis para uso.

Outra estratégia do Carrefour Planet é organizar eventos especiais no local, como exibições, workshops e festas surpresa a cada duas semanas, que incluirão até sessões de massagem. A rede aposta nos eventos temáticos, como para o Dia das Mães, com o objetivo de fazer os consumidores voltarem.

Conexão com o site

Apesar dos esforços em atrativos para o ponto de venda, não dá para esquecer as formas de apresentação da marca no meio digital. “Para o sucesso ser absoluto, todos os pontos de contato devem estar alinhados, como no site ou em fan pages do Facebook”, diz Nelly.
O tema básico do ambiente nos pontos de venda deve se relacionar com o design do site. A identidade da empresa, ou de um lançamento que ela queira reforçar, deve estar complementado no meio digital e no físico. Uma marca que fez isso recentemente foi a Olympikus, com o lançamento da linha MOV.

Seguindo o conceito da ação de divulgação dos tênis, que era de elasticidade, a empresa criou um site em que o usuário poderia “torcer e girar” o conteúdo.

“O visual do ponto físico e o layout do site devem ser desenhados da mesma maneira. A identidade principal precisa estar presente nos dois para que haja uma comunicação e que um até faça a divulgação do outro, assim eles podem se fortalecer juntos”, diz Nelly.

Fonte: Exame

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